quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A Quaresma e a Umbanda

Olá irmãos em Oxalá. Tudo bem Espero que sim. Desculpem pela demora na atualização, mas passei os últimos dias dedicando meu tempinho diário de Umbanda para a criação do Curso Sabedoria de Umbanda, que será ministrado a partir do dia 13 de março na Tenda de Umbanda Ogum Beira Mar em Jacareí, SP.

O assunto que resolvi falar a respeito é, adivinhem só, polêmico, porque envolve uma série de achismos, mas muito interessante de ser estudado, porque é em si só religioso em vários aspectos. Já que estamos às vésperas do Carnaval, falaremos sobre a Quaresma na Umbanda. Temos que ter um cuidado maior? Usar contra egum? Tapar o umbigo? Pode ou não fazer gira no terreiro? Se puder, é melhor trabalhar com a Esquerda ou com a Direita?

Inicialmente é sempre bom lembrar que a Umbanda não é uma religião cartesiana, como o catolicismo, por exemplo, onde pegamos um livro sagrado e o seguimos conforme nossas interpretações. A Umbanda é uma religião moderna, portanto não existe um certo e um errado, o que existe é algo com e algo sem fundamento. Então se esse texto apresentar os fundamentos ideais para a crença de quem ler, ok, se não, Oxalá abençoe e que o fundamento daquilo que cada um segue consiga nortear da melhor forma possível seus passos na religião.

Quaresma é algo criado pela Igreja Católica que compreende o período entre a Quarta-Feira de Cinzas e a Páscoa, e serve para o católico focar em duas coisas principais: piedade e caridade, através do jejum e da abstinência (Direito Canônico, Cân.129). Quem já pôde presenciar o ritual de início da Quaresma, na Quarta-Feira de Cinzas sabe que é algo realmente muito bonito e envolto em uma série de mistérios. Como a Quaresma é algo que vem diretamente de interpretação bíblica (Daniel 9,3 e Mateus 11,21, por exemplo) seria natural que nossos irmãos evangélicos adotassem, à sua forma de interpretação, algo relacionado ao tema. O Doutor em Teologia, e pastor evangélico, Odalberto Domingos Casonatto, alega que a Quaresma compreendida apenas nos 40 dias entre Carnaval e Páscoa não se justifica, porque as práticas do jejum, esmola e oração devem ocorrer o ano inteiro.

Eu pesquisei bastante e descobri que não existe rigorosamente nada com consistência na literatura ou em qualquer prática cristã que fale sobre um período "mais pesado", onde o fiel será atentado pelos espíritos ou algo do tipo, ou, ainda, que exista uma provação maior ou menor ao católico. Então de onde veio a ideia que muito umbandista tem de que a Quaresma é um período de maior provação e, até mesmo, no qual espíritos obsessores são soltos par nos atentar o tempo todo? Será que a nossa Quaresma é diferente?


Para responder esta pergunta, temos que voltar a um assunto que já tratamos aqui no COCAR, que é o Holopensene, ou o famoso "Pensamento Coletivo". Se existe uma coisa que todo umbandista acredita é que o pensamento transforma para o bem e para o mal. Se uma pessoa com fé o suficiente consegue emanar pensamentos positivos de cura, então o que dizer sobre milhões de pessoas pensando a mesma coisa ao mesmo tempo, com um grande foco? Não tem dúvida: aquilo vai acontecer. E é exatamente essa a questão com a Quaresma e a Umbanda. Sabemos que a base de médiuns da Umbanda foi feita basicamente por kardecistas que se converteram; se os kardecistas ainda hoje possuem um forte vínculo com o catolicismo, na anunciação da Umbanda, décadas atrás, isso era ainda maior. É esse basicamente o motivo de adotarmos em nosso calendário, festividades e rituais católicos. 

Acontece que a Umbanda é uma religião sem um direcionamento de um líder específico (não temos um Papa), então a Quaresma com o passar do tempo começou a ser vinculada em nossa religião com as provações pelo diabo que Jesus sofreu no deserto durante 40 dias. Um começou a falar isso, outro acreditou e passou pra frente e assim por diante até que passou a existir um pensamento coletivo em que isso passou a ser verdade. Só que como é que os espíritos obsessores ficaram "mais fortes" nesse período? Esse pensamento coletivo fez isso por si só? Não, esse tipo de coisa não acontece como mágica. O que pode, sim, acontecer é uma corrente de pensamento deixar o ambiente mais pesado ou mais leve e isso atrair um determinado tipo de espírito, mas não seria algo colossalmente grande como existe na Quaresma Umbandista. 

A Espiritualidade Amiga sempre utilizará todos os meios necessários, respeitando o Livre Arbítrio existente, para ajudar a todos em nossa evolução. A partir do momento que essa Holopensene da Quaresma foi criada no Astral, nossos amigos no Plano Espiritual conseguiram utilizar isso para ajudar nós, umbandistas, em nossa Evolução Espiritual (ou a famosa Reforma Íntima), para isso, sob a supervisão dos Guias de Luz que atuam para nos proteger dentro de nossos passos corretos (já ouviram falar dos Exus? Então, olha eles aí novamente), autorizam que espíritos obsessores atuem perante nós para que não apenas nos atentem, mas principalmente tenham condições de serem resgatados. É isso mesmo, irmãos. Durante a Quaresma é a época em que existe a maior quantidade de resgates de obsessores para a Luz Divina. Mas como isso acontece? Simples.... com muita oração. Então, remetendo ao conceito inicial do que é a Quaresma, podemos dizer que o conceito é igual (prece e vigília) mas com um objetivo distinto (resgate de espíritos obsessores).

