quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Miasmas e Larvas Astrais


Ontem no terreiro que trabalho tivemos uma aula muito interessante de nossa irmã Nelma (que, aliás, merece todas as reverências pelo seu maravilhoso trabalho de levar o ensinamento de forma caridosa a quem precisa) sobre miasmas e larvas astrais. Eu conhecia pouca coisa e achava, sinceramente, que era tudo igual. Para mim miasma e larva eram sujeiras que ficam no astral, mas descobri que é bem mais que isso.

A escritora Rhonda Byrne ficou famosa pelo seu livro O Segredo, onde ajuda a descrever alguns conceitos que quem é umbandista já deveria saber faz tempo: somos feitos de energia e emanamos energia o tempo todo através de nossos pensamentos e atitudes; e tudo aquilo que jogamos para o universo, volta para nós de alguma forma. Se temos bons pensamentos e bons sentimentos na vida, recebemos de volta na mesma medida. Se nossos pensamentos e sentimentos são ruins, pesados, então o que receberemos de volta algo parecido. Seria uma espécie de Lei do Retorno associada de forma direta com as consequências que devemos ter para nosso crescimento enquanto indivíduos baseados no Livre Arbítrio.

Se tudo que existe, incluindo nós mesmos, é composto de energia, então tudo aquilo que pensamos volta para nós não apenas como uma mera consequência do carma que geramos (exemplo: quem um dia bate outro dia vai apanhar), mas também como energia negativa ou positiva, e essa energia acaba nos cercando e de certa forma impregnando em nossa aura.

Na medicina, quando há alguma sujeira no corpo da pessoa, é utilizado o termo miasma. A espiritualidade emprestou este termo e determinou que tudo aquilo que forma algum tipo de marca em nossa aura, seja ruim ou até mesmo boa, é considerado um miasma. Quando esse miasma, formado por energias geradas através de pensamentos negativos, fica impregnado em uma pessoa, é denominado miasma deletério (que é o que, por padrão, chamamos de miasma negativo).

Segundo Sthefany Nolasco, especialista no assunto, os miasmas são uma espécie de “plastificação” de nossos atos e pensamentos, tendo a capacidade de grudar em tudo que nos cerca, além de nós mesmo. Quando uma pessoa está com grande quantidade de miasma deletério a seu redor, é bastante comum que aquela energia negativa acabe somatizando e se transforme em sintomas de doenças que a pessoa sequer tem. Dores de cabeça, peso nas costas, incômodo estomacal, etc, podem ser consequência de uma concentração grande de energia de baixa vibração. A contrapartida é verdadeira, então ao ponto que dores podem ocorrer, é fato que alguém que se cerca de energia positiva consegue sentir em seu corpo as boas consequências de seus pensamentos, ficando mais leve e conseguindo afastar de si os sintomas de desconforto causados por pensamentos negativos de outras pessoas.

Existe uma situação que acaba sendo bastante perigosa, que é quando em algum ambiente fechado (casa, escola, trabalho, carro, etc) o acúmulo de energia negativa é tão grande que os miasmas ficam impregnados de tal forma nas paredes que acabam gerando aquilo que chamamos de larvas espirituais (ou astrais), que nada mais são do que seres asquerosos sem qualquer tipo de pensamento, que existem apenas para propagar aquele tipo de pensamento de baixa vibração.

Essas larvas ficam grudadas nas paredes, móveis e tudo mais que existe em um ambiente e elas agem de forma parasitária, se nutrindo das energias negativas existentes e, para piorar a situação, provocam incômodos nas pessoas que estão naquele ambiente que, invariavelmente, por conta deste incômodo acabam brigando ou entrando em situações negativas e gerando ainda mais energia de baixa vibração, o que alimenta essas larvas e faz com que elas se propaguem cada vez mais. Ou seja, ter larva espiritual em um ambiente á muito complicado e gera uma série de problemas de difícil solução.

