AS LINHAS DE TRABALHO NA UMBANDA
Agora que já víamos a história da
Umbanda, o que é a Umbanda e também os Orixás que regem nossa religião, vamos
alar sobre as linhas de trabalho. Comentamos anteriormente que Zélio Fernandino
recebeu inicialmente o espírito de luz que se apresentou como Caboclo das Sete
Encruzilhadas. A partir de então, todas as manifestações na Umbanda foram
feitas por espíritos de luz que têm a missão de auxiliar os trabalhos de
Umbanda, dando atendimento aos necessitados, utilizando a incorporação dos
médiuns que trabalham.
A pergunta que pode existir é o
porquê os próprios orixás não incorporam nos médiuns, ou, ainda assim, porque
não existe um canal de comunicação direto entre os médiuns e Deus. Diferente do
Candomblé, onde existe a incorporação dos orixás pelos médiuns para que a
energia despendida naquela incorporação possa alcançar a todos, na Umbanda o
objetivo é realizar um atendimento fraternal a quem precisa, também através de
passes e troca de energia, mas muitas vezes pelo aconselhamento espiritual de
um ser mais evoluído. Desta forma, não há como pedir para que um orixá faça
este atendimento, pelo simples fato de serem energias de Deus, ultrapassando os
nossos pífios conhecimentos e conceitos de comunicação, como a fala, por
exemplo. Não existe qualquer possibilidade de uma energia da natureza, que é
representada pelos Orixás, se manifeste em algum médium ao ponto de prestar
atendimento ao consulente.
Os pedidos dos médiuns a Deus
sempre existiu e sempre existirá através das orações que, aliás, não é
privilégio de médiuns, mas de toda pessoa que tem na fé em Deus o ponto central
de sua existência. A comunicação direta de Deus com o homem acontece apenas
através dos profetas, algo que desconhecemos na história recente da humanidade.
Desta forma, o Plano Espiritual,
com a determinação de Deus e a proteção dos Orixás, resgatou espíritos
evoluídos e os possibilitou a oportunidade de trabalhar para esta nova e
revolucionária religião, trazendo conceitos não apenas espirituais, mas éticos
e morais, para as pessoas, através do trabalho de incorporação nos médiuns
desenvolvidos. Inicialmente se manifestaram as linhas que formam a tríade
principal da Umbanda, Cabocos, Pretos Velhos e Crianças (ou Erês, como são mais
conhecidos). Posteriormente, já devidamente fundamentada, a Umbanda conseguiu
os préstimos de outras linhas para trabalhar, e hoje são linhas tão
desenvolvidas que muitas vezes regem grandes templos de Umbanda.
Vale lembrar que cada linha
possui uma atuação principal (saúde, abertura de caminhos, quebra de magias de
baixa vibração, relacionamento, etc), mas todas as linhas estão aptas a
auxiliar um assistido dentro das necessidades apresentadas, seja qual for. As
linhas de trabalho da Umbanda atuam em comunhão, sendo que onde uma linha
começa um trabalho, a outra pode terminar.
Toda linha de trabalho é regida
por um Orixá específico, porém cada entidade pode atuar na viração de um Orixá
diferente. Por exemplo: todo boiadeiro atua sob a regência de Iansã, mas
eventualmente pode se manifestar um boiadeiro que atue também na força de Oxóssi,
por exemplo.
Toda linha de trabalho da Umbanda
é regida por uma entidade denominada Falangeiro, que é o primeiro guia a atuar
com aquela denominação, e a ele é dada a responsabilidade de formar sua
falange, ou seu grupo de espíritos evoluídos que trabalharão sob seu comando,
utilizando sempre seu mesmo nome. Um exemplo: Pai Joaquim de Angola foi um
escravo que após desencarnado teve a oportunidade de trabalhar na Umbanda.
Todos os espíritos resgatados por ele, após doutrinados, passarão a atuar com o
nome de Pai Joaquim de Angola, por isso mesmo existem milhares e milhares de
médiuns que trabalham com entidades que se apresentam com o mesmo nome. Fato é
que o nome representa a falange, e não é o verdadeiro nome do espírito enquanto
encarnado.
Caboclos
Sendo a primeira linha de
trabalho manifestada na Umbanda através do Caboclo das Sete Encruzilhadas, os
caboclos representam, acima de tudo, a brasilidade de nossa religião, pois são
os índios os verdadeiros donos de nossas terras.
Os Caboclos são entidades que têm
na manipulação da natureza como ela é o ponto de força energético. São sábios
ao utilizar as mais diversas ervas para a cura de males tantos físicos quanto
espirituais, atuando de forma a manipular as energias dos médiuns, dos
assistidos e até mesmo do terreiro onde decidem trabalhar. Os caboclos são
divididos em tipos de falange, sendo as mais comuns os caçadores, os guerreiros
e os feiticeiros.
Os trabalhos com caboclos são
sempre alegres, tendo visto que muitos que se manifestam o fazem de forma a
remeter aos ancestrais de nossa pátria, dançando e celebrando a vida. Quando os
trabalhos se iniciam, porém, os caboclos se concentram em atender aos anseios
da assistência, sem transparecer algum eventual desdém com danças durante o
atendimento.
Os caboclos utilizam rituais
próprios para darem o “passe” visando equilibrar a energia de quem se consulta
com eles, e são uma das poucas entidades (os Pretos Velhos também o fazem) que
dão o passe no assistido mesmo sem a sua aceitação ou sequer pedido. É um
ritual que faz parte do atendimento de todo caboclo.
Os Caboclos na Umbanda são
entidades simples, que lidam com todas as situações como um índio faria estando
na mata, utilizando recursos naturais e fé, muita fé, para alcançar seus
objetivos. Quando um Caboclo indica banhos de ervas, chás de ervas e o uso de
frutos em seus trabalhos, remete à simplicidade da vida e às alternativas
naturais oferecidas por Deus.
Os Caboclos habitam uma cidade
espiritual onde lhes é dado o domínio sobre tudo que lá existe. Muitos Caboclos
chamam este lugar de Juremá ou Humaitá. Os pontos de conexão mais comuns no
Plano Material para este Plano Astral (ou faixa vibracional) são as matas
fechadas, porém a “cidade espiritual” onde vivem os caboclos não é composta
apenas de mata fechada, mas um agrupamento de verdadeiras aldeias, onde não
apenas as entidades mais evoluídas trabalham na energia dos Caboclos, mas
outros espíritos aprendem a trabalhar naquela mesma linha ou são apenas
tratados para serem encaminhados em sua evolução.
Todo Caboclo trabalha regido por
um determinado Orixá, e sendo assim adotam posturas e formas de trabalhar
diferenciadas:
Caboclas de Oxum: geralmente trabalham mais na ajuda de doenças
psíquicas, como depressão. Dão bastante passes de dispersão de energia quando
de energização em si. São grandes conselheiros e seus passes promovem alívio
emocional.
Caboclos de Ogum: possuem incorporação mais rápida (Ogum é o Orixá
mais próximo do homem, além de Exu) e geralmente compactada no chão. Costumam
com os braços contra o peito de forma cruzada, ou com a mão direita cruzada no
peito e a esquerda para trás das costas, indicando proteção total do médium que
o recebe. Seus passes são para dar ânimo e força física ao consulente.
Trabalham muito com aconselhamento profissional.
Caboclas de Iemanjá: incorporam de forma suave, porém mais rápidas
que as caboclas de Oxum. Rodam muito na incorporação e geralmente trabalham
para desmanchar trabalhos feitos ou energias pesadas de outras pessoas que
ficam com o consulente, levando essas demandas e energias para o mar.
Caboclos de Xangô: são guias de incorporação rápida e forte, muitas
vezes tirando o médium do chão. Costumam bater os pés no chão frente a imagem
de Xangô no Congá (altar da Umbanda). Trabalham muito bem para emprego e
principalmente causas na justiça. Dão passes de dispersão de energia. Falam
pouco e o pouco que falam é bastante direto.