Quando oramos e vigiamos, conseguimos não apenas ajudar os nossos irmãos que precisam de luz para seguir sua caminhada, mas nós também nos ajudamos com a nossa evolução. A Quaresma, portanto, irmãos, é uma grande oportunidade de evoluirmos espiritualmente, através de um contato mais forte com Deus e praticando aquilo que o Caboclo das Sete Encruzilhadas orientou lá atrás, em 1908: CARIDADE.

Eu particularmente não pratico qualquer tipo de jejum, mas entendo quem utilize essa prática para se confortar espiritualmente na Quaresma. O que eu preciso aconselhar é que o jejum em si não representa rigorosamente NADA se não for acompanhado de vigília de seus atos e oração. E se fizer jejum, que seja algo íntimo, sem existir uma publicidade sobre isso (seu irmão de terreiro não precisa saber que você faz jejum). 

Quero finalizar dizendo que, segundo o que acredito, existem os Tronos da Umbanda. Quando falamos de Evolução, quem rege é Obaluaê, então fiquem sempre em sintonia com a evolução deste Orixá, especialmente durante a Quaresma.

Bom, como somos umbandista e gostamos de rituais, simbora passar algumas instruções:

TAPAR O UMBIGO

Você já deve ter escutado isso de algumas pessoas e até mesmo de Guias. O fundamento de tapar o umbigo é bastante simples: o Chacra do Plexo Solar é o responsável pela captação de energia, e ele fica localizado exatamente na região do umbigo. Quando cobrimos o umbigo, em tese tapamos a entrada de energia negativa.

É claro que apenas se taparmos o umbigo não quer dizer nada (uma camiseta tapa o umbigo da mesma forma que um esparadrapo). O que deve ser feito é consagrar algum tipo de elemento da natureza que tenha a propriedade de captação de energia de baixa vibração. O elemento mais comum encontrado é no metal, então por isso podemos dizer que colocar uma moeda CONSAGRADA no umbigo pode ajudar bastante.

Para consagrar, basta colocar a moeda (ou o elemento de metal) em um local bastante limpo e firmar uma vela a Ogum (que é o Orixá Guerreiro, protetor, o qual vibra no metal). Depois disso, coloque a moeda consagrada no umbigo, com a ajuda de um esparadrapo.


PEDRA DE PROTEÇÃO

Existem várias pedras que possuem a propriedade de absorção de energias de baixa vibração. A mais conhecida pela sua efetividade é a Turmalina Negra. Apesar de ser extremamente forte em captar essas energias, a turmalina demora muito para descarregar essas energias, então não é aconselhado utilizá-la encostada ao corpo (colares por exemplo). A forma mais comum é utilizar dentro das bolsa ou no bolso da calça. 

Recomenda-se toda semana "descarregar" a pedra, deixando no chão durante uma madrugada inteira, firmando uma vela a Obaluaê durante o processo. Se você não tem a disponibilidade de colocar a turmalina na terra, pode deixar imerso em água com sal grosso que também funciona.


CONTRA EGUM

Pronto, chegamos ao assunto polêmico. Sergio, você é doido? Ficar falando de prática do Candomblé em um texto de Umbanda? Ora irmãos, e não estamos falando de Quaresma, que é do Catolicismo? Então, vamos falar de contra egum SIM!

Brincadeiras a parte, eu não recomendo utilizar um contra egum se você não tem rigorosamente todo conhecimento do fundamento que envolve esta prática. O contra egum vem do Candomblé e logicamente não tem relação NENHUMA com o Candomblé.

O contra egum é uma trança de palha da costa e é utilizado amarrado (sem nós) no braço da pessoa. A palha da costa é consagrada a Obaluaê, e quando consagrada da forma correta e após os banhos para Obaluaê tem a capacidade de afastar os espíritos obsessores. 

O seu uso para os umbandistas é recomendado apenas para os médiuns que trabalham em locais onde exista notadamente a concentração grande de desencarnados obsessores, como hospitais, bares, presídios, etc. 

Lembrando novamente: FAÇA APENAS SE VOCÊ CONHECER E RESPEITAR TODOS OS FUNDAMENTOS DESTE RITUAL.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Incorporação de Orixá

Olá povo lindo do Axé. O assunto de hoje causa sempre muita polêmica, porque diz respeito a algo que anda entre Umbanda e Candomblé, que apesar de serem religiões distintas, ainda existe uma estranha mania das pessoas acharem que um depende do outro, e boa parte dos umbandistas sofre do que eu chamo de "complexo do cachorro vira-lata" (salve Nelson Rodrigues), pois infelizmente pensam que o Candomblé é melhor ou "mais forte" que a Umbanda. Esse complexo, além de trazer coisas como descobrir o Orixá pelos búzios (que não, NÃO é um fundamento da Umbanda), gera em boa parte dos umbandistas uma necessidade de copiar os rituais do Candomblé.

Eu entendo que a Umbanda é uma religião moderna que traz para seu cerne vários conceitos de outras religiões, inclusive do Candomblé, mas tudo tem que ser feito com fundamento, e não apenas pegar parte de um ritual que tem seu fundamento em outra religião, e trazer para a Umbanda. É a mesma coisa que pegar um capítulo de um livro e baseado apenas neste capítulo querer resumir o livro todo e ainda se dizer especialista. Mas, Sergio, o que isso tem a ver com incorporar ou não incorporar Orixá na Umbanda? Simples, no Candomblé, conforme dita os conceitos daquela religião, os Orixás foram indivíduos dotados de características especiais que os diferenciavam e, já encarnados eram considerados divindades. Com o tempo, ascenderam ao Plano Espiritual, aonde vivem e comandam tudo até hoje.