Como o próprio nome diz, esses seres têm a aparência de larvas nas cores verde musgo (bem escuto) e uma cor avermelhada escura, parecendo sangue pisado. Além disso, em casos muito específicos, quando o ambiente tem o acúmulo dessas larvas por um grande período de tempo, sendo alimentadas, existe uma espécie de eclosão e elas tomam aparências distintas, geralmente seres bestiais. Esses seres estão vinculados a algum tipo específico de energia negativa liberada pelas pessoas e acompanham as pessoas nesses atos. Vamos a alguns exemplos:

Dragões surgem em ambientes ligados à luxúria, tais como prostíbulos e bordéis. Esses seres são criados pelos pensamentos das pessoas que frequentam e o mal que causam é o vício na luxúria, causando uma espécie de vício nas pessoas que são sugestionáveis.

Os Íncubus e Súcubos são um caso interessante, pois são uma espécie de simbiose entre espíritos desencarnados que possuíam compulsão pelo sexo e ainda não conseguiram se livrar dele, junto as larvas astrais. Esta junção cria o Íncubus, que acompanha a mulher e o Súcubos que acompanha o homem. A presença desses seres é extremamente perigosa pois ela existe única e exclusivamente para acompanhar as pessoas durante a relação sexual, se alimentando daquela energia e gerando uma compulsão cada vez maior pelo sexo, de forma indiscriminada, o que pode acarretar em promiscuidade e o fim de relacionamentos.

Vale ressaltar que não é porque alguém é promíscuo (ou seja, tem mais de um parceiro sexual ao mesmo tempo, sem o consentimento do outro) que está com um íncubus ou súcubos. Na maioria dos casos é falta de caráter mesmo.

Os Fantasmatas são circulam os cemitérios e são criados pela concentração de energia negativa que acompanham as pessoas que enterram seus parentes, amigos, etc. Claramente os sentimentos naquele momento são ruins e geram uma energia pesada. Como não existe outra energia trazida pela maioria dos encarnados em um cemitério, além da dor pela perda, a presença dos fantasmatas é bastante comum.

Esses seres tendem a acompanhar durante um tempo pessoas receptivas a aquele sentimento, mas retornam ao cemitério pois ali terão a certeza de serem alimentados pelas energias de baixa vibração contidas nos pensamentos daqueles que enterram seus entes.

Sabe aquela frase antiga que diz “fulano está com Encosto”? Pois bem, esse tipo de ser existe e é gerado quando um sentimento de inveja de uma pessoa para outra é contínuo e dura algum tempo. As larvas astrais se juntam e nasce um ser completamente desforme que acompanha o alvo da pessoa invejosa. O interessante sobre este ser é que quando ele é destruído, acaba voltando para a pessoa que o gerou (ou seja, o invejoso). Então quando dissemos que todo sentimento de inveja que vai, volta, é realmente verdade.

Mas o que fazer se você está com miasma deletério e, pior ainda, cercado dessas larvas astrais? Está tudo perdido? Claro que não. Para rigorosamente todo problema há uma solução, e neste caso são várias, as quais elenco para reflexão dos amigos leitores:

Bons Pensamentos: se os maus pensamentos geram os miasmas deletérios, os bons pensamentos geram os miasmas positivos. Quando no começo, se um miasma deletério for criado por alguma situação pontual existente, um pensamento positivo de verdade, vindo do coração, pode acabar com aquela energia negativa e transmuta-la em positiva.
Reforma Íntima: esse assunto é muito mais complicado do que parece, e merece uma análise bem mais aprofundada, mas basicamente fazer um exercício diários e constante em melhorar tudo aquilo que você pensa e faz, vai gerar a tal reforma íntima, que só existirá se for algo realmente feito de coração, não apenas da boca para fora.

Evitar Situações Negativas: eu sei que essa parte já é bem mais complicada, pois muitas vezes somos colocados em situações que geram algum tipo de negatividade, mesmo não querendo. O que podemos fazer, no entanto, é sempre manter os pensamentos em alta vibração, ou seja, focado em coisas boas. Tentar não focar no problema, mas buscar uma solução que seja harmoniosa.