Caboclos de Nanã: são caboclas extremamente raras de se
manifestarem nas giras. Geralmente se manifestam não como principal Caboclo de
trabalho do médium, mesmo que ele tenha nanã como Orixá de Cabeça. Quando
acontecem suas manifestações geralmente é para levar espíritos sofredores ou
obsessores que acompanham o assistido. Sua incorporação é contida e quase não
dançam.
Caboclas de Iansã: incorporação muito rápida e costumam deslocar o
médium, até os mais experientes e que já estão acostumados com a energia.
Trabalham principalmente para assuntos de descarrego, tanto de energias
negativas como de espíritos obsessores.
Caboclos de Oxalá: quase não trabalham dando consultas, geralmente
dando apenas passes de energização. Quando manifestado, dificilmente sai do
lugar onde o médium se encontra, e geralmente se manifesta para instruir os
demais caboclos ou até mesmo coordenar a gira.
Caboclos de Obaluaiê: são espíritos que remetem aos antigos pajés
das tribos indígenas. Raramente trabalham incorporados e só o fazem com médiuns
que tenham Obaluaiê na coroa. Sua incorporação muitas vezes lembra a de um Peto
Velho, e se movem apoiados em cajados. Trabalham principalmente com magia, para
vários fins.
Caboclos de Oxóssi: junto com os de Ogum, são os caboclos mais
comuns nos terreiros. Geralmente se movimentam de forma rápida e são s que mais
trabalham com o uso de ervas e defumação. Trabalham em todas as linhas, quase
sempre cruzado com outros orixás, conforme veremos abaixo.
Cruzamento das Linhas de Caboclos
Como acabamos de ver, cada
caboclo possui uma característica específica que remete ao Orixá que o rege.
Existe, porém, de forma bastante comum, caboclos que trabalham na linha de dois
orixás. Geralmente acontece com o Orixá Oxóssi e algum outro. Quando isso
ocorre, a principal característica mantém a do Orixá regente, mas com
qualidades do outro Orixá. Para identificar se existe este cruzamento das
linhas, ou perguntamos à entidade ou verificamos seu nome de trabalho, e
facilmente identificamos o cruzamento. Sempre que existir o início do nome como
“Pena”, indica que quem rege é Oxóssi. Alguns exemplos:
·
Pena Roxa: Oxóssi com Obaluaiê;
·
Pena Branca: Oxóssi com Oxalá;
·
Pena Verde: Oxóssi com Oxóssi (s qualidades do
Orixá ficam ainda mais evidentes, sendo um caboclo que atua basicamente para
prosperidade, de forma muito pontual);
Os Sons dos Caboclos
Todos devem perceber que os Caboclos
costumeiramente gritam e fazem sons típicos. Alguns desses sons servem, sim,
para a comunicação entre eles, mas a principal função daqueles brados é a
conjuração das forças da Natureza para dissipar larvas astrais e energias de
baixa vibração, além de servir para ajudar a alinhar as energias do consulente.
Além dos brados, os Caboclos
também estalam os dedos. Isso existe para descarga de energias negativas.
Quando um Caboclo estala os dedos, ele está dissipando algum tipo de energia
mais pesada que está no ambiente ou no consulente.
Pretos Velhos
Quando os escravos vieram para o
Brasil no Século XVI, chegaram como escravos e viveram suas vidas de forma
muito sofrida. Muitos morriam ainda jovens devido aos maus tratos e outros não
aguentavam aquela situação e se matavam. Quando chegavam ao Plano Astral,
estavam cheios de revolta pela vida sofrida e todos eram doutrinados da mesma
forma. Quando os escravos mais velhos e sábios, já em um grão de evolução alta,
mesmo quando encarnados, faziam a passagem pelo desencarne, se tornavam os
responsáveis por montar as falanges desses escravos que trabalhariam na
Umbanda. Quando foi dada a ordem por Deus para a anunciação da Umbanda, as
falanges dos Pretos Velhos já estavam pontas para trabalhar.
Os Pretos Velhos possuem o dom de
manipular energia de uma forma única, tendo acesso não apenas aos conhecimentos
das ervas, assim como os caboclos, mas também a realização de magia para
dissipa energia negativa e até mesmo magia de baixa vibração, como também fazem
suas “mandingas” para ajudar o consulente a encontra aquilo que busca, sempre
observando os preceitos da Umbanda.
Os pretos velhos, no entanto,
além de serem grandes trabalhadores do Astral, também são conhecidos pela
humildade, pela força de vontade e pela resignação. Quando um Preto Velho fala,
é com o conhecimento empírico de quem tem em sua alma a experiência de muitas
vidas, sempre sofridas, e se posiciona como alguém altamente evoluído, ao ponto
de renegar qualquer tipo de agrado e ter no perdão ao próximo uma das balizas
daquilo que fala e conforme age.
A incorporação dos Pretos Velhos
em sua maioria se dá de forma simples, com o corpo do médium arcado e o corpo
tremendo levemente, representando uma tremedeira natural a quem é mais idoso. Os
Pretos Velhos usam palavras simples para serem entendidos por todos da mesma
forma. Na maioria das vezes utilizam expressões próprias da época do Preto
Velho Falangeiro quando encarnado.
Todos os Pretos Velhos trabalham
na regência de Obaluaiê, porém cada um atua na vibração de um Orixá diferente.
Pretos Velhos de Ogum: incorporam mais rápidos e, apesar de não
serem mal educados de forma alguma, não são tão pacientes quanto os demais. São
diretos na maneira de falar e muitas vezes dão a impressão de estarem dando uma
bronca, mas é apenas a forma direta de se comunicar que a irradiação do Orixá
Ogum enseja na entidade. Presença desta lnha é rara, e muitas vezes ocorre em
casos muitos pontuais, especialmente quando o assistido precisa ser encorajado
a fazer algo que realmente não consegue.
Pretos Velhos de Oxum: são mais lentos na hora de incorporar e até
na hora de falar. Passam ao médium uma serenidade única e inconfundível.
Geralmente não são diretos como os de Ogum, e dão voltas até sentir que o consulente
está preparado para ouvir.
São entidades que remetem à
reflexão. Dificilmente alguém sai de uma consulta com uma entidade desta linha
sem refletir muito sobre o que foi dito.
Pretos Velhos de Xangô: incorporação rápida como a de Ogum.
Trabalham em tudo que a Justiça Divina tem que se manifestar, seja por algum
trabalho seja por um aconselhamento. Passam grande seriedade a todos e cobram
bastante dos seus médiuns.
Pretos Velhos de Iansã: rápidos na forma de incorporar e falar. São
muito parecidos com os Pretos Velhos de Ogum, não tendo muita paciência. As
consultas geralmente causam grande impacto, trazendo rápida mudança de
pensamento no consulente. São especialistas em indicar diretrizes e caminhos
para o consulente conseguir conquistar algo.
Sua principal função é
descarregar o ambiente, sendo rara as manifestações como o Preto Velho
principal de trabalho de algum médium.
Pretos Velhos de Oxóssi: são os mais brincalhões de todos. As
incorporações são rápidas e alegres. Muitas vezes esses Pretos Velhos falam com
várias pessoas ao mesmo tempo e possuem a grande especialidade de receitar
remédios naturais, assim como banhos, emplastros, etc.
Pretos Velhos de Nanã: são raros e de incorporação muito lenta e
bastante pesada, sendo que na maioria das vezes sequer sentam no seu “toco” ou
banquinho, preferindo ficar no chão. Falam de forma rígida e com extrema
seriedade, não admitindo comportamento que vá contra os bons costumes da Casa,
não admitindo de forma alguma roupas curtas e decotadas.
Costumam se afastar dos médiuns
que possuem moral fraca, podendo ficar trabalhando na corrente dos Pretos
Velhos da casa, mas não incorporando no médium. São especialistas em conselhos
de ordem moral, além de também conduzir obsessores à Luz Divina.
Pretos Velhos de Obaluaiê: são simples na forma de incorporar e de
falar. Exigem muito da parte moral e ética de seus médiuns. São defensores da
verdade, independente quem seja aquele que estão defendendo, o que muitas vezes
causa antipatia de algumas pessoas.
