quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Espíritos Elementais

Mais uma contribuição de Padrinho Juruá. Desta vez falaremos sobre os Espíritos Elementais, abordando o que são e como se manifestam/trabalham na Umbanda. 

Quero agradecer aos irmãos que acompanham este blog diariamente. O carinho de cada um me ajuda a publicar esses estudos. Vamos que vamos...

OS ESPÍRITOS ELEMENTAIS

O médium kardecista Divaldo Franco, em matéria da revista A Torrente, respondeu sobre os Elementais, fadas, duendes, gnomos, silfos, elfos, sátiros, etc.

  • Existem os chamados Espíritos Elementais da Natureza?
Sim, existem os seres que contribuem em favor do desenvolvimento dos recursos da Natureza. Em todas as épocas eles foram conhecidos, identificando-se através de nomenclatura variada, fazendo parte mitológica dos povos e tornando-se alguns deles “deuses”, que se faziam temer ou amar.

  • Qual é o estágio evolutivo desses seres?
 Alguns são de elevada categoria e comandam os menos evoluídos, que se lhes submetem docilmente, elaborando em favor do progresso pessoal e geral, na condição de auxiliares daqueles que presidem aos fenômenos da Natureza.

  • Então eles são submetidos hierarquicamente a outra ordem mais elevada de Espíritos?
De acordo com o papel que desempenham, de maior ou menor inteligência, tornam-se responsáveis por inúmeros fenômenos ou contribuem para que os mesmos aconteçam. Os que se fixam nas ocorrências inferiores, mais materiais, são, portanto, pela própria atividade que desempenham, mais atrasados submetidos aos de grande elevação, que os comandam e orientam.

  • Estes seres se apresentam com formas definidas, como por exemplo, fadas, duendes, gnomos, silfos, elfos, sátiros, etc.?
Alguns deles, senão a grande maioria dos menos evoluídos, que ainda não tiveram reencarnações na Terra, apresentam-se, não raro, com formas especiais, pequena dimensão, o que deu origem aos diversos nomes nas sociedades mitológicas do passado. Acreditamos pessoalmente, por experiências mediúnicas, que alguns vivem o período intermediário entre as formas primitivas e hominais, preparando-se para futuras reencarnações humanas.

  • Quer dizer que já passaram ou passam, como nós, Espíritos humanos, por ciclos evolutivos, reencarnações? 
A reencarnação é lei da vida através de cujo processo o psiquismo adquire sabedoria e “desvela o seu Deus interno”. Na questão nº 538 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec interroga: “Formam categoria especial no mundo espírita os Espíritos que presidem os fenômenos da Natureza? Serão seres à parte ou Espíritos que foram encarnados como nós”? E os Benfeitores da Humanidade responderam: “Que foram ou que serão”

  • Algum dia serão ou já foram homens terrestres?
Os mais elevados já viveram na Terra, onde desenvolveram grandes aptidões. Os outros, menos evoluídos, reencarnar-se-ão na Terra ou outros mundos, após se desincumbirem de deveres que os credenciem moral e intelectualmente, avançando sempre, porque a perfeição é meta que a todos os seres está destinada.

  • Os Elementais são autóctones ou vieram de outros planetas?
Pessoalmente acreditamos que um número imenso teve sua origem na Terra e outros vieram de diferentes mundos, a fim de contribuírem com o progresso do nosso planeta.

  • Que tarefas executam?
Inumeráveis. Protegem os vegetais, os animais, os homens. Contribuem para acontecimentos diversos: tempestades, chuvas, maremotos, terremotos... Interferindo nos fenômenos “normais” da Natureza sob o comando dos Engenheiros Espirituais que operam em nome de Deus, que “não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos”, como responderam os Venerandos Guias a Kardec, na questão 536-b de “O Livro dos Espíritos”.

  • Todos eles sabem manipular conscientemente os fluidos da Natureza?
Nem todos. Somente os condutores sabem o que fazem e para o que fazem, quando atuam nos elementos da Natureza. Os mais atrasados “oferecem utilidade ao conjunto” não suspeitando sequer que são “Instrumentos de Deus”

  • Nós não os vemos normalmente. Isto significa que não se revestem de matéria densa?
O conceito de matéria na atualidade, é muito amplo. A sua “invisibilidade” aos olhos humanos, a algum indivíduo, demonstra que sejam constituídos de maneira equivalente aos demais Espíritos da Criação. Encontram-se em determinada fase de desenvolvimento, que são perceptíveis somente aos médiuns, as pessoas de percepção especial, qual ocorre também com os Espíritos Nobres, que não são detectados por qualquer pessoa destituída de faculdade mediúnica.

  • Qual é o habitat natural desses seres? 
A erraticidade, o mundo dos Espíritos, pertencendo a uma classe própria e, portanto, vivendo em regiões compatíveis ao seu grau de evolução. “Misturam-se” aos homens e vivem, na grande maioria, na própria Natureza, que lhes serve de espaço especial.

  • Uma das grandes preocupações da humanidade, atualmente, é a preservação do equilíbrio ecológico. Qual a atitude ou providência que tomam quando a Natureza é desrespeitada pelos homens?
Quando na infância do desenvolvimento, susceptíveis às reações mais primitivas, tornam-se agressivos e revoltados. À medida que evoluem, fazem-se benignos e se apiedam dos adversários da vida em qualquer forma pela qual esta se expressa. Assim, inspiram a proteção à Natureza, o desenvolvimento de recursos que a preservem, a sua utilização nobre em favor da vida em geral, em suma: “fazem pela Natureza o que gostariam que cada qual fizesse por si mesmo”. 

OS ELEMENTAIS DA NATUREZA

A existência dos elementais, segundo os antigos anciãos e sábios do passado, explicava a dinâmica do Universo. Como seres reais, eram responsabilizados pelas mudanças climáticas e correntes marítimas, pela precipitação da chuva ou pelo fato de haver fogo, entre muitos outros fenômenos da Natureza. Apesar de ser uma explicação mitológica, própria da maneira pela qual se estruturava o conhecimento na época, eles não estavam enganados. Tanto assim que, apesar de a investigação científica não haver diagnosticado a existência concreta desses seres através de seus métodos, as explicações dadas a tais fenômenos não excluem a ação dos elementais. Pelo contrário. Os sábios da Antiguidade acreditavam que o mundo era formado por quatro elementos básicos: Terra, Água, Ar e Fogo. Não obstante, com o transcorrer do tempo, a ciência viesse a contribuir com maiores informações a respeito da constituição da matéria, não tornou o conhecimento antigo obsoleto. A medicina milenar da China, por exemplo, que já começa a ser endossada pelas pesquisas científicas atuais, igualmente identifica os quatro elementos. Sob o ponto de vista da magia, os quatro elementos ainda permanecem, sem entrar em conflito com as explicações científicas modernas. Os magistas e ocultistas estabeleceram uma classificação dos elementais sob o ponto de vista desses elementos, considerando-os como forças da Natureza ou tipos de energia.