Baseado nisso, pelo fundamento do Candomblé, existe a incorporação do Orixá em si em algumas casas e de representantes desses Orixás em outras. Então é crível que ali, sim, existe a manifestação de um Orixá propriamente dito. Na Umbanda, no entanto, não podemos dizer isso, simplesmente porque independente da vertente que o terreiro siga (alguns acreditam que os Orixás existiram encarnados e ascenderam e, ali, se tornaram divindades e outros acreditam que os Orixás são forças da natureza), sabemos que não há como um único indivíduo (Orixá) possa incorporar em mais do que uma pessoa ao mesmo tempo (Orixás seriam INDIVÍDUOS). O que existe na Umbanda não é a incorporação propriamente dita do Orixá, mas sim de um CABOCLO que atua na vibração daquele Orixá.

Neste ponto, vale a pena lembrar que existem vários níveis hierárquicos mesmo na Espiritualidade, sendo que os caboclos que atuam nos terreiros, incorporados e prestando atendimento, são os Guias que acompanham uma pessoa. Além deste caboclo, existem os capangueiros, que são representantes dos Orixás dentro de cada falange. Esses capangueiros são os responsáveis em trazer para o terreiro, através de um médium, a "força bruta" daquele Orixá que representa. É por este motivo, que na maioria das vezes eles dançam trazendo seu Axé e não falam absolutamente nada, pois não faz parte de sua missão fazer isso. Quando manifestado em um terreiro, o faz para energizar com a força daquele Orixá a casa, os médiuns e consulentes.

Vimos que na Umbanda não se manifesta Orixá, mas sim Caboclo. Isso é polêmico? Sim, certamente... mas vai ficar ainda mais. E se eu disser que na maioria das vezes não é nem Caboclo que incorpora no médium, mas o próprio médium? E, ainda por cima, não é animismo! É uma situação um pouco mais complicada de entender, mas ela vem para justamente respaldar alguns dos conceitos mais tradicionais da religião, que é o tal "pai ou mãe de coroa" de alguém. Vamos entender:

Todo mundo tem algo que chamamos de ori. Nosso ori serve basicamente para duas coisas: contato com o Plano Espiritual (quando existe incorporação, ela se inicia através de nosso ori, por isso é considerado algo sagrado) e armazenamento de todas as informações que recebemos do Plano Espiritual. Entre essas informações, está  as informações que o médium recebe da vibrações de seu Orixá de Coroa (já vimos o que é isso). Vamos pegar meu caso como exemplo: eu sou filho de Oxóssi (quer dizer que Ele é meu Orixá de Coroa), então desde meu nascimento recebo as informações da força de Oxóssi e essas informações são armazenadas no meu inconsciente, o que faz com que eu tenha algumas das características deste Orixá. 

Como esta informação está armazenada em meu inconsciente, de uma forma natural (e isso é científico, não se trata de especulação) o meu consciente é sempre "abastecido" por essas informações. Quando o médium de forma consciente se concentra para dar passividade ao Orixá, na maioria das vezes não é um guia que se aproxima, mas as informações do Orixá em si que estão impressas na mente do médium que se manifesta. Se eu puxar na memória, inúmeras vezes escutei de guias "salve sua coroa" ou algo parecido. Quando isso acontece, eles estão saudando o Orixá que carregamos em nosso coroa (ou em nosso ori). Então é certo dizer que todos nós carregamos a essência do Orixá e é natural e muito lindo quando há a manifestação desta energia junto ao médium. 

Por essas e outras eu disse lá no começo do texto que este assunto é bastante polêmico. Nós não manifestamos o Orixá; nós manifestamos ou um Caboclo que atua na vibração daquele Orixá, ou manifestamos nosso inconsciente que está irradiado com a energia do Orixá. E tudo isso é muito lindo, pois esta complexidade que é voltada para o crescimento do indivíduo que fortalece nossa religião.

Salve todos os Orixás da Umbanda
Salve nosso Ori

Axé

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Tata Caveira


TATA CAVEIRA

Eu respeito todas as entidades que trabalham na Umbanda da mesma forma. Acredito que todas são maravilhosas e se prestam à Caridade, então por si só isso já me trona uma fã de carteirinha de nossa religião e dos trabalhadores que a sustentam. Existem, porém, alguns guias que tenho maior afinidade e, por isso, acabo me inteirando mais de suas histórias e conhecendo sua forma de pensar e agir dentro da religião. Certamente uma dessas entidades é o Exu Tata Caveira, o qual me acompanha e me dá a honra de ser seu aparelho para trabalhos nos terreiros.

Quero dizer que o que falarei aqui não se trata de uma regra de como são os Exus desta linha, afinal de contas cada um desses guias tem a sua história e trabalham com o nome do Falangeiro que o doutrinou dentro da religião. O Seu Tata que trabalha comigo pode ser diferente daquele que trabalha com o leitor, que pode ser diferente daquele que trabalha com o amigo do leitor. Existem, sim, pontos em comum que falarei a respeito, mas esse texto específico será, como editei o texto agora e consegui perceber, um verdadeiro desabafo deste maravilhoso Guia.