São muito próximos de seus
filhos, mas sempre que precisa cobram e corrigem, pois acreditam que a correção
é um ato de amor. Devido à regência de Obaluaiê e a vibração do mesmo orixá,
essas entidades dão conselhos sábios e muitas vezes completamente distintos dos
demais Pretos Velho, inclusive tratando de situações do cotidiano atual da
sociedade.
Gostam de contar histórias para
exemplificar o que estão querendo dizer sobre determinado assunto.
Pretos Velhos de Iemanjá: simples na incorporação, sua fala é doce
e meiga. Seus conselhos mais comuns são sobre laços espirituais e de família.
Também trabalham para a fertilidade. Costumam dar passes fazendo com as mãos os
movimentos das ondas do mar.
Pretos Velhos de Oxalá: são lentos na forma de incorporar e são notadamente
conhecidos pela simplicidade de seus gestos e atos. Dificilmente dão consulta,
ficando com a incumbência de dirigir os trabalhos.
Cobram muitos dos seus médiuns,
principalmente quanto á pratica da Caridade.
Características Diversas
Geralmente os Pretos Velhos
utilizam guia preta e branca, devido regência do Orixá Obaluaiê, porém via de
regra usam um rosário para trabalhar e guias com Lágrima de Nossa Senhora,
figas feitas de Guiné ou Arruda, e Cruzes.
Usam roupa branca e alguns também
usam chapéu de palha, além de objetos de trabalho, como cajados, bengalas,
terços, etc.
Tomam café amargo e vinho tinto,
podendo também pedir garapa o simplesmente um copo de água. Muitos usam cachaça
com mel. Os Pretos Velhos fumam cachimbo ou cigarro de palha.
Aruanda
Entraremos mais especificamente
neste assunto posteriormente, mas vale ressaltar que por diversas vezes o nome
Aruanda é citado e muitas vezes aparecem até mesmo no nome de alguns Pretos
Velhos. Aruanda nada mais é que uma cidade no Plano Espiritual, onde boa parte
das entidades de Umbanda trabalham e vivem. Como Humaitá ficou com os Caboclos
na anunciação da Umbanda, Aruanda foi teve sua gerência incumbida aos Pretos
Velhos que, inicialmente usavam o lugar para, também, cuidar e doutrinar os espíritos
das crianças que trabalhariam na Umbanda (os Erês).
Sempre que existir o termo “de
Aruanda” junto ao nome do Preto Velho, quer dizer que é uma das linhagens
iniciais da Umbanda, ou seja, dos primeiros escravos desencarnados que foram
encaminhados para trabalhar em nossa religião.
Alguns Pretos Velhos Conhecidos
São vários nomes conhecidos, mas
de tempo em tempos surgem novas linhas de Pretos Velhos com a autorização de
Deus para trabalhar em nossa sagrada Umbanda:
·
Pai Antônio (primeiro Preto Velho manifestado na Umbanda);
·
Pai Joaquim de Angola (um dos primeiros Pretos Velhos a trabalhar a Umbanda,
tem em sua história como encarnado a curiosidade de ter conseguido voltar para
sua terra Natal, Angola, na África, antes do desencarne, que aconteceu em uma
gruta preservada até hoje);
·
Pai Joaquim de Aruanda;
·
Pai Benedito da Guiné;
·
Pai José de Angola;
·
Pai Tomaz;
·
Pai Tomé;
·
Pai Cipriano;
·
Pai João de Mina;
·
Pai Gerônimo;
·
Pai Serafim;
·
Pai Tonico;
·
Pai Jacó;
·
Pai Cambinda;
·
Vovô Chico;
·
Pai Francisco das Matas;
·
Vovó Cambinda (mais antiga entidade feminina na linha dos Pretos Velhos);
·
Vovó Maria Conga;
·
Vovó Chica;
·
Vovó Maria Redonda;
·
Vovó Ana;
·
Vovó Quitéria;
·
Vovó Catarina;
·
Vovó Luiza;
Esses são apenas alguns exemplos,
sendo que a quantidade de nomes é muito maior e cada vez aumenta ainda mais.
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Representação de
Pai Antônio, primeiro Preto Velho a se manifestar na Umbanda, através de
Zélio Fernandino de Moraes, em 1908.
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Crianças (Erês)
Junto com os Caboclos e os Pretos
Velhos, a linha das Crianças (ou Erês, como chamaremos daqui em diante) forma a
tríade principal da Umbanda. Enquanto os caboclos representam a força e os
Pretos Velhos a espiritualidade, os Erês representam a pureza. O processo para
trabalho na Umbanda ocorreu similar aos Pretos Velhos, incluindo o momento do
desencarne, que era comum assassinatos em massa de crianças na época da
escravidão.
Quando desencarnados, já sabendo
da missão de fundação e posterior anunciação da Umbanda, os espíritos das crianças
foram direcionados para Aruanda para que os Pretos Velhos junto com os demais
espíritos elevados, pudessem doutrinar aqueles recém desencarnados para que,
aceitando sua missão, eles também pudessem trabalhar na Umbanda. Assim,
mantendo a ternura e pureza de uma criança, aprenderam a manipular energias e
se transformaram em grandes doutores da magia e, por serem desta forma puros e
poderosos, conseguem entrar em domínios que outras entidades não o fazem.
Da mesma forma que as outras
entidades, a linha dos Erês também possui os falangeiros, que são os primeiros
espíritos doutrinados e que possuem a incumbência de ensinar outros espíritos
desencarnados a trabalharem na linha dos Erês após seus resgates. Existe uma
predileção em resgatar para este trabalho espíritos recém desencarnados de
crianças ou adolescentes, porque apesar do espírito manter as informações das
outras vidas, fica mais forte a impressão da última encarnação. Existem, porém,
casos de adultos desencarnados pelos mais diversos motivos e que são chamados
para o trabalho na linha dos Erês. O falangeiros, porém, foram todos crianças
desencarnadas.
É sempre bom frisar que, apesar
do que muitos imaginam, os Erês se apresentam como crianças e muitas vezes até
são realmente, porém não existe como sequer supor que eles sejam menos
experientes ou devam ser levados menos a sério do que qualquer outra linha.
Relatos dão conta que hoje, no ano de 2018, o Erê que iniciou seu trabalho mais
recentemente no Plano Espiritual tenha 140 anos (data de seu desencarne).
Quando uma Erê se manifesta, saiba que ali se encontra a pureza de uma criança
aliada à experiência da linha mais velha da Umbanda.
Uma curiosidade sobre a linha do
Erês é que, mesmo no Plano Espiritual, são entidades que não podem ser
governadas, apenas tutelada. Por isso muitas vezes quando existe um trabalho
com os Erês num terreiro existe a presença de um Preto Velho, para que possa
ajudar na tutela das entidades com os médiuns, especialmente os mais novos,
visto que pela alegria das crianças e pela sua independência, as vezes as
entidades correm, demoram muito com um assistido mesmo já tendo o atendido e
quando são chamados para “subirem” (ou desincorporarem no médium), acabam
reclamando. A única outra linha independente, que não se governa, é a linha dos
Exús, nossos guardiões.
A Linha dos Erês atua fortemente
também no Candomblé, com conceitos e doutrinas diferentes, e lá é de uma
importância ainda maior, visto que como Orixá não se comunica diretamente
através da fala (como já vimos anteriormente), então cabe aos Erês dar os
recados do Plano Espiritual aos médiuns. Este é um conceito que, por doutrina
pessoal do médium ou do dirigente, existe em alguns terreiros de Umbanda, porém
não há estudos ou relatos de nossos irmãos no Plano Espiritual que indique que
cabe exclusivamente aos Erês a entrega de mensagens aos médiuns, visto que
todas as entidades manifestadas na Umbanda possuem a característica de se
comunicar através da fala.
Quando existe a incorporação de
um Erê, muitas vezes as entidades batem palmas, ou pulam, gritam, correm e até
mesmo choram. Tudo isso (especialmente o choro) serve para de alguma forma
informar à direção da casa algo que está ocorrendo e termos de energia e também
já é uma forma de trabalho do Erê que inicia os trabalhos descarregando seu
médium.