Segue abaixo explicações dos Elementais da Natureza, segundo a mesma dinâmica de pergunta e resposta com Divaldo Franco, mas agora com os apontamentos do amado Preto Velho Pai João:

  • Os Elementais não possuem consciência de si mesmos? São apenas energia?
Não, meu filho. Os seres Elementais, irmãos nossos na criação divina, têm uma espécie de consciência instintiva. Podemos dizer que sua consciência está em elaboração. Apesar disso, eles se agrupam em famílias, assim como os elementos de uma tabela periódica.

  • Não entendi… 
Preste atenção, meu filho – continuou o Preto-Velho. Os Elementais são entidades espirituais relacionadas com os elementos da Natureza. Lá, em meio aos elementos, desempenham tarefas muito importantes. Na verdade, não seria exagero dizer inclusive que são essenciais à totalidade da vida no mundo. Através dos Elementais e de sua ação direta nos elementos é que chegam às mãos do homem as ervas, flores e frutos, bem como o oxigênio, a água e tudo o mais que a ciência denomina como sendo forças ou produtos naturais. Na Natureza, esses seres se agrupam, segundo suas afinidades.

  • Seriam então esses agrupamentos aquilo que você chama de família? 
Isso mesmo! Louvado seja Deus – comemorou Pai João. Essas famílias Elementais, como as denominamos, estão profundamente ligadas a este ou aquele elemento: Fogo, Terra, Água e Ar, conforme a especialidade, a natureza e a procedência de cada uma delas. 

  • Os Elementais já estiveram encarnados na Terra ou em outros mundos? 
Encarnações humanas, ainda não. Eles procedem de uma larga experiência evolutiva nos chamados reinos inferiores e, como princípios inteligentes, estão a caminho de uma humanização no futuro, que somente Deus conhece. Hoje, eles desempenham um papel muito importante junto à Natureza como um todo, inclusive auxiliando os encarnados nas reuniões mediúnicas e os desencarnados sob cuja ordem servem. 

  • Como podem auxiliar em reuniões mediúnicas?
Como expliquei, podem-se classificar as famílias dos Elementais de acordo com os respectivos elementos. Junto ao ar, por exemplo, temos a atuação dos Silfos ou das Sílfides, que se apresentam em estatura pequena, dotados de intensa percepção psíquica.  

Eles diferem de outros Espíritos da Natureza por não se apresentarem sempre com a mesma forma, definida, permanente. São constituídos de uma substância etérea, absorvida dos elementos da atmosfera terrestre. Muitas vezes apresentam-se como sendo feitos de luz e lembram pirilampos ou raios. Também conseguem se manifestar, em conjunto, com um aspecto que remete aos efeitos da aurora boreal ou do arco-íris.

  • Disso se depreende, então, que os Silfos são os mais evoluídos entre todas as famílias de Elementais? 
Eu diria apenas, meu filho, que os silfos são, entre todos os Elementais, os que mais se assemelham às concepções que os homens geralmente fazem a respeito de anjos ou fadas. Correspondem às forças criadoras do ar, que são uma fonte de energia vital poderosa.

  • Então eles vivem unicamente na atmosfera?
Nem todos – respondeu Pai João – Muitos Elementais da família dos Silfos possuem uma inteligência avançada e, devido ao grau de sua consciência, oferecem sua contribuição para criar as correntes atmosféricas, tão preciosas para a vida na Terra. Especializaram-se na purificação do ar terrestre e coordenam agrupamentos inteiros de outros Elementais. Quanto à sua contribuição nos trabalhos práticos da mediunidade, pode-se ressaltar que os Silfos auxiliam na criação e manutenção de formas pensamentos, bem como na estruturação de imagens mentais. Nos trabalhos de ectoplasmia, são auxiliares diretos, quando há a necessidade de reeducação de Espíritos endurecidos.

  • E os outros Elementais?
Vamos com calma, meu filho, vamos com calma – respondeu Pai João – Duas classes de Elementais que merecem atenção são as Ondinas e as Ninfas, ambas relacionadas ao elemento água. Geralmente são entidades que desenvolvem um sentimento de amor muito intenso. Vivem no mar, nos lagos e lagoas, nos rios e cachoeiras e, na Umbanda, são associadas à Orixá Oxum. As Ondinas estão ligadas mais especificamente aos riachos, às fontes e nascentes, bem como ao orvalho, que se manifesta próximo a esses locais. Não podemos deixar de mencionar também sua relação com a chuva, pois trabalham de maneira mais intensa com a água doce. As Ninfas, Elementais que se parecem com as Ondinas, apresentam-se com a forma espiritual envolvida numa aura azul e irradiam intensa luminosidade. 

  • Sendo assim, qual é a diferença entre as Ondinas e as Ninfas, já que ambas são Elementais das águas?
A diferença básica entre elas é suavidade e a doçura das Ninfas, que voam sobre as águas, deslizando harmoniosamente, como se estivessem desempenhando uma coreografia aquática. Você pensou que tudo isso não passasse de lenda. Mas devo lhe afirmar, Ângelo, que, em sua grande maioria, as lendas e histórias consideradas como folclore apenas encobertam uma realidade do mundo astral, com maior ou menor grau de fidelidade. É que os homens ainda não estão preparados para conhecer ou confrontar determinadas questões.

  • E as Fadas? Quando encarnado, vi uma reportagem a respeito de fotografias tiradas na Escócia, que mostravam várias Fadas. O que me diz a respeito?
Bem, podemos dizer que as Fadas sejam seres de transição entre os elementos Terra e Ar. Note-se que, embora tenham como função cuidar das flores e dos frutos, ligados à terra, elas se apresentam com asas. Pequenas e ágeis, irradiam luz branca e, em virtude de sua extrema delicadeza, realizam tarefas minuciosas junto à Natureza. Seu trabalho também compreende a interferência direta na cor e nos matizes de tudo quanto existe no planeta Terra. Como tarefa espiritual, adoram auxiliar na limpeza de ambientes de instituições religiosas, templos e casas espíritas. Especializaram-se em emitir determinada substância capaz de manter por tempo indeterminado as formas mentais de ordem superior. Do mesmo modo, auxiliam os Espíritos superiores na elaboração de ambientes extra físicos com aparências belas e paradisíacas. E, ainda, quando Espíritos perversos são resgatados de seus antros e bases sombrias, são as Fadas, sob a supervisão de seres mais elevados, que auxiliam na reconstrução desses ambientes. Transmutam a matéria astral impregnada de fluidos tóxicos e daninhos em castelos de luz e esplendor

  • Nunca poderia imaginar coisas assim!
Mas não acabou ainda, meu filho – tornou Pai João. Temos ainda as Salamandras, que são Elementais associados ao fogo. Vivem ligados àquilo que os ocultistas denominaram éter e que os espíritas conhecem como fluido cósmico universal. Sem a ação das Salamandras o fogo material definitivamente não existiria. Como o fogo foi, entre os quatro elementos, o primeiro manipulado livremente pelo homem, e é parte de sua história desde o início da escalada evolutiva, as Salamandras acompanham o progresso humano há eras. Devido a essa relação mais íntima e antiga com o reino hominal, esses Elementais adquiriram o poder de desencadear ou transformar emoções, isto é, podem absorvê-las ou inspirá-las. São hábeis ao desenvolver emoções muito semelhantes às humanas e em virtude de sua ligação estreita com o elemento fogo, possuem a capacidade de bloquear vibrações negativas, possibilitando que o homem usufrua de um clima psíquico mais tranquilo. 