Outro dia conversava com Seu Tata a respeito de como eu deveria agir em uma situação específica. Sua resposta foi bastante clara, como há muito ele não era (geralmente eu sou intuído, mas desta vez eu escutava de forma bastante clara como se ele estivesse ali). Ele me disse algo assim:
"Você me conhece há tempo o suficiente para saber que não vou te colocar neste ou naquele caminho. Você é inteligente para saber distinguir o certo do errado, então basta fazer isso e tomar a decisão certa". Sim, eu já sabia disso, mas mesmo assim queria uma dica, algo que pudesse me amparar. Foi então que tive uma lição de humildade e pude entender um pouco de sua história. As palavras dele me parecem ainda mais claras quando busco na memória recente:

"Seu conhecimento me parece estar minguando a cada dia. Nós dois somos trabalhadores da religião de Umbanda, com a única diferença que eu fui abraço pela Espiritualidade e, depois de muito penar, abracei de volta. E você? Você abraçou de verdade a Umbanda, ou gosta de falar que é umbandista? Se você tem o conhecimento do que deve e do que pode fazer dentro dos ensinamentos que teve, então faça. Se não tiver, quer dizer que seu desequilíbrio com Aquele que carrega na coroa está maior do que eu pensava. Se tem o conhecimento e não pratica, então te falta fé, e trabalhador da Espiritualidade sem fé, não é nada além de uma carcaça a prejudicar os outros. E digo prejudicar porque você só consegue dar aquilo que tem, então se alguém buscar conforto espiritual em você, não terá nada de volta além de mais dúvidas."

A resposta que eu tive foi quase um soco no estômago e me fez refletir muito a respeito de quem eu sou dentro da religião e o que posso ser. Baseado nisso, perguntei a Seu Tata se ele poderia me falar um pouco de sua história, não para que eu seguisse à risca (lógico que não), mas para que pudesse entender um pouco mais como se dá a evolução de um espírito (encarnado ou não) na Umbanda. Sua resposta foi:

"Você bem sabe que não gosto de contar histórias, porque na minha situação atual, onde eu carrego o nome de meu Mestre, remeter ao meu passado e contar isso para as pessoas pode me trazer de volta a vaidade que me fez cair. Eu vou te explicar algumas das partes principais de quem fui e como me desenvolvi, para que você perceba o como podemos ser iguais. Não entenda isso como minha história pessoal, mas como uma lição.

Quando encarnado cometi vários atos que eram errados sem sombra de dúvidas. Eu era inteligente, tinha conhecimento do que era certo e do que era errado, e por minha única vontade decidi fazer as coisas que eram erradas. Quando agimos de forma correta, damos um pequeno passo para frente; quando agimos de forma errada, corremos para trás. Minha caminhada errada me fez regredir muito, me tornando tudo aquilo que eu não poderia ser: pensava apenas em mim e não me importava em pisar nas outras pessoas, por qualquer motivo que fosse. Eu achava que era a pessoa mais importante que existia, e aquilo me colocava em uma posição onde eu precisava ser adorado pelos outros. Meu ego era cheio de volúpia enquanto vivo, e quando desencarnei percebi que ninguém chorava por mim, então meu coração se encheu de ódio.

Passei por incontáveis anos fazendo o mal pela simples vontade de fazer. Ao contrário do que muitos contam, existem espíritos obsessores que trabalham sozinhos e não recebem nada em troca, além da angústia das outras pessoas. Em determinado momento fui resgatado por aquele que se tornaria meu Mestre. Se passei décadas praticando maldade, passei muitas outras mais aprendendo que aquilo era errado e sendo doutrinado para trabalhar visando reverter tudo aquilo de errado que tinha feito antes. Quando pude aprender o suficiente para trabalhar na Umbanda, aprendi minha última e maior lição: meu Mestre Falangeiro, que havia me curado a alma, tirou qualquer resquício de vaidade ao me tirar a pele, os músculos e os órgãos. A partir daquele instante eu seria Caveira como ele se apresentava, porque todos temos nossas caveiras no corpo, portanto seria minha aparência esquelética o símbolo de que não há distinção física alguma entre os seres, e o que importa é a evolução de cada um.

Quero que você entenda que quando você sabe que algo é errado e mesmo assim faz aquilo, está andando para trás; está se tornando uma pessoa má, e tudo aquilo que você fizer nesta vida vai te acompanhar para sempre. Você não sabe o dia que vai desencarnar, então não deve ficar com esta sua mania de achar que dará tempo para arrumar tudo aquilo de errado que fez. Pode ser que não dê, e se isso acontecer o que você vai fazer a respeito? Chorar a oportunidade que perdeu? Se tornar um dos obsessores que tanto nos dá trabalho? Eu só conheci a Umbanda depois de muito tempo após desencarnar, mas você não. Você tem a oportunidade de seguir um caminho muito melhor do que eu segui, sabendo de coisas que eu não sabia e tendo instrumentos para melhorar que eu não tive. Então abrace a Umbanda como eu fiz. Não faça isso da boca para fora, porque falar que é umbandista é fácil. Haja como umbandista."