A vasta maioria dos Erês pedem
brinquedos para realizar seus trabalhos. Existe a impressão que eles estão
realmente brincando, mas na verdade estão energizando aqueles objetos e
utilizando-os para alinhar energia do médium, do terreiro e, principalmente,
dos assistidos. Na maioria das vezes o Erê pede para o assistido brincar com
ele; isso ocorre justamente para que exista um alinhamento energético ou, em
muitos casos, um descarrego. Nenhuma “brincadeira” feita por Erê deve ser vista
de forma infantil como seria com uma criança encarnada.
O tamanho do poder dos Erês é
tanto que são as únicas entidades na Umbanda que consegue manipular todos os
elementais (aprenderemos mais para frente o que são e para que servem), algo
que apenas os próprios Orixás conseguem fazer. Quando dizem que um “trabalho de
Erê ninguém desfaz, nem mesmo Exú”, é exatamente por isso. Um Erê tem condições
de manipular todos os elementais e criar uma magia forte o suficiente para ser
mantida pelo tempo que for, ou até ele mesmo ou Deus decidir interromper.
Dito isso é importante frisar que
ter a capacidade de realizar alguma ação por conta do poder que lhe é incumbido
não denota que a entidade fará uso daquilo para práticas erradas. Não existe
Erê que faça magia de baixa vibração. Se fizer, não está doutrinado e, não
estando doutrinado, não faz mais parte da Umbanda. Sendo assim, temos que
respeitá-los, mas de forma alguma temê-los.
O nome Doum também é sempre
atrelado aos Erês, e isso acontece pelo fato de Doum ser referência a um ser
que transita entre os planos materiais e espirituais nos cultos africanos.
Quando uma família tinha filhos gêmeos e posteriormente tinha outro filho, este
filho era chamado Doum e tinha a incumbência de fazer companhia e tomar conta
de seus irmãos mais velhos. Os Erês são associados a Doum justamente por serem
espíritos de crianças que cuidam das pessoas, inclusive das mais velhas.
Características Diversas
A maioria dos Erês, além de
utilizarem brinquedos para trabalhar, também pedem comidas, geralmente doces e
bolos, além de sucos e refrigerante (de preferência guaraná, por ser uma fruta
genuinamente brasileira). Alguns médiuns mais antigos oferecem Aluá (bebida
doce de origem indígena, feita com milho e frutas) ou até mesmo água com açúcar
ao invés do refrigerante.
Erês usam velas para trabalhar,
geralmente nas cores rosa claro, azul claro, bicolor (azul e rosa) ou branca.
Quase todos os Erês pedem uma chupeta para trabalhar. As guia de contas dos
Erês geralmente são nas cores rosa e azul claro, podendo conter também miçangas
brancas. Como são entidades que trabalham junto aos Pretos Velhos, alguns,
especialmente as linhas mais antigas, usam referências às energias de Avôs
(cruz, miçangas brancas e pretas, Lágrima de Nossa Senhora); também podem usar
alguma referência ao Orixá de regência da coroa do médium que trabalha com
aquele Erê.
Alguns Nomes Conhecidos dos Erês
Diferente das demais linhas, todo
Erê trabalha na vibração de algum Orixá, mas não necessariamente adota suas
características, tendo muito mais relação com a linha de trabalho da entidade
em si, ou de seu doutrinamento junto ao médium. Por isso alguns Erês não
possuem um complemento no nome, mas quando existe este complemento, conseguimos
identificar com qual Orixá que ele trabalha (atualmente são raras as
manifestações).
·
Mariazinha;
·
Joãozinho;
·
Pedrinho;
·
Zequinha;
·
Aninha;
·
Mariazinha da Praia (ligação com Iemanjá);
·
Caboclo Mirim (ligação com Oxóssi);
·
Toninho;

Boiadeiros
Após anunciada a Umbanda e os
trabalhos ocorrerem com a tríade (Caboclo, Preto Velho e Erê), via-se a
manifestação comum de entidades denominadas Caboclos Boiadeiros. Apesar de se
apresentarem como caboclos, não se portavam com os trejeitos de um caboclo,
sendo que por muitas vezes possuíam uma fala muito mais calma e aos poucos
foram apresentando um sotaque que remetia às cidades mais rurais (o famoso
“sotaque caipira”).
Pouco após foi anunciado que
passaria a trabalhar na Umbanda uma nova linha, que seriam chamados de
Boiadeiros, e teriam a principal incumbência de trabalhar com a cura de doenças
e males diversos, além de descarregar energia negativa e magia de baixa
vibração, através de seu laço ou seu chicote, que são usados como forte objeto
de magia.
Uma das características da
incorporação do boiadeiro é girar seu laço (plasmado, sem a necessidade de
existir um objeto físico) sob a cabeça e gritar “Ê Boi”. Isso serve para
anunciar sua chegada, mas principalmente é utilizado para iniciar o trabalho de
dissipação de energia no terreiro. É bastante comum os boiadeiros trabalharem
com chapéus, jalecos e até bombachas.
No Plano Espiritual, os
Boiadeiros foram agrupados por espíritos desencarnados de pessoas que, em vida,
trabalhavam com gado em fazendas de todo o Brasil, nas mais diversas
atividades. Exatamente por esta forma que existem boiadeiros que apresentam os
sotaques das mais diversas regiões brasileiras, em especial do Nordeste. Como
eram trabalhadores do campo, estavam sempre cercado pelas matas, então foi dada
a incumbência de doutrinação da linha aos Caboclos, por isso inicialmente
vinham como Caboclos Boiadeiros.
Os Boiadeiros trabalham com
bebidas fortes, geralmente pinga com alguma mistura (mel, melado, frutas, etc)
ou vinho branco e fumam cigarro de palha (preferencialmente) ou charuto. São
linhas que muitas vezes pedem ao seu médium que preparem pratos típicos de sua
linha de trabalho, não apenas para eles mesmo apreciarem, mas para oferecer aos
assistidos do terreiro. Feijão tropeiro com carne de boi, abóbora com farofa de
torresmo são os pratos mais pedidos pelos Boiadeiros.
Sendo uma linha originada doa
Caboclos, os Boiadeiros são exímios conhecedores do uso das ervas para vários
fins, especialmente quando se trata de banhos e emplastros para melhorar a
saúde. É bastante comum nos atendimentos os Boiadeiros indicarem banhos de
erva, mesmo sem o assistido ter sequer dito qual problema eventualmente esteja
sofrendo. As entidades possuem facilidade em visualizar as situações onde o uso
de ervas pode ser empregado.
Os Boiadeiros representam a força
de vontade aliada à paciência necessária para que determinada coisa aconteça.
Por vezes os Boiadeiros orientam que os assistidos insistam em algo que
acreditam ser o ideal para suas vidas, porém utilizando paciência, remetendo ao
tempo em que, encarnados, passavam meses a fio esperando para pastorear um
rebanho de gado, por exemplo.
Os Boiadeiros são regidos por
iansã, então quando não há o cruzamento entre as linhas dos Orixás (Iansã com
Oxóssi, Iansã com Obaluaiê, etc), a entidade se apresenta de forma mais viril,
imponente, com gestos e atitudes mais rígidas e palavras por vezes ásperas.
Muitas vezes, porém, existe o cruzamento entre o Iansã e Oxóssi (que é
considerado o “pai” dos Caboclos), fazendo com que o Boiadeiro seja um pouco
mais calmo no lidar.
Os Boiadeiros tendem a proteger
os médiuns que possuem afinidade energética com eles, ou seja, os médiuns que
possuem coragem, lealdade e honestidade. São entidades que costumam se
manifestar para organizar um terreiro quando alguma ordem do dirigente da casa
ou do guia chefe da casa não está sendo respeitada. Essas incorporações de
instrução podem ocorrer mesmo em dia de atendimento com presença da
assistência.
Características
Diversas
A Linha dos Boiadeiros é uma das únicas na Umbanda que não
utiliza uma guia de contas, sendo que a entidade trabalha com as guias que o
médium costumeiramente usa (veremos mais para frente, mas seriam a guia de
Oxalá e a Guia da Casa). Algumas entidades utilizam colar feitos com sementes,
mas não são guias de contas, mas sim objetos de trabalho (como um terço é para
um preto Velho).