Nas tarefas mediúnicas e em contato com o comando mental de médiuns experientes, as Salamandras são potentes transmutadores e condensadores de energia. Auxiliam sobremaneira na queima de objetos e criações mentais originadas ou associadas à magia negra. Os Espíritos superiores as utilizam tanto para a limpeza quanto para a destruição de bases e laboratórios das trevas. Habitados por inteligências do mal, são locais/chave em processos obsessivos complexos, onde, entre diversas coisas, são forjados aparelhos parasitas e outros artefatos. Objetos que, do mesmo modo, são destruídos graças à atuação das Salamandras. 

  • E os Duendes e Gnomos? Também existem ou são obras da imaginação popular? 
Sem dúvida que existem! Os Duendes e Gnomos são Elementais ligados às florestas e, muitos deles, a lugares desertos. Possuem forma anã, que lembra o aspecto humano. Gostam de transitar pelas matas e bosques, dando sinais de sua presença através de cobras e aves, como o melro, a graúna e também o chamado pai-do-mato. Excelentes colaboradores nas reuniões de tratamento espiritual, são eles que trazem os elementos extraídos das plantas, o chamado bioplasma. Auxiliam assim os Espíritos superiores com elementos curativos, de fundamental importância em reuniões de ectoplasmia e de fluidificação das águas. 

Temos ainda os elementais que se relacionam à terra, os quais chamamos de Avissais. Geralmente estão associados a rochas, cavernas subterrâneas e, vez ou outra, vêm à superfície. Atuam como transformadores, convertendo elementos materiais em energia. Também são preciosos coadjuvantes no trabalho dos bons Espíritos, notadamente quando há a necessidade de criar roupas e indumentárias para Espíritos materializados. Como estão ligados à terra, trazem uma cota de energia primária essencial para a reconstituição da aparência perispiritual de entidades materializadas, inclusive quando perderam a forma humana ou sentem-se com os membros e órgãos dilacerados. 

Repare, portanto, as implicações complexas da ação desta infeliz criatura, que se comprometeu amplamente com o mal. Apontando para o Espírito no leito a nossa frente, que agora gemia, vítima de si mesmo; o velho Pai João relatou: Como médium, foi-lhe concedida a oportunidade de aprender certas lições de magia, no ambiente dos cultos afro-brasileiros. Utilizou mal o conhecimento que adquiriu e deliberadamente viciou muitos Elementais com o sacrifício e o sangue de animais. Lançando mão de seu intenso magnetismo pessoal, manipulou o poder das Salamandras e de outros Elementais para atormentar muitas vidas, em troca de dinheiro, status e reconhecimento social. 

  • Ela brincou com as forças da Natureza?
Mais do que isso. Ela desviou os seres Elementais do curso normal de sua evolução, comprometendo esses nossos irmãos com seus atos abomináveis.    

  • Mas os Elementais dominados por ela não poderiam se rebelar ao seu comando?
Os Elementais são seres que ainda não passaram pela fase de humanidade. Oriundos dos reinos inferiores da Natureza e mais especificamente do reino animal, ainda não ingressaram na espécie humana. Por essa razão trazem um conteúdo instintivo e primário muito intenso. Para eles, o homem é um deus. É habitual, e até natural, que obedeçam ao ser humano e, nesse processo, ligam-se a ele intensamente. Portanto, meu filho, todo médium é responsável não só pelas comunicações dadas por seu interior. 

  • Que se deve pensar da crença no poder que certas pessoas teriam, de enfeitiçar? 
Algumas pessoas dispõem de grande força magnética, de que podem fazer mau uso, se maus forem seus próprios Espíritos, caso em que possível se torna serem secundados por Espíritos maus. Não creias, porém, num pretenso poder mágico, que só existe na imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que tem como prova da existência desse poder, são fatos naturais, mal observados e, sobretudo mal compreendidos.

"Quando soar a hora certa no calendário da eternidade, esses seres serão conduzidos aos mundos de transição, adormecidos e, sob a interferência direta do Cristo, acordarão em sua presença, possuidores da chama eterna da razão.

A partir de então, encaminhados aos mundos primitivos, vivenciarão suas primeiras encarnações junto às humanidades desses orbes. Esse é o motivo que ocasiona o fracasso da busca dos cientistas: procuram, na Terra, o elo de ligação, o elo perdido entre o mundo animal e o humano.

Não o encontrarão jamais. As evidências não estão no planeta Terra, mas pertencem exclusivamente ao plano cósmico, administrado pelo Cristo. O plano da criação é verdadeiramente grandioso, e a compreensão desses aspectos desperta em nós uma reverência profunda ao autor da vida." Mensagem do Espírito Ângelo Inácio, no livro Aruanda.

OS ESPÍRITOS ELEMENTARES NA UMBANDA

Para que os Espíritos encarnassem no Planeta, foi necessário que tivesse o veículo apropriado. Esse veículo apropriado é o corpo astral (nota do autor: ao que chamamos de Perispírito) que serve como uma espécie de “molde” para o corpo físico.

Para a constituição e organização deste corpo, foi necessário passar por adaptações e preparo com a natureza eletromagnética da Terra. Este preparo foi feito através dos reinos mineral, vegetal, animal, e daí até o reino hominal.

Enquanto cumprem essa preparação, são chamados “Espírito Elementares”, também conhecidos como “Espíritos da Natureza”.

Em alguns segmentos são chamados Espíritos Elementais, em uma referência aos elementos (Ar, Fogo, Terra, Ar). Em outros, como na Umbanda Esotérica, são chamados de Espíritos Elementares, pois a palavra Elementar expressa àquilo que denominamos de básico, já que estão em seus primeiros estágios no Planeta. Ainda não participaram de nenhuma encarnação; são Espíritos cumprindo ciclos de evolução e preparação.

Para a Umbanda Esotérica, Elementais não são Espíritos reais; são formas pensamentos, ou seja, são vibrações do pensamento que se atraem, tomando determinadas formas, constituídos pela qualidade dos pensamentos emitidos.

Independente do nome com que são conhecidos, os Elementares são seres sempre presentes na Natureza. Sua existência é constatada por muitos e ignorada pela maioria.

O homem não percebe a dimensão existencial destes seres porque seus sentidos, sua percepção física é insuficiente, não adequada a outra realidade, que não a realidade física.

Encontramos referência aos Espíritos Elementares na Wicca, no Martinismo, na Teosofia, na Sociedade Rosa Cruz, nas literaturas de Papus, Eliphas Levi, Paracelso, etc. Também encontramos o seguinte texto no Livro dos Espíritos: “Compreendemos então que existem “princípios inteligentes” que auxiliam no controle dos fenômenos da Natureza, sob a supervisão de Espíritos mais elevados. Na escala da evolução eles estariam entre a fase animal e a hominal”.

