quinta-feira, 8 de agosto de 2019

"Aquele médium não tem Guia" - xiiii

Bom dia povo do Axé. 

A postagem de hoje é sobre uma situação que acontece em vários terreiros e, por mais que possa parecer algo simples de lidar, o resultado muitas vezes acaba sendo muito pior do que imaginamos. 

Estamos falando daquele médium que tem a curiosa mania de apontar para os seus irmãos de fé e dizer "fulano não tem guia" ou "eu tenho visão e ali não tem guia nenhum". Sim, estamos falando do médium tagarela sem ética e inseguro. Aquele médium que se acha a última bolacha do pacote, mas nada mais é do que um bebê engatinhando pra trás com a Espiritualidade.

A primeira coisa que temos que analisar é o simples fato de que NÃO EXISTE como provar que alguém está ou não incorporado. Se alguém diz que "tem visão" para enxergar os espíritos, qual a prova que temos que ele está falando a verdade ou mentindo tanto quanto a pessoa que ele acusa de estar mistificando? Nenhuma, simplesmente porque tudo relacionado a fé, não se prova. Ou se tem fé ou não se tem fé. E quando alguém alega categoricamente que fulano "não tem guia", esse tagarela está entrando e também causando o que chamamos de desequilíbrio da Fé, que mexe com nada mais nada menos do que as forças de Oxalá, o regente da Umbanda. Então, amigo e/ou amiga tagarela, reveja seu posicionamento pois quando você aponta o dedo para alguém que está em processo de incorporação, você está apontando o dedo para o nariz de Oxalá.

Eu tenho um teste bastante simples que identifica se um médium tem mesmo essa tal visão mediúnica e também se trabalha 100% inconsciente, e posso garantir que não existe médium com essa mega visão hoje perto de mim. Leiam bem, NÃO EXISTE ISSO!!!!!! Já fiz o teste e confirmou o que eu já suspeitava, então posso garantir que o médium que garante que vê tudo e todos lá do "outro lado" ou fala muita groselha, ou é inseguro. 

Mas como assim, Sergio? Inseguro porque? Resposta simples... todo médium é uma pessoa (dãr, jura?) e existem pessoas que são seguras de si e pessoas que são inseguras. As pessoas que julgam as outras como esporte são, via de regra, extremamente inseguras, e usam esse artifício para se destacarem. A pessoa não consegue méritos para si devido suas atitudes, então decide diminuir os outros para que desta forma fique "acima". Ou seja, é uma pessoa boba, infantil.

Reparem que as pessoas que se colocam nessa posição de "novos Chico Xavier" são geralmente médiuns novos na religião (ou seja, não possuem a experiência necessária para seu crescimento) ou médiuns "pajeados"por alguém (marido e mulher, namorados, pais e filhos, etc) e bastante mimado. 

A dica que quero deixar é simples: se você está em uma Casa Santa para praticar a Caridade, então comece com quem está ao seu lado. Não julgue seu irmão, não o acuse de coisas que você NUNCA conseguirá provar. Se preocupe em ser uma pessoa melhor, pois somente assim você será um médium melhor, e todo médium bom sabe que quem julga é Deus e os Orixás, não nós, seres falhos feitos de carne e pouca fé.

Axé irmãos.





















Abertura de Novos Terreiros

Olá pessoas do Axé. Depois de um tempo parado (MUITAS coisas sendo resolvidas), decidi voltar a postar alguns textos neste blog. O tema hoje é algo que vejo acontecer de forma bastante recorrente, que é a abertura de um terreiro de Umbanda. 

Estamos passando por um momento onde terreiros são abertos como se abre uma pastelaria, onde se não der certo é fechado e parte para um novo empreendimento. O problema é que a carga de responsabilidade em se abrir uma Casa Santa é MUITO maior do que se pensa, e não dá pra simplesmente abrir e fechar se der errado.

Eu já pensei em abrir um terreiro? Claro... muitas vezes, aliás, mas aí eu lembro de todas as responsabilidade que eu teria que ter querendo ou não, e acabo desistindo, afinal de contas temos que ser honestos com nossas vontades e limitações. Eu até falo a respeito de eventualmente ter um chão pra receber os Guias e praticar minha forma de Caridade, mas fica mais naquele papo de bar do que em ações práticas. 