Eu particularmente adoro uma cerveja gelada em um boteco sexta de noite, mas o ideal mesmo é evitar qualquer tipo de lugar que tenha acúmulo de energias negativas, e os bares invariavelmente são assim. Nós umbandistas, após irmos a algum bar ou similar, devemos tomar banho de descarrego para nos limpar daquelas energias. E, claro, é sempre bom lembrar que não devemos abusar do álcool, cigarro e semelhantes. Como diz nossa professora Nelma “quando bebemos, não bebemos sozinhos”.

Rituais de Limpeza de Ambiente e Pessoal: esqueceu de fazer tudo isso ou já estava infestado de energia negativa? Então é o caso de providenciar uma limpeza não apenas em você (através dos banhos de descarrego e proteção), mas principalmente nos lugares onde há a presença das larvas.

Banhos

Vou citar os mais simples, mas é sempre bom lembrar que existe uma infinidade de outras combinações de ervas que podem gerar um efeito diferente e até melhor. Como não sei das condições de todos os amigos leitores, vou usar os mais simples e conhecidos.

Banho de sal grosso: 2 litros de água e 7 colheres de sopa de sal grosso.

Basta ferver a água por 2 minutos e tirar o excesso de sal (as pedras que não derreteram). Espere esfriar ao ponto de não queimar sua pele e, após tomar um banho normal, jogue o banho de sal grosso do ombro para baixo.

Eu aprendi com alguns guias espirituais e reforcei com o mestre Erveiro Adriano Camargo que devemos esperar algum tempo até o banho fazer efeito (cerca de 10 respiradas profundas) e depois podemos tomar outro banho, porque muitas vezes a presença do sal após secar incomoda bastante. Se você vai tomar ou não outro banho, aí é decisão de cada um. Eu particularmente tomo e me sinto bem do mesmo jeito.

Banho de proteção: o sal grosso não protege, ele apenas descarrega as energias que estão com a pessoa, promovendo uma limpeza. Se o banho de sal grosso for tomado pela manhã, então na tarde do mesmo dia a pessoa pode tomar o banho de proteção. Se o banho com sal grosso foi tomado de noite, a pessoa poderá tomar o banho de ervas na manhã seguinte.

Para esse banho, precisamos de ervas quentes que, inclusive, são direcionadas para a limpeza de sujeiras causadas por miasmas e larvas astrais. As ervas são:

Guiné (é uma erva que tem a propriedade de cortar qualquer tipo de ligação negativa, então a energia emanada da guiné dificulta que energias negativas acoplem na pessoa);
Arruda (talvez a mais conhecida erva de proteção que existe, é sempre eficaz num banho de defesa);
Eucalipto, Quebra Demanda ou Pinhão Roxo (são ervas de proteção e ajudam na sustentação do trabalho das demais);
Casca de Alho (além de ser uma erva de proteção e descarrego de energias negativas, também promove o afastamento de energias negativas geradas por espíritos obsessores que eventualmente tenham afinidade energética com o ambiente carregado);
Cânfora (é uma conhecida erva de cura que misturada com as demais, tem a função de alinhar a energia da pessoa que eventualmente tenha se desgastado devido aos miasmas deletérios ou larvas astrais).

A pessoa deve macerar as ervas em água morna, rezando e pedindo proteção. O banho pode ser feito da cabeça aos pés, seguindo a mesma ritualística do banho de sal grosso (tomar um banho normal antes e outro depois, se assim quiser).

A partir de agora você estará limpinho, bastando manter uma vida regrada e cheio de Deus no coração. Mas, contudo, no entanto, todavia vocês vão falar “Sergio, e minha casa cheia de larvas?”. Eu respondo: vamos defumar!

É basicamente isso mesmo. A pessoa estando limpa e com a mente serena, focada em sua mudança, deve realizar a limpeza do ambiente, que no caso de nós, umbandistas, está na defumação.

Eu aprendi com o amado Caboclo Jaguara e com Seu Tempestade que toda erva utilizada em banho pode ser usada em defumação, mas não o contrário. Sendo assim, defumar o ambiente com as mesmas ervas utilizadas no banho (o mesmo tipo, por favor não usem literalmente a mesma erva molhada heim) é uma solução fácil para esses casos.