Os Espíritos Elementares vivem da natureza astral até se ligarem à condição humana, sendo Espíritos, em essência, como nós, eternos, faltando-lhes somente a experiência no mundo humano.

Isso implica dizer que grande parte da humanidade já foi um dia um Espírito Elementar, pois antes da chegada ao estágio atual, foi necessário o ingresso no sistema evolutivo do Planeta, através desses reinos, a fim de que houvesse a adequada imantação dos elementos vibratórios e propriedades dos minerais, vegetais e animais a fim de formar suas linhas de força, os chacras e o próprio corpo astral, pois sem esse, não seria possível a encarnação.

Neste estágio de adaptações e preparo para a constituição e organização do corpo astral, o Espírito já tinha os primeiros elementos simples dos canais de sua inteligência e de suas primeiras sensações, surgindo o corpo mental. Este corpo mental recebeu as impressões do Espírito e se tornou o veículo de propagação para toda natureza exterior. Dessa fase é que passou para a propagação do pensamento. 

Ao longo dos milênios o Espírito foi agregando sobre si mesmo, vários elementos da Natureza. Ao estagiar no reino mineral, imantou os processos coesivos e estruturais e os elementos necessários à constituição do sistema ósseo. Ele não incorporou os elementos formativos próprios que se densificam, endurecem ou cristalizam como rocha ou pedra, cristal ou diamante ou outro mineral qualquer. Apenas sorveu, aspirou os elementos desses reinos, sem com isso ser o próprio elemento.

No reino vegetal imantou os elementos necessários à formação da sensibilidade e funções importantes para a futura organização física

No reino animal agrega as funções instintivas automáticas e mecânicas. Absorve as experiências dos vários filos animais, dos mais simples aos mais complexos.

Certamente ele não encarnou em cada animal, pedra ou árvore, e nem sequer ficou a seu lado. Imantou dos reinos os elementos necessários às suas próprias experiências e necessidades, ou seja, se apropriou da energia peculiar a cada um desses reinos, passando a sentir em torno de si e aglutinação de certos elementos que começam a lhe dar forma e certos contornos, produzindo nele uma série de sensações e também vibrando segundo suas próprias impressões.

Participa indiretamente da vida instintiva dos animais, através das ondulações vibratórias de suas sensações, das correntes eletromagnéticas que lhes mantém a vida orgânica.

Na espécie animal de pelo, por via de contato vibratório, como o elemento sanguíneo, passa por todas as sensações instintivas. 

Na passagem pelos reinos, principalmente no reino animal, o Espírito demora muito tempo, por essa razão é que a idade de certos animais é longa, justamente para dar o tempo necessário ao Espírito, no aprimoramento ou na manifestação de certa classe de sensações em relação com o elemento sanguíneo.

Nesta fase possui o corpo astral já bastante adiantado, porém necessitando complementá-lo ainda mais, sensibilizando seus chacras, especialmente o laríngeo, o qual comanda as cordas vocais, é então encaminhado à espécie animal de pena, como a última etapa de sua passagem por esse reino animal. O chacra laríngeo dos animais de pelo não passou pela fase rudimentar em que se encontra até hoje, por essa razão os sons que emitem são grosseiros, primam pela falta de variação e de harmonia.

Nos animais de pena quase todos apresentam uma variação infinita de sons, ricos de harmonia, melodia e beleza, sinal de que o chacra laríngeo neles já se encontra adiantadíssimo, quase pronto para os primeiros ensaios no setor do som articulado, ou seja, da palavra. Exemplo disso é o papagaio, que consegue formular palavras e até frases, quando ensinados pelos humanos.

Nessa altura, já possui um corpo astral melhor delineado, embora rústico, e impregnado de vibrações e sensações variadas e confusas. Já possui sensibilidade e instinto, sendo necessário proceder sobre ele a revitalização, o equilíbrio e aprimoramento do seu sistema de chacras.

Nessa fase iniciam o último estágio com as forças da Natureza situadas na órbita vibratória das cachoeiras, matas, pedreiras, mares, praia, campos, rios, etc., onde aperfeiçoarão e darão formas belas e humanas aos seus corpos astrais.

Nesta fase são chamados de Elementares Superiores, agrupando-se em quatro classes, de acordo com os campos magnéticos em que limitam, adquirindo dessas mesmas vibrações, as qualidades que os caracterizam, como sejam:

  • Elementares do Ar: quando estagiarem no conhecimento de certos elementos expansivos.
  • Elementares do Fogo: quando estagiarem no conhecimento dos elementos ígneos.
  • Elementares da Água: quando estagiarem no conhecimento dos líquidos.
  • Elementares da Terra: quando estagiarem no conhecimento dos elementos sólidos.

Os Espíritos Elementares formam-se em coletividades dentro de seus vários estágios de evolução e tudo fazem para constituir um carma próprio. Eles se integram no movimento mágico da Corrente Astral de Umbanda, por lhes oferecer amplos meios de contato e trabalho nessa trajetória evolutiva, pois entram em constante relação com o elemento humano, e isso para eles é de vital importância.


Na Umbanda, através de certas operações da magia branca, é facultada aos Espíritos Elementares, intensa atividade que lhes traz benefícios diversos. Eles atendem a certos sinais da Lei de Pemba, bem como a sons básicos da própria Natureza, que devem ser movimentados por quem saiba fazê-lo.

Vemos a forma progredir com os instintos até a inteligência e a beleza, são os esforços da Luz atraída pelos atrativos do Espírito, é o mistério da geração progressiva e universal” Matta e Silva 

ESPÍRITOS ELEMENTARES

Continuando o pensamento sobre os Espíritos Elementares, sob a ótica de Yacyamara, neta de W.W da Matta e Silva:

São aqueles que estagiam na Natureza, em vários aspectos, preparando sua constituição astral para que lhes seja propiciada e concedida sua primeira encarnação afeita ao sistema evolutivo do planeta Terra. Esses Espíritos Elementares, na verdade, estão agregando ou imantando sobre si, com o auxílio dos técnicos do astral especializados nesse mister, vários elementos da Mãe Natureza. Assim é que iniciam pelos processos de agregação, desde os mais simples aos mais complexos, através da passagem pelo reino mineral em seus diversos graus evolutivos.

Esse processo, em geral, é feito em zonas sub-crostais relativamente superficiais; após esse período variável, esses Espíritos imantam sobre si os elementos vitais e vegetativos dos vegetais, também obedecendo a escala evolutiva do reino vegetal. Passam-se milênios até o Espírito Elementar conseguir estagiar e imantar os elementos vitais do reino animal. Quando aí estagiam, também vão impregnando-se de experiências e vivências dos vários filos animais, até atingirem os mais complexos. Nessa fase já têm corpos astrais, embora mal caracterizados e rústicos, como formas básicas já delimitadas. Têm sensibilidade, instinto e todos os demais atributos minero-vegeto-animais. Nesse período, duas etapas podem ser seguidas. A primeira etapa é a de estagiarem em sítios sagrados e elevados da Natureza, onde se aperfeiçoarão e darão formas belas e humanas aos seus corpos astrais, até então rústicos e mal delimitados. Quando dizemos mal delimitados é porque, dependendo do estágio evolutivo desses Espíritos Elementares, estarão eles com seus corpos astrais mais parecidos com “homem pedra”, com “homem-árvore” ou com “homem animal”.