Muitos Boiadeiros, especialmente os que trabalham com os
médiuns mais antigos, falam com forte sotaque nordestino, sendo confundidos com
a linha do Cangaço (a qual veremos a seguir), mas são Boiadeiros que, em vida,
o Falangeiro atuou no Nordeste do Brasil. A incorporação de Boiadeiros
femininos é extremamente rara, acontecendo essas manifestações pontuais mais
recentemente.
Quando um Boiadeiro fala “boi”, está se referindo aos
humanos, então “laçar um boi” é tratar este ser humano em desequilíbrio para
tratá-lo de alguma forma. Os Boiadeiros falam muito através de analogias entre
a nossa realidade atual e os tempos antigos do trabalho no campo.
Sempre interessante lembrar que apenas os falangeiros desta
linha foram obrigatoriamente boiadeiros em sua última vida encarnada. Muitos
dos Boiadeiros que trabalham nos terreiros sequer foram trabalhadores da roça,
mas por afinidade energética ou pela possibilidade de trabalhar em determinado
assunto para reverter seu carma (veremos este assunto posteriormente), acabaram
decidindo aceitar a possibilidade de trabalhar nesta maravilhosa linha dentro
da Umbanda.
O mestre Rubens Saraceni, que nos deixou em 2015, compilou
algumas das expressões utilizadas pelos Boiadeiros e seu real significado:
·
Cavalos: os médiuns (foi justamente dos Boiadeiros que surgiu a expressão utilizada
por praticamente todas as linhas);
·
Boi: espírito desgarrado de sua missão;
·
Boiada: grupo de espíritos reunidos pelo
Boiadeiro que estão sendo reconduzidos ao propósito de Deus;
·
Laçar: recolher à força um espírito rebelado;
·
Boi Atolado: espíritos sofredores que estão no
Umbral ou em zonas da baixa vibração;
Alguns Nomes
Conhecidos dos Boiadeiros
·
Zé do Laço (entidade mais antiga a se manifestar
nesta linha);
·
João Boiadeiro;
·
Zé da Campina;
·
Boiadeiro Chapéu de Couro;
·
Zé Boiadeiro;
·
Chico Boiadeiro;
·
Zé Mineiro;
·
Chico Mineiro;
·
Boiadeiro do Chapadão;
·
Zé da Serra;
·
Boiadeiro da Jurema.

Baianos
Com a apresentação dos
Boiadeiros, começaram a se manifestar algumas entidades que tinham forte
características do nordestino brasileiro, não apenas pelo sotaque, mas por
adotar rituais que remetiam ao Nordeste, além de deixarem de usar os laços e
chicotes (comuns aos Boiadeiros) e pedirem chapéus de couro típico do cangaço e
coco. Nos anos 50, com a migração em massa de nordestinos para as maiores
cidades do país, em especial São Paulo, iniciou um processo de discriminação
muito grande, com esse povo trabalhador sendo apontados genericamente como
baianos, da mesma forma que um oriental era chamado de japonês.
Com isso, sendo a Umbanda uma
religião que concede a palavra a todos aquele que são discriminados e
perseguidos, foi dado a oportunidade desses guias que se diferenciavam dentro
do trabalho dos Boiadeiros, formassem uma nova linha de trabalho, a dos
Baianos, que rapidamente se popularizou.
Na Umbanda o Baiano representa a
força da pessoa fragilizada, mas que se impõe perante as dificuldades da vida.
São entidades que, apesar de irreverentes, sempre apresentam firmeza naquilo
que falam e por vezes são mais ríspidos quando precisam dar algum recado que o
consulente ou o médium não entendem, ou que precisam ter bem entendido.
São grandes doutrinadores de
espíritos de baixa vibração, trabalhando por diversas vezes junto aos Exus, os
quais carinhosa e respeitosamente chamam de “Compadres”. Os Baianos são
entidades que entregam recados de todas as outras linhas (não apenas os Erês,
como já foi dito), inclusive sendo uma das poucas linhas a se manifestarem,
mesmo que de forma rara, na tronqueira dos terreiros.
Os Baianos trabalham igualmente
com todas as necessidades, desde saúde até relacionamento, família,
desobsessão, etc. São entidades que gostam muito de conversar e, com isso,
acabam fazendo com que o assistido fique mais relaxado e fale tudo o que
precisa, sem receios. Os Baianos são conhecidos como os grandes disciplinadores
dentro da Umbanda, portanto muitas vezes trazem para si a responsabilidade da
Doutrina e dos estudos dentro de um terreiro.
Dentro da Linha dos Baianos
existe uma ramificação, que é a Linha do Cangaço, representada pelos
cangaceiros, muito comuns no Brasil na década de 1920 e que foram santos para
alguns e demônios para outros. No Plano Espiritual, quando esses cangaceiros desencarnaram,
muitos foram demoraram décadas para se recuperarem de seus feitos e outros, com
maior entendimento daquilo eu tinham cometido, e sabendo que poderiam trabalhar
no Plano Espiritual para reverter aquilo, aceitaram ser doutrinados pelos
Boiadeiros e pelos Baianos, e passaram a comandar novas falanges.
Nomes conhecidos do Cangaço, como
Maria Bonita, Lampião e, especialmente, Corisco, aceitaram a oportunidade.
Corisco, conhecido em vida como O Diabo Loiro, é falangeiro, atuando a serviço
de Deus e empregando seus préstimos à Umbanda, tendo a maior falange de
cangaceiros no Plano Espiritual.
Alguns terreiros trabalham
separadamente com a Linha dos Baianos e com a Linha do Cangaço, mas é mais
comum que os cangaceiros se manifestem nas giras de Baiano, já que não é todo
médium que sente a vibração de seu guia Cangaceiro. Vale lembrar que,
independente de concordarmos ou não com a prática dos cangaceiros enquanto
encarnados, quando existe a possibilidade de trabalhar para a Umbanda, quer
dizer que aquele espírito já está devidamente doutrinado, tendo buscando e
conseguido o perdão que necessita em sua evolução.
Mais para frente falaremos da
Linha dos Malandros, mas vale frisar que é comum a presença dos Malandros nas
giras de Baiano.
Características Diversas
Os Baianos, assim como os Pretos
Velhos, são grandes benzedores, utilizando para isso água e dendê, por isso não
raro é uma consulta com Baiano ser em sua maioria rituais de benzimento, com
poucas frases trocadas entre a entidade e o assistido. Gostam de fumar cigarro
de palha e bebem via de regra água de coco, batida de coco ou pinga.
Dificilmente um Baiano rejeita
uma bela farofa de carne seca, uma gostosa cocada e, principalmente, coco. Um
Baiano consegue energizar esses alimentos e quando acontece, geralmente
oferecem para a assistência comer para “levar o Axé da Bahia”.
Os Baianos trabalham geralmente
com guias de contas feitas com a fruta coquinho, sementes ou Olho de Boi e Olho
de Cabra e, por muitas vezes, com miçangas brancas ou da cor em que a entidade
trabalha. A Linha dos Baianos também é regida por Iansã, mas da mesma forma que
acontece com os Boiadeiros, também pode existir um cruzamento com outro Orixá.
Muitas vezes são cruzamentos com Ogum, Oxóssi ou Xangô.
Alguns Nomes Conhecido dos Baianos
·
Zé do Coco;
·
Zé do Norte;
·
Zé Baiano;
·
Zé da Capoeira;
·
Zé do Berimbau;
·
Baiana Sete Saias;
·
Maria Baiana;
·
Maria Bonita (cangaço);
·
Corisco (cangaço).
Marinheiros
Quase junto à manifestação dos
Baianos, também foi apresentado na Umbanda uma linha cheia de energia e que
representa uma das maiores forças da natureza: as águas. Os Marinheiros
começaram seus trabalhos de forma acanhada, apenas em alguns terreiros, mas hoje
são presença obrigatória em todas as casas.