A defumação deve sempre ser feita da parte de trás para a frente da casa e de dentro para fora, com orações de limpeza ou pontos de defumação. Esta defumação pode ser feita dia sim dia não, até que o clima no lugar melhore (acredite, a diferença é bem grande).

Quando o ambiente está muito mais pesado que o normal, a defumação pode demorar mais para fazer efeito, então nesses casos é recomendado um dos rituais mais antigos da Umbanda, que é o bate folhas.

O bate folhas foi introduzido em nossa religião pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, o qual amarrava uma quantidade de ervas específicas e “batia” levemente com essas ervas no consulente, promovendo sua limpeza. Com o passar do tempo, os médiuns aprenderam como consagrar aquelas ervas e as utilizam para limpeza de ambientes.

Quando se faz necessária a utilização de um bate folhas em casa, é fato que a situação é mais grave do que as cotidianas, então podemos e devemos utilizar todo o conhecimento adquirido para tal, sendo que por diversas vezes o médium que realiza o bate folhas na casa de alguém, recebe a energia de algum guia para que o acompanhe. Esta energia em boa parte dos casos decorre da aproximação de um Exu, o qual tem condições de manipular toda e qualquer erva consagrada para utilização na Umbanda.

Se a pessoa que fizer o bate folhas não souber se terá a companhia ou não de Exu, então é aconselhado fazer um ramo com as seguintes ervas: arruda, guiné, quebra demanda, pinhão roxo, eucalipto e manjericão (a única das ervas mornas, utilizada para regeneração do ambiente).
Se o médium que fizer o bate folhas tiver conhecimento que será acompanhado por Exu, então pode utilizar as seguintes ervas:

Amoreira: a folha desta árvore tem a característica de armazenar as energias durante o dia e no final da tarde descarregar. O uso desta erva, portanto, é bastante eficaz mas tem que ser feito de forma consciente, pois se se o chumaço de folhas não for descarregado da forma correta, pode trazer de volta as energias negativas;

Aroeira: além de descarregar, tem a função de atuar especificamente em questões de compulsão sexual, portanto é recomendado seu uso quando tiver a presença de íncubus e súcubos, ou em rituais feitos em locais onde exista ou existiu atividade sexual constante e desregrada (bordéis, por exemplo).

Arrebenta Cavalo: tem função parecida com a aroeira, porém em menor escala. Sua principal característica neste ritual é a de fixar a energia das demais ervas por maior tempo no ambiente;

Arruda: olha ela aí de novo. Arruda também é erva de Exu e serve como ótimo descarrego;

Bardana: não é fácil ser encontrada, mas quando utilizada no bate folhas, além de ajudar no descarrego do ambiente, ajuda na proteção do médium, evitando que ele receba alguma carga energética negativa;

Cana de Açúcar: consagrada a Iansã e Exu, é uma erva com fortíssimo poder de descarrego de ambiente, inclusive quando existe a presença de obsessores;

Cardo Santo: deve ser utilizado em rituais onde existam a presença de animais;

Fedegoso (ou Crista de Galo): além de descarregar e proteger, esta erva tem a propriedade de energizar o ambiente e quebrando especificamente larvas que atentam contra a saúde das pessoas;

Mamona: uma das mais conhecidas e fortes ervas consagradas a Exu, não pode faltar num bom bate folhas;

Mangueira: fácil de ser encontrada, as folhas da mangueira limpam e protegem;

Pinhão Roxo: também comum de ser encontrada, serve como descarrego de ambiente.

Essas são as ervas que podem ser utilizadas em um ritual de bate folhas com Exu, porém vale lembrar que o ritual pode ser feito com pelo menos três dessas ervas, não necessitando todas elas.

Gostaram do assunto? Eu particularmente achei muito legal e vou estudar mais a respeito, sempre tendo em mente que preciso mudar e ser uma pessoa melhor a cada dia.

Axé

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