Tanto isso é verdade que vários mitos de muitos povos guardam esses espécimes como monstros ou como divindades do mal. Em verdade não são nem uma coisa nem outra; são apenas Seres Espirituais afetos à órbita gravitacional cármica do Planeta que estão aguardando ajuste definitivo em sua matriz perispirítica (1º corpo astral). Bem, dizíamos que podiam eles evoluir em sítios sagrados e realmente evoluíam, sendo nesta fase chamados de Elementares Superiores, que em verdade se agrupam em 4 classes, quais sejam: da terra, da água, do ar e do fogo. Antes de continuarmos, queremos afirmar que esses ditos Elementares não habitam a pedra, não habitam o vegetal e nem o animal, como muitos querem doutrinar. Embora respeitemos quem assim doutrina, a Corrente Astral de Umbanda, doutrina que esses Espíritos “haurem” do mineral, do vegetal e do animal elementos necessários às suas próprias experiências e necessidades, mas não que fiquem dormitando na pedra, respirando em ritmo vegetativo nos vegetais ou que adquirem instinto, pois habitam ou são o próprio animal. Veja bem, Filho de Fé, passar pelos reinos da Natureza quer dizer imantar elementos desses reinos, e não ser elementos desses reinos, certo?

Já com seus corpos astrais puros e bem formados, esses Elementares estagiam nas matas, nos mares ou praias, nas montanhas, rios, cachoeiras e em reinos pré-hominais, antes de encarnarem pela 1ª vez, aqui em nosso Planeta, é claro. São da terra quando habitam ou estão estagiando nos elementos sólidos; são da água quando estão estagiando no conhecimento dos vários líquidos (...), são do ar quando estagiam no conhecimento de certos processos vitais e expansivos, e são do fogo quando ficam sob os Senhores dos Éteres (Senhores das Forças Sutis — Orishas), que lhes dão forma final em seus corpos astrais. A par dessa classificação, todos podem ser evocados em favor de benefícios vários, pois são puros e seus auras vitalizarão positivamente as pessoas submetidas às suas vibrações, ao mesmo tempo que eles mesmos vão adquirindo um carma positivo.

Eis um dos motivos pelos quais, muitas vezes, os evocamos em certos trabalhos, principalmente nas oferendas, onde eles se achegam, tomam ciência do preceito e pedidos, e só pela sua presença vitalizam potentemente o aura das pessoas participantes do trabalho. Temos assim o Elementar Superior, que é conhecedor da Natureza e ajuda várias Entidades Espirituais na manutenção energética de seus aparelhos, utilizando-se até mesmo de certa gama de raios ultravioleta, que queimam certas larvas de ordem mental, astral e física. Se há o Elementar Superior, que alcançou os níveis superiores, já com um carma ativo em positividade, há também os inferiores, que nem alcançaram os reinos de aperfeiçoamento em sítios sagrados da Natureza, sendo perigosíssimos em virtude de terem sido usados e viciados, segundo o livre-arbítrio, por portentosos Filhos das Trevas, que os usam para os mais baixos e torpes objetivos. Esses Elementares realmente ainda continuam com seus corpos astrais grosseiros e descomunais, com formas atormentadas, sem o mínimo requinte da estética; são completamente anômalos em suas formas, e muitos, devido aos seus mentais hipnotizados, se encontram como verdadeiros monstros ou pobres duendes, já com pesados fardos e doloroso carma passivo (negativo) a ser resgatado.

São esses Espíritos Elementares inferiores que em verdade poderiam ser chamados de súcubos e íncubos, ou Espíritos vampiros, que habitam as encruzilhadas de ruas, os cemitérios, os locais onde há muita profusão de álcool, matadouros, prostíbulos, etc.

Esses Espíritos são sedentos do desejo de encarnar, querem sentir o sangue, o esperma, o sexo, etc. Aí está o perigo de manipular esses Espíritos sem se ter o devido conhecimento ou outorga, e mesmo aqueles que desconheçam sua existência, que deixem de alimentar as encruzilhadas de ruas e os cemitérios, principalmente com sangue, carnes sangrentas, álcool, outras bebidas alcoólicas (...).

Antes de encerrarmos o conceito simples e básico sobre os Elementares, queremos deixar registrado que esses Elementares Inferiores são fontes constantes de larvas vorazes, que abaixam o teor vibratório dos atingidos, causando-lhes transtornos imensuráveis, mas sem dúvida profundamente danosos ao atingido. Assim, àqueles que se sentirem atingidos por terem ido à “encruza”, ou mesmo aos cemitérios ou kalunga pequena e lá terem ofertado (despachado) bebidas com carnes sangrentas ou mesmo aves ou bichos de 4 patas sacrificados, ou mesmo outras coisas, daremos algo que os ajudarão a repelir os vampiros que tanto sugam suas forças vitais:

  • Tomar banho de essência da Vibração Original, ou de alfazema pura, 7 gotas em um litro de água.
  • Deixar próximo de onde se dorme um pequeno pires com 7 cabeças ou dentes de alho, e no centro, um copo com água e arruda.
  • Deixar na porta de entrada da casa ou do Terreiro, ou de onde quer que seja, uma cumbuca com álcool e uma pedra de cânfora, a qual deverá ser descarregada após 3 dias. Defume o ambiente ou a si próprio com vigorosa defumação de imburana, maracujá e manjericão, pois isso é eficientíssimo.
 

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Oferendas aos Orixás

É bastante comum me perguntarem sobre oferenda aos Orixás. Eu fico sempre muito feliz quando escuto que alguém quer fazer algum tipo de oferenda a qualquer Orixá ou guia, pois acredito que a oferenda nada mais é do que uma extensão da Fé do médium para com aquela força da natureza. Eu mesmo faço minha oferenda para Oxóssi e Iemanjá de forma bastante corriqueira, e me sinto renovado toda vez.


O que me deixa bastante pensativo, no entanto, é quando alguém me pergunta como uma oferenda deve ser feita, e o quão bonita ela deva ser. Ora, como disse, uma oferenda é uma extensão da fé, então antes de qualquer coisa, devemos ter nosso coração transbordando com toda Fé naquela força, naquele Orixá. Oferenda nenhuma tem qualquer validade se não for feita com muita, MUITA entrega espiritual e Fé. Uma oferenda, diferente do que respeitosamente escutei de algumas pessoas, não deve servir para renovar a Fé de ninguém. Arriar um trabalho na mata não deve ter sob hipótese alguma o intuito de aumentar sua Fé em Oxóssi, por exemplo. Você tem que acreditar na regência da Sabedoria compilada naquele Orixá, com ou sem entrega. A entrega serve, sim, para que você entre em contato com aquela energia do Conhecimento e, principalmente, para se colocar humildemente perante aquela força tremenda de Deus.