Sabe quando você fica atônito por um bom tempo, completamente sem reação? Pois bem, eu fiquei desta forma. Passei alguns dias assimilando tudo o que foi dito e decidi rever alguns posicionamentos em relação a coisas que eu fazia de uma forma automática, incluindo a minha atuação dentro do terreiro que trabalhava. Existiam situações que não cabem aqui expor, mas que não eram de meu agrado. Eu sempre consegui ter o entendimento que os terreiros de Umbanda são diferentes um do outro e sei que não existe um certo e um errado (religião não é matemática), mas sempre tive um olhar crítico em demasia quando algo acontece de uma forma que eu não concordava ou que eu tinha aprendido de forma diferente. Eu decidi perguntar a Seu Tata o que ele entendia sobre esse assunto. Não pedi orientação, apenas sua opinião:

A forma certa de girar em um terreiro de Umbanda é se melhorar a cada trabalho feito. Quando a assistência está cheia de pessoas, quer dizer que o terreiro é bom, que ajudou alguém que convidou outra pessoa. Se você acha que consegue fazer melhor que quem dirige a casa, então abra um terreiro para comandar. Mas faça isso sabendo que para alguém a forma que você vai decidir o que será feito e a forma como será feito estará errada. Eu vou te acompanhar sempre em todos os lugares que você for porque me foi dada a incumbência de te ajudar em sua evolução da mesma forma que você me ajuda, mas a partir do momento que você fizer algo que eu considere errado dentro de um terreiro que decida tomar a frente, farei você aprender da pior maneira o que é humildade, e ser humilde passa por aprender com aqueles que vieram antes de você. Se não te couber, aceite a diferença, não diga e nem pense que está errado. Se fizer isso, quer dizer que tem um remédio que não existe para uma doença que ninguém sabe qual é. Você precisa entender que não é melhor e nem pior que qualquer pessoa.

Se uma casa não te agrada, peça o afastamento como tem que ser: respeitando quem está à frente e todos os trabalhadores. Procure uma casa que te agrade por completo e quando não encontrar, volte humildemente pedindo perdão.

Essas conversas me mostram como sou pequeno diante a Espiritualidade e o como ainda temos todos que evoluir para termos o entendimento que esses Guias de Luz possuem. Agradeço sempre pela oportunidade de ser amparado por todos esses Guias maravilhosos, em especial Seu Tata Caveira, que me ajuda muito em tudo, inclusive quando me dá esse tipo de bronca (aliás, acho que me ajuda mais ainda quando “come meu toco”).

Falado um pouco sobre a história pessoal entre Seu Tata e eu, vamos explicar como atua a linha dos Caveira num geral. Primeiramente precisamos esclarecer que a Linha dos Caveira, como são conhecidos os Exus de Cemitério (ou Calunga Pequena), é formada por alguns poucos falangeiros (lembram quem são, né?) que atuam rigorosamente da mesma forma. A razão de existir mais de um falangeiro é porque esses indivíduos que aceitaram a missão de trabalharem na Umbanda foram evoluindo e tiveram afinidade com Obaluaiê, o Orixá que atua justamente na Calunga Pequena. Creio que com o passar dos anos novas falanges na Linha dos Caveiras surgirão para nos auxiliar na Umbanda.

Não consigo dizer ao certo quais são todos os falangeiros na Linha dos Caveiras, mas certamente os mais conhecidos são: Exu Caveira (o primeiro falangeiro desta Linha a se manifestar), João Caveira, Sete Caveiras e Tata Caveira. Existem outros guias do Cemitério, mas não são da Linha dos Caveira (Exu Sete Catacumbas, por exemplo).

Já vimos que Tata Caveira é regido por Obaluaiê, então de uma forma natural uma de suas principais funções é atuar no afastamento de doenças e males espirituais que possam somatizar na pessoa e causar algum dano físico. Tendo essa missão de atuar na parte espiritual revertendo ataques de espíritos obsessores que possam causar algum tipo de doença, a Tata Caveira foi dado o conhecimento para entender e manipular qualquer tipo de magia (seja de alta ou de baixa vibração). Esse conhecimento transformou Tata Caveira em um verdadeiro Mestre da Magia, sendo uma das poucas linhas da Umbanda a conseguir desfazer sozinha trabalhos de magia com o uso de sacrifícios para os kiumbas.

Sabido de sua missão, é muito raro encontrar algum Guia que atua na linha de Seu Tata Caveira que fala muito a respeito do que faz, ou que se vangloria de seus feitos, isso porque o falangeiro Tata Caveira exige humildade de seus subordinados, pois sabe que o ego é traiçoeiro e pode derrubar quem quer que seja, inclusive algum Guia de Luz.

Gostou de conhecer Sr.Exu Tata Caveira? Bacana né? Vou ensinar abaixo como arriar uma oferenda de AGRADECIMENTO (não peçam nada) para este guia maravilhoso:

Vocês precisarão de:

1 Alguidar (médio ou grande)
Farinha de milho branco
Farinha de milho amarelo
1 cebola roxa
7 pimentas vermelhas
3 bifes de fígado
Azeite de dendê
1 garrafa de cachaça
3 velas pretas
3 velas brancas
1 vela cruzada preta e vermelha
3 charutos

  • No alguidar coloque primeiro a farinha branca e regue com bastante cachaça. Misture com as mãos, colocando todas as suas boas vibrações naquele ato.
  • Repita com a farinha amarela.
  • Coloque as duas farinhas no alguidar, dividindo um lado a branca e do outro lado a amarela.
  • Frite no azeite de dendê os bifes (não muito, apenas para não sair mais sangue) e distribua em cima das farinhas.
  • Corte a cebola em 7 rodelas e distribua uniformemente sob a farinha e os bifes.
  • Enfeite com as pimentas.
  • Regue o padê com uma boa quantidade de cachaça e depois com o dendê.
  • No lado de fora do alguidar coloque a garrafa de cachaça
  • Firme as velas, colocando na parte de cima a vela cruzada e de um lado as velas pretas e de outro as brancas.
  • Acenda os charutos e para cada um deles, dê 7 baforadas no padê, pedindo que Seu Tata receba aquela oferenda de bom grado. Coloque os charutos ou na frente do alguidar (do lado de fora) ou de uma forma bonita e harmoniosa dentro do alguidar (com o lado da chama para fora).