O que me deixa assustado é quando essas ideias mirabolantes acabam se tornando verdade. Atualmente eu trabalho na Tenda de Umbanda Ogum Beira Mar em Jacareí. Essa cidade é pequena (tem algo em torno de 180 mil habitantes) e mesmo assim existem cerca de 200 terreiros de Umbanda. Quando analisamos o perfil desses terreiros, vemos que menos de 1/3 deles são antigos e/ou dirigidos por médiuns experientes, com a devida caminhada na religião que chancela seu sacerdócio. A maioria avassaladora dos terreiros são novos e dirigidos por pessoas de muita boa vontade, sim, mas sem nenhuma experiência que justifique abrir uma Casa Santa.

Se antigamente os terreiros trabalhavam de uma forma bastante similar, o que vemos hoje é uma imensidão de casas agindo de forma diferente, o que denota que via de regra o que leva uma pessoa a abrir seu terreiro não é a vontade de praticar a Caridade, mas uma discordância com o antigo Pai ou Mãe de Santo. Analisem se não é verdade isso... a pessoa trabalha em um terreiro em que a Mãe de Santo fala determinada coisa. O médium não concorda com essa coisa e ao invés de tentar entender o que porque daquilo ou argumentar de uma forma a chegar em um denominador comum, decide se afastar e abrir seu próprio terreiro.

Só que o médium TÃÃÃOOO inteligente não consegue entender que a sua Mãe de Santo ou Pai de Santo passou por muita coisa pra chegar naquela conclusão, e não pegou aquilo em livros ou no Pai Google de Aruanda. Aí o médium fulo da vida abre seu Terreiro baseado em que? Na Caridade? Não... baseado na FALTA DE HUMILDADE em ter se negado a escutar os mais experientes. Ou seja, abre tudo menos uma Casa Santa, e aí começa seu declínio, porque todos sabemos que o que derruba o médium é a vaidade.

Só que não para por aí. O que é ruim pode ficar sempre pior. Esse novo pai de santo (com letra minúscula mesmo) antes de abrir seu terreiro (também com letra minúscula) começa a denegrir a imagem do seu antigo Pai ou Mãe de Santo para os seus filhos, pincelando situações pontuais e fazendo tudo que NÃO se espera de um umbandista, que é ser o COVARDE que age pelas costas. Isso faz com que o novo pai de santo (ainda com letra minúscula) se cerque de bons médiuns ou de pessoas influenciáveis e problemáticas? Reparem que que aceita essa situação ou é novo na religião (ou seja, acredita até na magia do Saci Pererê) ou está passando por algum problema relativamente grave. 

Como a Espiritualidade vê essa situação? Com bons olhos? Claro que não. A Espiritualidade Amiga, aquela de alta vibração que acompanha toda Casa Santa, não vai simplesmente aceitar algo construído na intriga, na mentira, na falta de humildade. Os Guias de Luz não aceitam isso, então adivinhem quem vai trabalhar nesse terreiro (ainda em minúsculo heim) novo? Vocês podem imaginar... começa com K e termina com "umba".

Mas Sergio, então quer dizer que não podemos abrir um terreiro novo? É errado? Claro que não... aliás, muito pelo contrário. Todo Terreiro (agora, sim, com letra maiúscula) é mais um local de atendimento caridoso. Mas pra fazer isso a pessoa tem que ter experiência (10 anos ali na lida diária com a Espiritualidade é uma referência de tempo); tem que estar assessorada por outros umbandistas (kardecista entende de Espiritismo e candomblecista de Candomblé); tem que fazer todo o ritual para o sacerdócio (vou explicar em outro texto do que se trata) e, acima de tudo, tem que ser humilde para conversar com seu Pai ou Mãe de Santo e receber a benção para iniciar sua nova jornada.

Lembrem que se você agiu pelas costas antes de abrir seu terreiro, não poderá reclamar quando acontecer a mesma coisa contigo. E acredita vai acontecer e você ser merecedor da queda que certamente virá.

Texto pesado né? Prometo que o próximo será mais leve.

Axé irmãos.