Eu sempre digo que não existe "trabalho arriado" maior que os dois joelhos frente ao congá e uma oração vinda de dentro do coração, louvando a Deus e aos Orixás. Uma vela firmada de coração tem muito mais valia que quilos de frutas e litros de cachaça. Nada substituirá o elo existente numa boa oração.

Tomando de exemplo o que nosso Mestre Jesus Cristo disse, "O Espírito necessita mais de oração do que a carne de pão", temos que perceber que as oferendas existem para nosso sustento energético, e não para fortalecimento ou alimento para os Orixás. Os Orixás continuarão irradiando suas forças, com ou sem qualquer tipo de oferenda feita pelo homem. Orixá não foi criado para ser adorado, mas para irradiar forças elementais para nosso viver.


Ainda tomando como exemplo Jesus, ele disse que "Deixai a vossa oferenda junto do altar e ide primeiro reconciliarvos com o vosso irmão, se quiserdes ser agradável ao Senhor". Esse trecho é bastante claro ao dizer que, sim, as oferendas existem e se justificam de algum modo, porém a reconciliação com seu irmão (ou seja, o perdão e a Caridade) é o que realmente importa. Qual o preço de uma entrega sem que a pessoa que a faz não busque constantemente ser alguém verdadeiramente melhor? 

Segundo Padrinho Juruá (pensamento o qual compartilho), o uso excessivo das oferendas pode causar uma série de transtornos, tanto materiais quanto espirituais:


  • O custo dos elementos oferendados é alto, sendo que muitas vezes a pessoa deixa de se alimentar direito ou se priva das necessidades básicas, para fazer um agrado ao Orixá;

  • Existe uma certeza por parte de quem oferenda sempre, que há uma relação de "barganha espiritual", acreditando que pelas oferendas existirá algum tipo de privilégio perante a Espiritualidade. Esse sentimento, apesar de sr algo velado, é realmente muito comum;

  • Pela pessoa somente se interligar com a espiritualidade através da oferenda, as entidades receptoras começam a pedir cada vez mais oferendas com o intuito de estarem sempre próximas da pessoa, pois sabemos que para que haja aproximação da entidade é necessário que haja sintonia de pensamentos e sentimentos. Quando fazemos uma oferenda, geralmente elevamos a nossa faixa vibracional e nos harmonizamos com a entidade. Isso faz com que comece a haver uma espécie de “vício” ou “ciclo vicioso”, onde entidade e pessoa começam a precisar da oferenda para se comunicarem. Disso surgem pedidos cada vez mais frequentes impedindo a evolução da pessoa e da entidade que começa a ver na oferenda a única forma de contato com a pessoa ofertante. (nota do autor: Se isso ocorrer por parte de um Espírito, com certeza, essa entidade espiritual ainda encontra-se presa em seu ego, não podendo portanto, ser um Guia Espiritual, mas tão somente um Espírito comunicante)

Abaixo um trecho do livro Causos de Umbanda - Volume 2, por Leni W. Saviscki que fala sobre as oferendas:


Maria era mulher de fé. Acreditava em Deus, rezava todos os dias. Considerava-se sem preconceitos e, por isso, aos domingos (todos os domingos) ela frequentava a missa; e rezava. Na segunda-feira, ela gostava de assistir o culto carismático da igreja ao lado da sua casa, e cantava. Na terça-feira. Não perdia por nada a sessão de descarrego da igreja evangélica. Onde o pastor expulsava todos os demônios. E delirava. Na quarta-feira, Maria, que era filha de Deus, dava-se ao luxo de ir ao bailão e divertir-se, e dançava. Na quinta-feira, havia a missa das almas que Maria oferecia para seu falecido marido, e chorava.


Mas na sexta-feira, ah! Esse dia era sagrado. Pegava o ônibus e, lá num bairro bem distante, ela frequentava um Terreiro que se denominava de Umbanda, e oferendava.

O dinheiro de um dia de trabalho na semana Maria guardava para, na sexta-feira, comprar o material destinado à oferenda que o suposto “guia” lhe exigia a fim de quem sua vida progredisse, pois Maria pedia. E pedia tanto... ela precisava ganhar mais, o filho precisava de emprego, ela desejava arrumar um namorado, sua mãe estava adoentada.

Conforme a orientação que recebera, Maria precisava oferendar alguns maços de vela e mais alguns objetos preparados pelo “guia” no cemitério junto ao cruzeiro. Maria não gostava desses lugares, mas, confiava que as oferendas a ajudariam a melhorar a vida.

Acendeu as velas e, ajoelhada, rezava e pedia... Uma senhora negra de cabelos branquinhos e com um olhar muito amoroso se aproximou e. ajoelhando-se ao seu lado, rezava baixinho; mesmo assim, Maria pôde ouvir o que ela dizia:

- Senhor, meu Deus! Obrigada por ter me recebido neste mundo. Obrigado pela vida e por todos os filhos que posso ajudar. Permita que eu continue servindo aos meus irmãos na Terra. Ampara todas as almas que aqui estão perdidas, acolhendo-as com Teu imenso amor. Amém.

Quando Maria retornava, a mesma senhora estava sentada à sombra de uma árvore, próximo ao portão do cemitério. Abrindo um bonito sorriso, a senhora falou, educadamente: 

- Bom dia. Você não quer se sentar um pouco à sombra para se refrescar?

- Bom dia. Vou aceitar seu convite. A senhora vem sempre aqui para rezar?

- Sempre que se faz necessário.

- Como assim?

- Ás vezes, precisamos ajudar algumas pessoas. Observei que a filha trouxe uma oferenda.

- É.

- E percebi que esteve fazendo muitos pedidos.

- Pois é, o guia lá do centro me orientou a fazer as oferendas e os pedidos.

- E esse “guia” não a orientou a oferendar seu trabalho para o bem dos necessitados? Nem a agradecer o tanto de bênçãos que já tem?  

Maria a essa altura, já não estava gostando muito daquela conversa e tratou logo de se despedir, alegando estar atrasada para seus compromissos.

Naquela noite, Maria adormeceu mais cedo que de costuma e em seus sonhos aquela senhora de olhar tranquilo apareceu. Escutava seu chamamento, e logo se viu com ela num lindo bosque onde as duas caminhavam e conversavam. Ao acordar já não lembrava mais do sonho, mas uma sensação muito boa tomava conta de Maria, que passou o dia cantarolando.

Naquela semana, inacreditavelmente ela não sentiu vontade de realizar a romaria de todas as igrejas. Na quinta-feira, encontrou na rua, ao acaso, uma antiga amiga, que a convidou para visitarem juntas um Terreiro de Umbanda próximo a sua casa.

Quando ajoelhou-se em frente à Preta-Velha e esta tomou-lhe as mãos entre as suas, teve a impressão de que aquele carinho lhe era conhecido. Enquanto a bondosa entidade, através de sua médium, cantarolava e a benzia com um galho de erva verde, Maria, sem saber por quê, deixava as lágrimas rolarem pelo seu rosto. Uma espécie de saudade brotava do fundo de sua alma e, ao mesmo tempo, uma imensa paz a envolvia.