Faça isso com muita FÉ e GRATIDÃO a Tata Caveira, nosso amado Guardião.

Obs: se você já tiver uma boa firmeza, peça orientação a seu sacerdote para arriar no cemitério. Se não, eu aconselho a fazer esta firmeza no terreiro mesmo.

Ninguém é tão bom que incorpore Jesus Cristo e nem tão ruim que incorpore o Diabo” – Tata Caveira.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Miasmas e Larvas Astrais


Ontem no terreiro que trabalho tivemos uma aula muito interessante de nossa irmã Nelma (que, aliás, merece todas as reverências pelo seu maravilhoso trabalho de levar o ensinamento de forma caridosa a quem precisa) sobre miasmas e larvas astrais. Eu conhecia pouca coisa e achava, sinceramente, que era tudo igual. Para mim miasma e larva eram sujeiras que ficam no astral, mas descobri que é bem mais que isso.

A escritora Rhonda Byrne ficou famosa pelo seu livro O Segredo, onde ajuda a descrever alguns conceitos que quem é umbandista já deveria saber faz tempo: somos feitos de energia e emanamos energia o tempo todo através de nossos pensamentos e atitudes; e tudo aquilo que jogamos para o universo, volta para nós de alguma forma. Se temos bons pensamentos e bons sentimentos na vida, recebemos de volta na mesma medida. Se nossos pensamentos e sentimentos são ruins, pesados, então o que receberemos de volta algo parecido. Seria uma espécie de Lei do Retorno associada de forma direta com as consequências que devemos ter para nosso crescimento enquanto indivíduos baseados no Livre Arbítrio.

Se tudo que existe, incluindo nós mesmos, é composto de energia, então tudo aquilo que pensamos volta para nós não apenas como uma mera consequência do carma que geramos (exemplo: quem um dia bate outro dia vai apanhar), mas também como energia negativa ou positiva, e essa energia acaba nos cercando e de certa forma impregnando em nossa aura.

Na medicina, quando há alguma sujeira no corpo da pessoa, é utilizado o termo miasma. A espiritualidade emprestou este termo e determinou que tudo aquilo que forma algum tipo de marca em nossa aura, seja ruim ou até mesmo boa, é considerado um miasma. Quando esse miasma, formado por energias geradas através de pensamentos negativos, fica impregnado em uma pessoa, é denominado miasma deletério (que é o que, por padrão, chamamos de miasma negativo).

Segundo Sthefany Nolasco, especialista no assunto, os miasmas são uma espécie de “plastificação” de nossos atos e pensamentos, tendo a capacidade de grudar em tudo que nos cerca, além de nós mesmo. Quando uma pessoa está com grande quantidade de miasma deletério a seu redor, é bastante comum que aquela energia negativa acabe somatizando e se transforme em sintomas de doenças que a pessoa sequer tem. Dores de cabeça, peso nas costas, incômodo estomacal, etc, podem ser consequência de uma concentração grande de energia de baixa vibração. A contrapartida é verdadeira, então ao ponto que dores podem ocorrer, é fato que alguém que se cerca de energia positiva consegue sentir em seu corpo as boas consequências de seus pensamentos, ficando mais leve e conseguindo afastar de si os sintomas de desconforto causados por pensamentos negativos de outras pessoas.

Existe uma situação que acaba sendo bastante perigosa, que é quando em algum ambiente fechado (casa, escola, trabalho, carro, etc) o acúmulo de energia negativa é tão grande que os miasmas ficam impregnados de tal forma nas paredes que acabam gerando aquilo que chamamos de larvas espirituais (ou astrais), que nada mais são do que seres asquerosos sem qualquer tipo de pensamento, que existem apenas para propagar aquele tipo de pensamento de baixa vibração.

Essas larvas ficam grudadas nas paredes, móveis e tudo mais que existe em um ambiente e elas agem de forma parasitária, se nutrindo das energias negativas existentes e, para piorar a situação, provocam incômodos nas pessoas que estão naquele ambiente que, invariavelmente, por conta deste incômodo acabam brigando ou entrando em situações negativas e gerando ainda mais energia de baixa vibração, o que alimenta essas larvas e faz com que elas se propaguem cada vez mais. Ou seja, ter larva espiritual em um ambiente á muito complicado e gera uma série de problemas de difícil solução.

Como o próprio nome diz, esses seres têm a aparência de larvas nas cores verde musgo (bem escuto) e uma cor avermelhada escura, parecendo sangue pisado. Além disso, em casos muito específicos, quando o ambiente tem o acúmulo dessas larvas por um grande período de tempo, sendo alimentadas, existe uma espécie de eclosão e elas tomam aparências distintas, geralmente seres bestiais. Esses seres estão vinculados a algum tipo específico de energia negativa liberada pelas pessoas e acompanham as pessoas nesses atos. Vamos a alguns exemplos:

Dragões surgem em ambientes ligados à luxúria, tais como prostíbulos e bordéis. Esses seres são criados pelos pensamentos das pessoas que frequentam e o mal que causam é o vício na luxúria, causando uma espécie de vício nas pessoas que são sugestionáveis.