Os Marinheiros representam as
pessoas desbravadoras que enfrentam todo tipo de intempérie (tempestades) da
vida para alcançar seus objetivos. São entidades que trabalham sob a regência
de Iemanjá (Orixá Rainha das Águas), mas podem trabalhar também na linha de
Oxum (Orixá dona das águas dos rios). Os Marinheiros têm característica de
incorporação bastante típica, aparentando que estão mareados, balançando de um
lado para outro. Apesar do que parece, não estão bêbados e nem cambaleando, mas
sim trazendo para os médiuns, assistidos e terreiro as vibrações de Iemanjá ou
Oxum. Como veremos mais a frente, Umbanda é movimento, então este balanço dos
marinheiros nada mais é que movimentação de energia.
Pela característica de
incorporação, principalmente pela forma grossa (da voz) que falam, por muitas
vezes os Marinheiros são confundidos com os Exus, mas se tratam de linhas
distintas. Os Marinheiros são uma linha de Direita, enquanto os Exus são linha
da Esquerda.
Os Marinheiros têm grande poder
de convencimento, sendo assim é muito difícil um assistido esconder alguma
situação de um Marinheiro. Quando isso ocorre, é porque a entidade sabe que
aquela situação ainda não deve ser tratada ou conduzida, mas ele já fica sabendo
de antemão o que existe e, portanto, consegue preparar um auxílio oportuno.
Marinheiros atuam bastante no
campo amoroso, não apenas fazendo energizações para este sentido, mas
aconselhando bastante os assistidos. É muito comum, de forma respeitosa e
sempre com autorização do assistido, um marinheiro pedir para dar um abraço.
Isso não ocorre para celebrar amizade ou algo parecido, mas como forma de
alinhamento energético e, quando dado no final do atendimento, para ser levado
a vibração daquela linha.
Características Diversas
Apesar de ser regido pelo orixá
Iemanjá, a Linha dos Marinheiros tem em seu primeiro trabalhador manifestado, o
Marinheiro Mestre Martim Pescador, um comandante. Todas as linhas dos
Marinheiros são comandadas por ele, sendo a mais comum os Marinheiros que
justamente levam seu nome nas giras.
A manifestação do Mestre Martim
Pescador aconteceu inicialmente nos trabalhos de Catimbó, quando representava
os seres das águas do mar e era conhecido também simplesmente como Marujo. Exatamente
por isso a saudação aos Marinheiros até hoje é “Salve a Marujada”.
Os Marinheiros fumam e bebem de
tudo, porém têm preferência pela cerveja e cigarro. Quase todos usam algum tipo
de chapéu, ou quepe. As guias de contas são as mais diversas, geralmente com as
cores que remetem à Iemanjá ou a Oxum. Muitos Marinheiros usam duas guias,
sendo uma de trabalho com as suas cores, e outra do Orixá regente.
Alguns Nomes Conhecidos de Marinheiros
São os mais distintos possíveis,
e apenas muito recentemente as Marinheiras começaram a se manifestar.
·
Martim Pescador (o primeiro a se manifestar na Umbanda);
·
Zé Pescador;
·
Zé do Ribeirão (linha de Oxum);
·
Chico do mar;
·
Maria do Cais;
·
João da Praia;
·
Zé da Maré
·
Zé da Jangada;
·
Zé da Proa;
·
Zé do Cais (também é nome de Malandro);
·
Zé do Bote;
·
Maria do Farol;
·
Luiza do Cais.

Malandros
Uma das mais amadas e respeitadas
linhas da Umbanda, a Linda dos Malandros surgiu inicialmente através do
espírito de luz Zé Pelintra, que atuava nas giras de esquerda, junto aos Exus.
Tal proximidade com nossos guardiões existe até hoje, sendo comum a
manifestação de Malandros e Malandras em giras da Esquerda. Por já ter
trabalhado na linha dos Baianos e ter suas giras próprias, muitos dizem que os
Malandros são os únicos que conseguem trabalhar em qualquer gira de qualquer
linha.
Praticamente na mesma época
viveram em nosso Plano Material pessoas com as mesmas características, e duas
delas eram basicamente a mesma pessoa, com as mesmas características, que
estavam em sua última encarnação conhecida. Seu Zé Pilintra no Rio de Janeiro
era José dos Anjos e personifica aquilo que conhecemos como a malandragem
carioca, com jeito mulherengo, bebedor, com gosto pelo jogo e, porque não,
também por uma boa briga. Era uma pessoa de bom coração, especialmente com as
mulheres, as quais tratava com todo carinho. Sua vida era toda na noite, e se
tornou uma espécie de lenda carioca.
Ainda no Brasil, mais
especificamente em Recife, existia o Seu Zé Pelintra, conhecido como Mestre ou
Doutor. Figura respeitada e que atuava nos Catimbós como curandeiro, usando o
poder das ervas para seu trabalho. Sempre muito bem trajado, andava sempre na
companhia de seu inseparável cajado. Enquanto Zé Pilintra no Rio de Janeiro era
o malandro festivo, Seu Zé Pelintra do Catimbó era figura de sorriso fácil, mas
reservada e conhecido por ser um grande conselheiro.
Os dois desencarnaram
praticamente juntos e começaram, desta forma, a trabalhar no Plano Espiritual
doutrinando todos aqueles espíritos desencarnados que tinham na alma a marca de
uma vida de excessos ou da exploração dos mais fracos. Quando prontos,
iniciaram atendimento com os Exus, e posteriormente, com um número certo em
suas falanges, passaram a ter uma linha própria de trabalho na Umbanda: a Linha
dos Malandros.
Os Malandros trabalham
representando toda a ginga que as pessoas devem ter para desviar dos obstáculos
que a vida proporciona, sem perder o bom humor, mas mantendo-se sérias para
alcançar o objetivo maior, que é se aproximar cada vez mais de Deus.
Amor, família, dinheiro,
trabalho, saúde. Não existe assunto que Malandro não ajude a resolver. Os
Malandros possuem geralmente uma grande aproximação com os assistidos que os
tratam bem, oferecendo cigarro, bebida ou outros mimos. São entidades vaidosas
com aquilo que os médiuns usam, sendo comum os pedidos de chapéus, bengalas e
até mesmo ternos completos. A maioria dos Malandros da linha de Zé Pilintra do
Rio de Janeiro dançam muito enquanto os Malandros da Linha do Seu Zé Pelintra
do Catimbó são divertidos, mas mais reservados. Um exemplo de fácil
reconhecimento é Zé Pelintra da Calunga, entidade que trabalha na Linha dos
Malandros, mas é facilmente confundida com um Exu, pela forma contida que se
comporta.
Os Malandros geralmente não dão
passe nos assistidos, mas realizam uma limpeza com seu chapéu. As consultas são
sempre acompanhadas de muitos conselhos de vida, onde o assistido pode
assimilar as histórias do Malandro com acontecimentos recente de sua vida, o
que muitas vezes causa grande impacto.
Malandro é a seriedade no
trabalho, mas com a alegria de se viver trabalhando com o que se gosta de
fazer, neste caso arrebatar mais pessoas para junto de Deus. São conhecidos
como os maiores conselheiros de fé dentro da Umbanda.
Características Diversas
Os Orixás que regem a Linha dos
Malandros são Oxalá, Ogum, Iemanjá e Iansã, porém as entidades podem trabalhar
na vibração de outros Orixás, porém sempre respondendo a um dos 4 citados. O cruzamento mais comum é entre Ogum e
Obaluaiê, o que torna a Linha dos Malandros sempre mais próxima dos
trabalhadores da Esquerda (lembrando que o Orixá mais próximo aos Exus é Ogum e
Obaluaiê comanda, na Umbanda, os Exus e Pombo Gira de cemitério).
Os Malandros fumam e bebem de
tudo, porém com preferência à cerveja (Zé Pilintra) e Cachaça (Zé Pelintra) e
cigarro comum. Quando um Malandro dança perto do assistido ou até mesmo com um
assistido, sempre dentro do respeito que se espera, não é apenas uma dança para
ser divertida, mas principalmente serve para dissipar as energias de baixa
vibração e para atrair bons fluídos ao assistido.