- Sarava, mi zi fia! O que suncê veio buscar nesse Terreiro?

- Salve, minha mãe! Nem sei o que pedir... estou me sentindo estranha.

- Então não precisa pedir nada, zi fia, pois o Grande Pai sabe de tudo aquilo que nós precisamos e nos dá conforme nosso merecimento. Nossa obrigação é dar graças todos os dias por cada minuto que nos é concedido viver.

- Pois é... mas a vida é tão difícil, preciso de tantas coisas que não acontecem, embora já tenha feito tantas oferendas...

- Nega veia sabe que zi fia foi até ao cemitério oferendar e pedir. Nada contra as oferendas quando se fazem necessárias, desde que tenham um fundamento, que sejam colocadas no lugar certo, de maneira correta e na energia adequada. Os Sagrados Orixás e seus falangeiros não haverão de ficar felizes com os filhos que sujam seus sítios sagrados. A maior e melhor oferenda aos Orixás, zi fia, é o nosso amor e respeito ao nosso semelhante. É trabalhar para melhorar nossos defeitos, elevar nossos sentimentos.

De nada adianta oferecermos coisas materiais para solicitar a realização de nossos desejos, de nossas vontades, que nem sempre é o melhor, pois as dificuldades estão aí para nos mostrar que necessitamos mudar algumas coisas em nossas vidas. Isso é permuta, é negociação. Com o “divino” não se negocia, pois como bem disse Nosso Sinhozinho Jesus, “a cada um segundo as suas obras”. Se zi fia acha que precisa oferendar coisas materiais, plante uma flor ao lado de uma cachoeira e ofereça-a com amor a Oxum; Vá até uma praia e oferte seu trabalho a Iemanjá, limpando seu sítio sagrado, juntando os lixos que as pessoas deixam por lá; plante uma árvore ou uma simples erva em seu quintal e oferte-a a Oxóssi; visite uma creche e leve doces às crianças, além de seu carinho e estará agradando aos Ibejis; preencha seu tempo vago fazendo a caridade, ajudando os mais necessitados, e estará agradando a todos os Orixás e, em consequência, sua vida vai melhorar e as bênçãos brotarão abundantemente. Nós recebemos da vida aquilo que a ela doamos.  

Todos os caminhos levam ao Pai, mas precisamos encontrar o nosso e segui-lo. Siga aquele no qual seu coração vibre de amor e de alegria.

Maria agora tinha muito o que pensar, e pensou. E mudou a partir de então, seguindo os conselhos da Preta Velha.

Enquanto no mundo terreno Maria seguia seu caminho, melhorando a cada dia, no mundo espiritual sua protetora, que não media esforços para ajudar sua tutelada e que para tanto até se fez visível aos seus olhos, estava feliz, pois sua própria evolução dependia da evolução de Maria...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

São Lázaro é Obaluayê

Mensagem que recebi de minha Mãe de Santo (Mara Calegari) sobre o dia 17/12, mais conhecido como Dia de São Lázaro:

Hoje, 17 de dezembro, é Dia de São Lázaro!

Segundo a Bíblia, no Evangelho segundo João, Lázaro de Betânia era descrito com um amigo que Jesus Cristo teria ressuscitado, irmão de Marta e de Maria. A origem de seu nome vem do hebraico Eleazar significando “Deus ajudou”.

Conforme os escritos, Lázaro após ter sido ressuscitado dirigiu-se a Provença após a morte de Jesus Cristo juntamente com suas irmãs e mais pessoas. É considerado o primeiro bispo de Marselha. No período da Idade Média, tornou-se também o padroeiro dos leprosos.

Na Umbanda, o culto é feito a Omulu que se desdobra com o nome de Obaluayê.

Sua forma velha (Omulu)  detém o poder sobre a cura de doenças. É um orixá sombrio, severo e bravo se for desrespeitado, porém pai bondoso e fraternal para os merecedores através de gestos humildes e leais.

Seus filhos têm tendência à autopunição, possíveis problemas nos membros inferiores, pequenos defeitos físicos e alergias. É considerado o “senhor da doença”.

No dia a dia, seu comportamento é masoquista, um tipo de pessoa que costuma exagerar em seus sofrimentos, eles são incapazes de se sentir satisfeitos, mesmo quando a vida está tranquila.

Por sua imaginação triste, eles podem dispensar um belo dia de consagração à felicidade. Sua marca mais forte nem é a exibição desse sofrimento, mas o sofrimento em si. A tendência autopunitiva é tão forte que podem se transformar em problemas psicológicos, isso significa passar todo o problema para o físico.

Como a palha cobre suas chagas e demonstra um caráter tenebroso, o filho desse orixá oculta sua individualidade como uma máscara e até um respeito e certo medo dos outros. Entretanto, isso não ocorre, pois se apresentam humildes, simpáticos e caridosos.

Dessa forma, esse orixá toma a personalidade da caridade na cura das doenças, sendo considerado o “Orixá da Saúde”, Chefe da terceira linha da Umbanda. Vamos a algumas de suas características:

Sua Saudação: Atotô, que significa “silêncio, respeito”.

Astro regente – Saturno.

Bebida – água de arroz.

Características do Orixá – sábio e destemido.

Cores – branco e negro.

Dia da semana – segunda-feira.

Elemento – Terra.

Ervas – jurubeba, erva de bicho, picão.

Flores – qualquer uma de cor branca.

Metal – chumbo.

Numerologia – 13.

Pedras – Ônix e pedras negras.

Sincretismo – São Roque (festejado em 16 de agosto) e São Lázaro (17 de dezembro).

Agora, seguem duas maravilhosas preces: Oração a São Lázaro e ao Senhor Obaluayê para apreciarmos no dia de hoje!

Oração a São Lázaro

(Para pessoas que enfrentam problemas com doenças e para nos livrar de toda e qualquer enfermidade física e espiritual)

Oh! Milagroso São Lázaro, grande amigo de Jesus, valei-me nesta hora de
aflição.

Preciso da vossa valiosa ajuda para vencer as lutas do dia a  dia e as forças malignas que procuram tirar-me a paz.

Oh! São Lázaro cheio de chagas, libertai-me das doenças infecciosas e contagiosas que querem contaminar meu corpo com enfermidade (fazer o pedido).

Oh! São Lázaro, ressuscitado por Cristo, iluminai os meus passos, afim de que, por onde eu andar não encontre armadilhas ou empecilhos quaisquer.
E guiado pela vossa luz me desvie de todas as emboscada preparadas
pelos meus adversários.

Oh! São Lázaro, guardião das almas, estendei as vossas mãos agora mesmo sobre mim, livrando-me dos desastres, dos perigos contra a vida, da inveja e de todas as obras malignas.

Oh! São Lázaro, que comia as migalhas caídas da mesa dos ricos, abençoai minha família, o meu pão de cada dia, a minha casa, o meu trabalho, cobrindo-me com o véu da prosperidade do amor, da saúde e da felicidade.
Que minha família se mantenha unida.
Por Cristo Nosso Mestre, na força e Luz do Espírito Santo. Amém”.