Os Íncubus e Súcubos são um caso interessante, pois são uma espécie de simbiose entre espíritos desencarnados que possuíam compulsão pelo sexo e ainda não conseguiram se livrar dele, junto as larvas astrais. Esta junção cria o Íncubus, que acompanha a mulher e o Súcubos que acompanha o homem. A presença desses seres é extremamente perigosa pois ela existe única e exclusivamente para acompanhar as pessoas durante a relação sexual, se alimentando daquela energia e gerando uma compulsão cada vez maior pelo sexo, de forma indiscriminada, o que pode acarretar em promiscuidade e o fim de relacionamentos.

Vale ressaltar que não é porque alguém é promíscuo (ou seja, tem mais de um parceiro sexual ao mesmo tempo, sem o consentimento do outro) que está com um íncubus ou súcubos. Na maioria dos casos é falta de caráter mesmo.

Os Fantasmatas são circulam os cemitérios e são criados pela concentração de energia negativa que acompanham as pessoas que enterram seus parentes, amigos, etc. Claramente os sentimentos naquele momento são ruins e geram uma energia pesada. Como não existe outra energia trazida pela maioria dos encarnados em um cemitério, além da dor pela perda, a presença dos fantasmatas é bastante comum.

Esses seres tendem a acompanhar durante um tempo pessoas receptivas a aquele sentimento, mas retornam ao cemitério pois ali terão a certeza de serem alimentados pelas energias de baixa vibração contidas nos pensamentos daqueles que enterram seus entes.

Sabe aquela frase antiga que diz “fulano está com Encosto”? Pois bem, esse tipo de ser existe e é gerado quando um sentimento de inveja de uma pessoa para outra é contínuo e dura algum tempo. As larvas astrais se juntam e nasce um ser completamente desforme que acompanha o alvo da pessoa invejosa. O interessante sobre este ser é que quando ele é destruído, acaba voltando para a pessoa que o gerou (ou seja, o invejoso). Então quando dissemos que todo sentimento de inveja que vai, volta, é realmente verdade.

Mas o que fazer se você está com miasma deletério e, pior ainda, cercado dessas larvas astrais? Está tudo perdido? Claro que não. Para rigorosamente todo problema há uma solução, e neste caso são várias, as quais elenco para reflexão dos amigos leitores:

Bons Pensamentos: se os maus pensamentos geram os miasmas deletérios, os bons pensamentos geram os miasmas positivos. Quando no começo, se um miasma deletério for criado por alguma situação pontual existente, um pensamento positivo de verdade, vindo do coração, pode acabar com aquela energia negativa e transmuta-la em positiva.
Reforma Íntima: esse assunto é muito mais complicado do que parece, e merece uma análise bem mais aprofundada, mas basicamente fazer um exercício diários e constante em melhorar tudo aquilo que você pensa e faz, vai gerar a tal reforma íntima, que só existirá se for algo realmente feito de coração, não apenas da boca para fora.

Evitar Situações Negativas: eu sei que essa parte já é bem mais complicada, pois muitas vezes somos colocados em situações que geram algum tipo de negatividade, mesmo não querendo. O que podemos fazer, no entanto, é sempre manter os pensamentos em alta vibração, ou seja, focado em coisas boas. Tentar não focar no problema, mas buscar uma solução que seja harmoniosa.

Eu particularmente adoro uma cerveja gelada em um boteco sexta de noite, mas o ideal mesmo é evitar qualquer tipo de lugar que tenha acúmulo de energias negativas, e os bares invariavelmente são assim. Nós umbandistas, após irmos a algum bar ou similar, devemos tomar banho de descarrego para nos limpar daquelas energias. E, claro, é sempre bom lembrar que não devemos abusar do álcool, cigarro e semelhantes. Como diz nossa professora Nelma “quando bebemos, não bebemos sozinhos”.

Rituais de Limpeza de Ambiente e Pessoal: esqueceu de fazer tudo isso ou já estava infestado de energia negativa? Então é o caso de providenciar uma limpeza não apenas em você (através dos banhos de descarrego e proteção), mas principalmente nos lugares onde há a presença das larvas.

Banhos

Vou citar os mais simples, mas é sempre bom lembrar que existe uma infinidade de outras combinações de ervas que podem gerar um efeito diferente e até melhor. Como não sei das condições de todos os amigos leitores, vou usar os mais simples e conhecidos.

Banho de sal grosso: 2 litros de água e 7 colheres de sopa de sal grosso.

Basta ferver a água por 2 minutos e tirar o excesso de sal (as pedras que não derreteram). Espere esfriar ao ponto de não queimar sua pele e, após tomar um banho normal, jogue o banho de sal grosso do ombro para baixo.

Eu aprendi com alguns guias espirituais e reforcei com o mestre Erveiro Adriano Camargo que devemos esperar algum tempo até o banho fazer efeito (cerca de 10 respiradas profundas) e depois podemos tomar outro banho, porque muitas vezes a presença do sal após secar incomoda bastante. Se você vai tomar ou não outro banho, aí é decisão de cada um. Eu particularmente tomo e me sinto bem do mesmo jeito.

Banho de proteção: o sal grosso não protege, ele apenas descarrega as energias que estão com a pessoa, promovendo uma limpeza. Se o banho de sal grosso for tomado pela manhã, então na tarde do mesmo dia a pessoa pode tomar o banho de proteção. Se o banho com sal grosso foi tomado de noite, a pessoa poderá tomar o banho de ervas na manhã seguinte.