As Malandras são entidades
extremamente queridas na Umbanda, sendo que sua maior representante, Dona Maria
Navalha, tem nível de evolução espiritual atual igual a Zé Pilintra, tendo sido
ela primeiramente se manifestado nas giras da Esquerda como Pombo Gira e logo
na sequencia assumindo a responsabilidade de ser chefe da maior falange de
Malandras na Umbanda. Maria Navalha foi uma das poucas entidades que, enquanto
encarnada, frequentava de forma assídua as rodas de Macumba no Rio de Janeiro.
Nomes de Malandros Conhecidos
·
Zé Pelintra das Almas;
·
Zé Malandro;
·
João Baiano;
·
Zé Navalha;
·
Maria Navalha;
·
Zé do Cais;
Exu
Os Guardiões da Umbanda, são
espíritos que, quando encarnados, tiveram vida sofrida ou fizeram outros
sofrerem ao ponto de, ao reencarnarem, praticamente todos terem se
transformados na mesma hora em obsessores. A maioria teve que ser resgatado à
força e trabalharam arduamente para iniciar seus processos de perdão. Quando já
tinham o conhecimento de que era necessário trabalharem para reparar os danos
causados aos outros e a si mesmo, tiveram a oportunidade dada por Ogum para
trabalharem na Umbanda, sendo os guardiões não apenas da religião e dos
terreiros que seriam inaugurados, mas principalmente dos médiuns que, sendo
focos de luz dentro da escuridão, seriam claramente obsediados.
Apesar de terem sido apresentados
posteriormente ao anúncio da Umbanda, os Exus já trabalhavam no Plano
Espiritual e, já na Tenda Nossa Senhora da Piedade, Zélio fernandino trabalhava
com uma entidade denominada Orixá Malê, que era um Exu, o que comprova a
necessidade clara dos Exus para qualquer trabalho feito na Umbanda.
Apesar do que muitas pessoas
falam, Exu não é mal. Exu é justo, e muitas vezes quando algum assistido pede
algo que não é certo, Exu não faz e ainda critica o pedido. Exu, porém, quando
entende que aquilo que é dito tem fundamento para ser realizado, fica feliz com
o assistido, por poder trabalhar para conseguir, ele também, sua evolução.
Como explicaremos nos capítulos
posteriores, tudo o que conhecemos está localizado em Planos, ou Faixas
Vibratórias. O mundo material onde vivemos possui uma faixa de vibração e a
faixa vibracional logo na sequência é onde habitam os Exus, por isso são
entidades que, além de nos protegerem (principalmente pela proximidade), também
são as que mais conseguimos sentir a presença. São entidades muito evoluídas,
senão não teriam sequer a oportunidade trabalhar na Umbanda, porém possuem
características ainda carnais e, costumeiramente, principalmente nos médiuns
mais novos, falam palavrões (não para ofender, mas como força de um hábito
antigo) e falam com os assistidos sobre tosos os assuntos, sem qualquer tipo de
pudor.
Muitos acreditam que os Exus são
entidades desformes, mancas ou com aparência demoníaca, mas na verdade isso é
uma distorção criada inicialmente por pessoas que desconhecem quem é Exu, tanto
que se soubessem que se trata de entidade com certo grau de vaidade,
entenderiam que é justamente o contrário. Exus são entidades lindas, inclusive
no aspecto físico, apresentando postura viril e imponente. Algumas linhas de
Exu são, sim, caracterizadas por aparência cadavérica, mas justamente para
representar que ao homem não se deve dar maior importância à beleza do que ao
seu interior, então nada melhor do que uma caveira para representar isso.
Todo e qualquer tipo de problema
são resolvidos com Exu, mas como são os guardiões da Umbanda e das pessoas que
ela frequentam, sempre que existe a necessidade de desobsessão mais forte (com
legiões de espíritos obsessores, por exemplo) ou quando há a necessidade de
quebrar maga de baixa vibração, especialmente feita por pessoas com o conhecimento
avançado de magia e até mesmo sacrifício animal, então é o Exu que deve ser
chamado.
Características Diversas
Os Exus são distribuídos em
várias linhagens e, de tempos em tempos, surgem novas falanges, com
denominações distintas para trabalhar em nossa sagrada Umbanda. Posteriormente apresentaremos um capítulo
exclusivo para nossos Guardiões, mas vale ressaltar que existem 3 pontos de
vibração dos Exus:
·
Cemitério: os Exus de Cemitério servem a
Obaluaiê e na maior parte dos casos são entidades mais fechadas e pouco
brincam. Alguns sequer dão consulta, se manifestando apenas em obrigações,
trabalhos e descarrego.
·
Encruzilhada: os Exus que trabalham no ponto de
força das encruzilhadas são o meio termo entre a seriedade dos Exus de
Cemitério e a alegria dos os Exus da Estrada. Podem ser de encruzilhada das
matas (raro), porém comumente o ponto vibracional são as encruzilhadas de
terra. São entidades que gostam de fazer consultas, mas também sempre aparecem
nas obrigações e trabalhos.
·
Estrada: os Exus da Estrada são os mais
divertidos e brincalhões. Suas consultas sempre são envoltas em gargalhadas e
essas risadas são justamente elementos utilizados pelo Exu para limpar e
descarregar o ambiente e o assistido. Mesmo sendo entidades animadas e risonhas,
pedem muito respeito, pois são guardiões tão poderosos quanto qualquer outro.
Os Exus trabalham com ferramentas
diversas, como tridentes, adagas, correntes, crânios, velas de diversas cores
(geralmente preta, branca ou preta e vermelha). Em boa parte dos terreiros os
médiuns trabalham com roupas coloridas nas gira de Exu.
As guias de contas dos Exus
também variam bastante, sendo geralmente pretas ou preta e vermelha e
eventualmente com uma firma com a cor do Orixá de vibração. Exus bebem
geralmente marafo (pinga), conhaque, uísque ou
vinho, e fumam charutos e cigarros.
Os Exus também podem trabalhar
com capas, bengalas e cartolas, mas apenas com muito tempo de trabalho junto ao
seu médium.
Nomes Conhecidos de Exu
São vários, e divididos por
classificação e regência de pelo menos 2 Orixás.
·
Exu Malé (o primeiro a se manifestar na Umbanda, hoje raramente são
encontrados nos terreiros);
·
Exu da Meia Noite ou Guardião da Meia Noite;
·
Exu Caveira]
·
Exu Tata Caveira;
·
Exu Tranca Rua;
·
Exu Tiriri;
·
Exu Capa Preta;
·
Exu Mangueira;
·
Exu Rei das Sete Encruzilhadas;
·
Exu Calunga;
·
Exu do Lodo;
·
Exu tempestade;
·
Exu Veludo.

Pombo Gira
Se os Exus são nossos guardiões,
as queridas Pombogira são nossas guardiãs. Elas são os Exus femininos, pois as
cabem também a proteção da Umbanda, os terreiros e seus médiuns, e estão
localizadas na mesma faixa vibracional dos Exus.
Se os Exus são mal interpretados
por várias pessoas, as Pombogira, então, são ainda mais discriminadas. A forma
de agir dessas belas entidades pode remeter algum desavisado a uma mulher de
vida fácil ou promíscua, porém fato é que elas são, sim, muito animadas e
extremamente sensuais, mas de forma alguma são vulgares.
A origem delas é a mesma dos
Exus, sendo mulheres que, quando encarnadas cometeram atos que foram de
encontro ao que era esperado de sua evolução e após o desencarne tiveram a
oportunidade, após a devida doutrina, de trabalharem em nossa Umbanda.
As Pombogiras trabalham com todas
as necessidades dos assistidos, porém sua especialidade é o sexo. Não
necessariamente o relacionamento, mas a energia sexual que pode ser usada tanto
para construir coisas boas como para destruir vidas. Sexo em compulsão é
volúpia, e se não for tratado da devida maneira pode acabar com qualquer um. As
Pombogira trabalham esta energia tanto para os encarnados quanto para os
desencarnados que obsediam as pessoas, tirando-as do rumo de Deus.