Oração ao Senhor Obaluayê

Proteja-me, Pai, Atotô Obaluayê!

Oh, Mestre da Vida,

Proteja seus filhos para que suas vidas sejam marcadas pela saúde.

Vós é o limitador das enfermidades.

Vós é o médico dos corpos terrenos e almas eternas.

Suplicamos sua misericórdia aos males que nos afetam!

Que suas chagas abriguem nossas dores e sofrimentos.

Concede-nos corpos sadios e almas serenas.

Mestre da Cura, amenize nossos sofrimentos que escolhemos resgatar nessa encarnação!

Atotô meu Pai Obaluayê!

Viva Obaluayê! Salve! Salve São Lázaro!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Alfazema - Colônia ou Óleo Essencial?

Desde que me conheço como umbandista, em praticamente todo terreiro que frequentei ou visitei, percebo que o uso da "seiva de alfazema" (Lavandula Officinalis) é algo comum. Uma afilhada de santo recentemente me perguntou o porque eu indico o uso da planta ao invés dessas colônia prontas, e eu disse que lendo o rótulo percebi que não existe nada de natural nessas colônias prontas.

Eu não sou químico nem nada, mas quando li que a composição é Álcool, Lauryil Glycol, Éther, Phenoxyethanol (and), Methylisathiazolinone, Benzotriazol Dodecyl P-Cresol, Linalool, Coumarin, Eugenol, Essência sintética de Alfazema (Áqua Parfum), não vi nada ali que remetesse a planta em si. É química pura.

Percebo que em vários terreiros o uso dessas colônias prontas é voltado para banhos, limpeza astral de ambientes, limpeza dos chacras (quem aqui nunca levou uma borrifada desse perfume na nuca?), antibactericida astral, etc. Consultando textos a respeito do assunto, descobri que o álcool a 70% possui concentração de um ótimo bactericida pois a desnaturação das proteínas do microrganismo (atuam na membrana plasmática ou parede celular bacteriana, inibindo sua síntese e provocando sua destruição) faz-se mais rapidamente na presença da água, porque a água facilita a entrada do álcool para dentro do microrganismo; o álcool a 70% também é viruscida.

Álcoois nas concentrações de 70% e 92% tem excelente atividade contra bactérias gram positivas e negativas, boa atividade contra Mycobacterium tuberculosis, fungos e vírus, além da viabilidade econômica.

O álcool de cereais é denominado quimicamente de álcool etílico de cereais. O álcool de cereais tem as mesmas propriedades de um álcool comum, porém mais neutro, indicado para a confecção de perfumarias e de produtos cosméticos. O cereal da qual é extraído este álcool é o milho. Ele é um produto de alta qualidade, indicado na fabricação de produtos homeopáticos, extrato de própolis, perfumes, aromatizadores, produtos desodorizantes e bebidas finas

O álcool de cereais tem alto grau de pureza, pois passa por duas destilações. Na fabricação de um bom perfume é necessária a utilização de um álcool de cereais de qualidade, pois dependendo do álcool usado, a nota olfativa da essência poderá ficar alterada, dando ao perfume um aroma diferente do original.

Em todas as “Colônias de Alfazema” utilizadas nos Terreiros de Umbanda, o aroma de Lavanda é conseguido através de essência sintética, e não de óleo essencial. Essências sintéticas são constituídas por uma combinação de substâncias químicas que buscam reproduzir o aroma da planta que lhe dá o nome.

Óleos essenciais são cadeias complexas contendo inúmeros componentes naturais que lhes conferem propriedades específicas, as quais podem atuar sobre o organismo humano, contribuindo para o seu bem estar e mesmo beneficiando sua saúde. É crescente o número de trabalhos científicos que comprovam a atuação dos óleos essenciais no tratamento de problemas de saúde.

O óleo essencial natural é potencialmente rico em compostos, possuindo às vezes, mais de 100 elementos em sua composição, enquanto que a essência sintética não costuma ter mais de três compostos. É esse conjunto de compostos na sua totalidade que forma a síntese única capaz de atingir um determinado objetivo de forma muito mais eficaz. Esses compostos quando isolados perdem a função do conjunto, se tornando ineficazes para as funções terapêuticas para as quais os óleos essenciais naturais são indicados. 

Portanto, essências sintéticas não servem para tratar doenças para as quais os óleos naturais são indicados. 

Se for utilizar óleos essências, adquira-os de fontes reconhecidas. Como teste básico para ver se o óleo essência está “aditivado”, recomenda-se colocar uma gota sobre uma folha de papel branco. Se o papel após algum tempo continuar manchado, trata-se de óleo adulterado. O óleo essencial não é pegajoso (sinta com os dedos). Experimente também colocar umas gotas na água; os óleos legítimos não podem se dissolver

Portanto, a Seiva de Alfazema usada abundantemente nos Terreiros, não se presta como antibactericida astral e nem para “limpar” Chacras, mas tão somente para higienizar as mãos (álcool presente na colônia), bem como mantermos a mãos suavemente perfumadas (essência sintética de Alfazema presente na colônia). Antes e após cada atendimento fraterno, onde terá contato com pessoas, devemos passar, abundantemente, Seiva de Alfazema nas mãos. Cada vez que impormos as mãos, e estas ficarem próximas do assistido, este sentirá um leve perfume agradável.

Seiva de Alfazema fabricada com essência sintética não pode ser usada em banhos ritualísticos, bem como não se presta para limpeza astral de ambientes. O que se pode utilizar em banhos ritualísticos, bem como em purificações pessoais ou ambientais, seriam os óleos essenciais naturais. 

Como o próprio nome já diz, é como se fosse a “alma de um vegetal”. À parte da ciência que trata de sua fabricação, é chamada “Farmacognosia” (trata da fabricação de outros compostos também). Para a elaboração de uma gota de óleo essencial, é necessária uma quantidade muito grande de uma determinada planta, pois a essência é um óleo extraído da planta que traz o seu “princípio ativo”, ou seja, é aquilo que lhe da às características e a faz diferir de outras plantas.

As aplicações de banhos ritualísticos com óleos essências naturais são para: 


  • Purificação, harmonização e ativação dos plexos (chacras), aura e duplo etérico. Também tem caráter propiciatório ao mediunismo. 
  • Reajustamento vibratório dos plexos, aura e duplo etérico (limpeza e harmonização). Para as mulheres, deve ser utilizado após a fase mensal. 
  • Quando do estudo da terapêutica dos Óleos Essências e dos Florais, poderemos utilizá-los em banhos, de acordo com a propriedade farmacológica ou psicológica atribuída a cada Óleo ou Floral. 

Os banhos com óleos essenciais naturais não podem substituir de forma alguma os banhos com ervas, tão importantes para a nossa constituição física, emocional e astral. Esses banhos devem ser utilizados quando não se puder colher as folhas devido ao influxo lunar negativo, ou mesmo quando se deseja obter algo que se encontra na composição dos óleos essenciais.

Para purificações pessoais ou ambientais, o óleo essencial natural de Alfazema será utilizado em gotas, tanto em perfume, como em um difusor, ou em gotas misturado em água