Para esse banho, precisamos de ervas quentes que, inclusive, são direcionadas para a limpeza de sujeiras causadas por miasmas e larvas astrais. As ervas são:

Guiné (é uma erva que tem a propriedade de cortar qualquer tipo de ligação negativa, então a energia emanada da guiné dificulta que energias negativas acoplem na pessoa);
Arruda (talvez a mais conhecida erva de proteção que existe, é sempre eficaz num banho de defesa);
Eucalipto, Quebra Demanda ou Pinhão Roxo (são ervas de proteção e ajudam na sustentação do trabalho das demais);
Casca de Alho (além de ser uma erva de proteção e descarrego de energias negativas, também promove o afastamento de energias negativas geradas por espíritos obsessores que eventualmente tenham afinidade energética com o ambiente carregado);
Cânfora (é uma conhecida erva de cura que misturada com as demais, tem a função de alinhar a energia da pessoa que eventualmente tenha se desgastado devido aos miasmas deletérios ou larvas astrais).

A pessoa deve macerar as ervas em água morna, rezando e pedindo proteção. O banho pode ser feito da cabeça aos pés, seguindo a mesma ritualística do banho de sal grosso (tomar um banho normal antes e outro depois, se assim quiser).

A partir de agora você estará limpinho, bastando manter uma vida regrada e cheio de Deus no coração. Mas, contudo, no entanto, todavia vocês vão falar “Sergio, e minha casa cheia de larvas?”. Eu respondo: vamos defumar!

É basicamente isso mesmo. A pessoa estando limpa e com a mente serena, focada em sua mudança, deve realizar a limpeza do ambiente, que no caso de nós, umbandistas, está na defumação.

Eu aprendi com o amado Caboclo Jaguara e com Seu Tempestade que toda erva utilizada em banho pode ser usada em defumação, mas não o contrário. Sendo assim, defumar o ambiente com as mesmas ervas utilizadas no banho (o mesmo tipo, por favor não usem literalmente a mesma erva molhada heim) é uma solução fácil para esses casos.

A defumação deve sempre ser feita da parte de trás para a frente da casa e de dentro para fora, com orações de limpeza ou pontos de defumação. Esta defumação pode ser feita dia sim dia não, até que o clima no lugar melhore (acredite, a diferença é bem grande).

Quando o ambiente está muito mais pesado que o normal, a defumação pode demorar mais para fazer efeito, então nesses casos é recomendado um dos rituais mais antigos da Umbanda, que é o bate folhas.

O bate folhas foi introduzido em nossa religião pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, o qual amarrava uma quantidade de ervas específicas e “batia” levemente com essas ervas no consulente, promovendo sua limpeza. Com o passar do tempo, os médiuns aprenderam como consagrar aquelas ervas e as utilizam para limpeza de ambientes.

Quando se faz necessária a utilização de um bate folhas em casa, é fato que a situação é mais grave do que as cotidianas, então podemos e devemos utilizar todo o conhecimento adquirido para tal, sendo que por diversas vezes o médium que realiza o bate folhas na casa de alguém, recebe a energia de algum guia para que o acompanhe. Esta energia em boa parte dos casos decorre da aproximação de um Exu, o qual tem condições de manipular toda e qualquer erva consagrada para utilização na Umbanda.

Se a pessoa que fizer o bate folhas não souber se terá a companhia ou não de Exu, então é aconselhado fazer um ramo com as seguintes ervas: arruda, guiné, quebra demanda, pinhão roxo, eucalipto e manjericão (a única das ervas mornas, utilizada para regeneração do ambiente).
Se o médium que fizer o bate folhas tiver conhecimento que será acompanhado por Exu, então pode utilizar as seguintes ervas:

Amoreira: a folha desta árvore tem a característica de armazenar as energias durante o dia e no final da tarde descarregar. O uso desta erva, portanto, é bastante eficaz mas tem que ser feito de forma consciente, pois se se o chumaço de folhas não for descarregado da forma correta, pode trazer de volta as energias negativas;

Aroeira: além de descarregar, tem a função de atuar especificamente em questões de compulsão sexual, portanto é recomendado seu uso quando tiver a presença de íncubus e súcubos, ou em rituais feitos em locais onde exista ou existiu atividade sexual constante e desregrada (bordéis, por exemplo).

Arrebenta Cavalo: tem função parecida com a aroeira, porém em menor escala. Sua principal característica neste ritual é a de fixar a energia das demais ervas por maior tempo no ambiente;

Arruda: olha ela aí de novo. Arruda também é erva de Exu e serve como ótimo descarrego;

Bardana: não é fácil ser encontrada, mas quando utilizada no bate folhas, além de ajudar no descarrego do ambiente, ajuda na proteção do médium, evitando que ele receba alguma carga energética negativa;

Cana de Açúcar: consagrada a Iansã e Exu, é uma erva com fortíssimo poder de descarrego de ambiente, inclusive quando existe a presença de obsessores;

Cardo Santo: deve ser utilizado em rituais onde existam a presença de animais;

Fedegoso (ou Crista de Galo): além de descarregar e proteger, esta erva tem a propriedade de energizar o ambiente e quebrando especificamente larvas que atentam contra a saúde das pessoas;

Mamona: uma das mais conhecidas e fortes ervas consagradas a Exu, não pode faltar num bom bate folhas;

Mangueira: fácil de ser encontrada, as folhas da mangueira limpam e protegem;

Pinhão Roxo: também comum de ser encontrada, serve como descarrego de ambiente.

Essas são as ervas que podem ser utilizadas em um ritual de bate folhas com Exu, porém vale lembrar que o ritual pode ser feito com pelo menos três dessas ervas, não necessitando todas elas.

Gostaram do assunto? Eu particularmente achei muito legal e vou estudar mais a respeito, sempre tendo em mente que preciso mudar e ser uma pessoa melhor a cada dia.

Axé