Algumas Características das Pombogira
Pombo Gira não são mães, como as
Pretas Velhas ou as Baianas. Pombogira é mulher e gosta de ser tratada desse
jeito, sendo cortejada e reverenciada, recebendo flores, joias, etc. As Pombogiras
trabalham na nos mesmos pontos de vibração dos Exus.
Infelizmente existe algum
preconceito com médiuns homens que incorporam as Pombogira, por serem entidades
mulheres e sensuais. Vale lembrar que nunca, sob qualquer hipótese, uma
entidade de luz expõe o seu médium a alguma situação vexatória, então da mesma
forma que uma médium pode incorporar um Exu, um médium pode e deve incorporar
uma Pombogira.
As Pombogira trabalham com saias
longas, roupas de renda, enfeites de flores no cabelo, pulseiras, etc. As cores
são as mesmas dos Exus, geralmente vermelho e preto ou apenas preto, mas sem
dispensar um belo dourado.
Dependendo da linha de trabalho,
as Pombogira podem beber vinho, champanhe, vermute, conhaque e até mesmo pinga.
Nossas guardiãs usam velas e guias das mesmas cores dos Exus.
Alguns Nomes Conhecidos de Pombogira
·
Maria Padilha (a mais conhecida e antiga entidade a trabalhar na Umbanda
nesta linha);
·
Maria Mulambo;
·
Rosa Caveira;
·
Rosa Negra;
·
Sete Facadas;
·
Sete Rosas;
·
Pombogira Cigana;
·
Pombogira Rainha das Encruzilhadas.

Exu Mirim
A origem dos Exu Mirim na Umbanda
é muito desencontrada. Sabemos que quando existiam trabalhos com a Esquerda
(Exu e Pombogira), antes de encerrar os trabalhos muitas vezes se manifestavam
seres com trejeitos de Exu misturado com Erês. Com o passar dos tempos foram
denominados Exu Mirins, que possuem a principal função de limpeza e descarrego
de ambiente.
Nas raras oportunidades que têm
de dar consulta, os Exu Mirim são muito rápidos e se limitam a descarregar as
energias de baixa vibração do assistido, quase nunca chegando sequer a trocar
palavras.
Fato é que os Exu Mirins são
seres encantados que trabalham auxiliando os Exus e as Pombogira, por isso a
incorporação deve ser muito bem acompanhada pelos dirigentes do terreiro, pois
é uma energia muito forte e por vezes o médium perde o controle da entidade, o
que pode causar inclusive machucados no médium (batendo uma cabeça, chutando
parede, etc).
Exus Mirim podem pedir para fumar
ou beber, mas são situação raras, e quando ocorrem geralmente é para descarrego
de forte energia de baixa vibração em lugares grandes, como terreiros inteiros.
Alguns Nomes Conhecidos de Exu Mirim
·
Brasinha;
·
Faísca;
·
Foguinhos;
·
Calunguinha;
·
Caveirinha;
·
Labareda.
Cigano
A Linha do Povo Cigano é
considerada uma linha assessória dentro da Umbanda, por se tratar de guias
espirituais que já trabalhavam de forma autônoma muito antes da Umbanda ser
anunciada, e não terem passado por mudanças doutrinária para atuar em nossa
religião. Por questão de afinidade os guias que atuam na Linha dos Ciganos
encontraram na Umbanda mais uma forma de praticar a Caridade e, desta forma,
conseguir sua evolução espiritual.
O Povo Cigano pôde trabalhar na
Umbanda com a autorização de sua padroeira, Santa Sara Cali, cigana que atingiu
a maior evolução possível enquanto encarnada, tendo sofrido muitas provações e,
dedicada ao Mestre Jesus, conseguiu a elevação espiritual, reconhecida através
de sua canonização.
O Povo Cigano vive até hoje, no
Plano Material, em famílias e são divididos em castas. No Plano Espiritual os
ciganos também se dividem em famílias, porém não necessariamente seguindo as
famílias carnais, mas sim as famílias por afinidade. Inicialmente o Cigano
Ramiro e a Cigana Sara, os mais experientes e vividos entre todos os ciganos,
receberam a incumbência de trabalhar a doutrina Umbandista junto aos ciganos
que decidiram trabalhar em nossa religião. Com o passar do tempo e a evolução
dessas entidades dentro da Linha de Umbanda, novas linhas de ciganos foram
criadas, sempre através do preceito da criação de falanges.
A linha dos ciganos, diferente
das outras linhas de trabalho na Umbanda, é formada mais por espíritos que,
encarnados, alguma vez foram ciganos, do que por irmãos que nunca tiveram esta
experiência enquanto encarnados.
O Povo Cigano é alegre por
natureza, sempre comemorando todas as conquistas importantes e, acima de tudo,
celebrando a possibilidade de, agora como espíritos de luz, poderem trabalhar
para Deus, visando seu crescimento. As festas e as roupas coloridas não devem
de forma alguma deixar que a seriedade daquele trabalho para o Divino seja
encoberta. Na Umbanda tudo tem um propósito, então não seria diferente com os
nossos amigos Ciganos.
Apesar de serem notadamente grandes
mestres no que tange a questões do coração e de relacionamentos, os Ciganos trabalham
em todas as questões importantes, sendo grandes conselheiros, porém por
representarem o caminho sempre aberto com sua natureza andarilha, os Ciganos
trabalham de forma muito assertiva nas questões de prosperidade e abertura dos
caminhos.
É comum as entidades Ciganas
trabalharem com pedras, incensos, ervas e outras ferramentas naturais, pela
aproximação e natural curiosidade que tinham enquanto encarnadas. Esta vontade
pelo aprendizado aliada à possibilidade do conhecimento no Plano Astral, faz
com que os Ciganos sejam exímios manipuladores das energias naturais.
Algumas Características dos Ciganos
Apesar do Cigano Ramiro e da
Cigana Sara, os primeiros a doutrinarem os demais ciganos para trabalharem na
Umbanda, não terem qualquer origem Espanhola ou em países que falam a língua espanhola, é muito comum as entidades
Ciganas que trabalham na Umbanda falarem com um sotaque que lembra o espanhol
(um “portunhol”, que é a mistura do português com espanhol). Isso ocorre porque
vários dos doutrinadores ciganos no Plano Espiritual viveram, sim, na região da
Espanha e Catalunha, portanto apresentavam esta forma de se comunicar. Quando
as entidades foram convidadas para trabalhar na Umbanda, não sendo uma linha
própria, conforme já dissemos, deveriam ter algo que as diferenciasse e, porque
não, firmasse uma homenagem aos outros povos que cercam os brasileiros os
quais, todos, sem exceção, falam espanhol. Então em sua infinita sabedoria,
Oxalá permitiu que ao Povo Cigano existisse o arquétipo da fala com sotaque
espanhol.
Para o Povo Cigano, o dourado não
é apenas uma cor. O dourado representa o ouro em si que, para os Ciganos
encarnados, era a forma que tinham de guardar seus recursos materiais sem
precisar adquirir o tipo de moeda da localidade que estaria adentrando (ouro é
ouro em qualquer país, independente da moeda adotada). Por isso, além da beleza
do “dourado”, para o Cigano o outro em si representa algo muito maior.
Representa o fato de, independente da mudança que existir em sua volta, seja
uma mudança boa ou não, a pessoa (representada pelo ouro) deve manter seus
valores principais.
Vale a pena ressaltar que
existiram ciganas que após desencarnadas decidiram trabalhar na Umbanda, porém
na linha de nossas amadas Pombogiras, então quando escutamos falar de Pombogira
Cigana, não se trata de uma entidade que trabalha na linha dos Ciganos.
Alguns Nomes Conhecidos de Ciganos
A Linha dos Ciganos possui uma
série de ramificações. Em capítulo específico sobre a linha, entenderemos qual
linha trabalha mais com determinado tipo de energia.
·
Cigano Ramiro (pai dos ciganos);
·
Cigana Sara (mãe dos ciganos);
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Iago;
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Afonso;
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Avelar;
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Breno;
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Yasmin;
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Dita;
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Carmen;
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Esmeralda;
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Rosita;
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Sarita.
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