quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Pode Colocar a Mão na Cabeça do Umbandista?

O texto abaixo foi retirado do livro Magias e Rituais da Umbanda Volume 3 e é de autoria de Padrinho Juruá. Achei bastante interessante por se trata de assunto que muitas vezes já se diz consolidado. Como não goto muito desse lance de "verdades absolutas", resolvi estudar. Me acompanhem:

A QUESTÃO DE SE COLOCAR A MÃO NA CABEÇA

Esse assunto é delicado, pelo fato de que uma grande maioria de umbandistas crê e recebeu essa informação passada através dos anos, vindo dos cultos afros que já medravam em época da fundação da Umbanda. Segundo a “Escola Iniciática Umbanda Crística”, vamos discorrer sobre essa questão, e convido a todos a raciocinarem conosco, usando a razão e o bom senso, e não somente se apegar em mitos, estorietas ou mesmo achismos de um ou de outro. Primeiramente vamos, resumidamente, elucidar a questão do tão propalado Ori, (um dogma) e sua importância e implicações para os cultos afros (e não para a Umbanda; como já explamanos amplamente, a Umbanda não é afro-descendente). Após daremos nossas considerações sobre a questão. Vamos lá:

ORI

Ori é o deus portador da individualidade de cada ser humano. Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa. Ori mora dentro das cabeças humanas, tornando cada um aquilo que é. Como ao morrer, a cabeça de uma pessoa não é separada para o enterro, Ori é conhecido como aquele que pode fazer a grande viagem sem retorno, pois os outros Orixás, mesmo quando morrem seus filhos, são libertados da cabeça (Ori) e retornam ao Orun (Céu, ou mundo exterior). À cerimónia de equilíbrio do Ori dá-se o nome de Bori (bo = oferenda, ori = cabeça => dar oferenda para a cabeça, fortalece-la). Não se deve, no entanto, confundir Bori com iniciação. O Bori pode ser feito em qualquer momento e não implica qualquer vínculo com o Orixá ou com a Casa. Durante o processo iniciático a primeira entidade a ser equilibrada é justamente o Ori, a individualidade pessoal, para que a pessoa não se transforme num mero espelho do Orixá. 

Um dos mitos sobre Ori diz que ele pode depois de enterrado voltar ao Orum, levado por Nanã ou Ewá. Diz este mito que um dia Ori percebeu que era o momento de nascer outra vez e foi falar com Olorum, o Universo, solicitando permissão para nascer na mesma família em que havia nascido antes. Olorum permitiu, com a condição de que apenas ele, Olorum, pudesse conhecer o dia de sua morte, sem que Ori pudesse opinar sobre esta questão e que o destino de Ori só pudesse ser mudado quando Ifá fosse consultado. Este Orixá não tem características estéticas, pois, não incorpora. Apenas é cultuado juntamente com os Orixás, possuindo um número no jogo de búzios onde “fala”. 

Fonte: (https://ocandomble.com/2012/04/27/ori/)

AXÉ E ORI – ENERGIAS POSITIVAS E NEGATIVAS

Energias que podem causar a destruição, o azar, a doença, o feitiço, a morte e o desequilíbrio do ser humano, Existe uma força mágica e mística chamada axé, sem a qual não pode haver rito.

O axé pode ser tanto bom, quanto mau.

O bom é proveniente das divindades (Orixá) e dos antepassados (Òkun Òrun), isso não quer dizer que os deuses e os antepassados não fiquem zangados com as pessoas, quando elas não andam corretas, daí se fazer consulta para se ter notícia disso, sua causa e o que fazer para acalmá-los. Na sua essência eles não fazem senão proteger as pessoas. 

O mal axé é dividido em dois tipos:


  1. O primeiro é representado pelos Ajogun, que são considerados energias terríveis e destruidoras dos seres humanos, sendo eles: Iku (a morte), Arun (a doença), Ófó (o dano, o prejuízo, a perda), Égbá (a paralisia), Óran (o aborrecimento, o transtorno, a desgraça), Epe (a praga, a maldição, a desgraça), Ewon (a prisão, a detenção) e Ese, (diversas coisas ruins que perseguem as pessoas).
  2. O segundo, representado pelos Aje, a destruição total do ser humano. 

Os ritos são feitos em cima dessas duas forças, os quais podem começar logo após o nascimento, a depender de como a criança vem ao mundo ou as circunstâncias em que isso ocorreu.

Por exemplo: Uma criança de sexo feminino nascer com o ventre para baixo, todo o cuidado deverá ser pouco, pois a mesma estará sob a influência de Iya Mapo e logo os ebós deverão ser feitos em função dessa divindade para acalmá-las. 

Pode nascer Abiku (o que nasce para a morte), então os ritos começam logo com o primeiro banho e a água do mesmo. 

Também, dependendo de outras circunstâncias, os ritos podem começar com a coisa mais importante e vital do ser humano que é o Ori.

Ori quer dizer cabeça, porém dentro do conceito Yorubá, é a divindade que constitui a cabeça. O Ori de cada pessoa tem potenciais antagônicos, tais como: a felicidade e a desgraça, o sucesso e o fracasso, daí se ter sempre a necessidade de fazer Bori, ritual de alimentar à cabeça com a finalidade de fortalecê-la e agradá-la, que vai desde um simples Omi Tutu (água fria), que consta de um obi e uso de ervas litúrgicas, ao Bori propriamente dito, mais complexo, utilizando-se, inclusive, de sacrifícios de animais e de outros tipos de oferendas, a serem identificados, anteriormente, através do jogo.

O Ori é a parte mais importante existente em nosso Ara (corpo). A nossa sobrevivência depende dele, por este motivo a necessidade de ter uma grande cautela ao procurarmos alguém para fazer uma obrigação em nosso Ori, pois este alguém poderá nos matar ou até desgraçar nossa vida para sempre, por pura perversidade, vingança, inveja ou mesmo inconscientemente, bastando para tanto, que tenha mão de Aje ou de Iku. 

Somente uma pessoa deve mexer em nosso Ori, isso depois da própria divindade dizer se aceita, através do transe em nossa cabeça ou pela prática divinatória. 

Só existe um único caso em que ninguém pode colocar a mão no Ori de outra pessoa, para fazer qualquer coisa e muito menos “fazer o santo”; é quando a pessoa é Olori Merin, isto é, a pessoa tem a cabeça pertencente a quatro donos, em pé de igualdade. Esses quatro Orixás juntos formam um só Orixá e a pessoa é chamada Olori Merin, mesmo assim eles mantém sua individualidade. Se se pudesse fazer alguma coisa, teria que ser feita para cada um isoladamente. As divindades que formam o Olori Merin são Xangô, Ifá, Oxalá, Oduduwá. Os preceitos do Olori Merin são muito complexos e cheios de fundamentos.

Fonte: (https://pt-br.facebook.com/xelisimplesassim/posts/268713709930700)

BORI

Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “Oferenda à Cabeça”.

Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu Bori é (Lésè òrìsà).

Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida

Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajetória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.

Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá Funfun responsável pela criação de Orí. Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre evocado na cerimónia de Bori. Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está diretamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.

A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinônimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direções.


  1. Ojuori – A testa
  2. Icoco Ori – A nuca
  3. Opa Otum – O lado direito
  4. Opa Ossi – O lado esquerdo

Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.

Em África, Orí é considerado um Deus, aliás, o primeiro que deve ser cultuado, mas é também, juntamente com o sopro da vida (Emi) e o organismo (Ese), um conceito fundamental para compreender os rituais relacionados com a vida, como o Axexê (asesé). Nota-se a importância destes elementos, sobretudo o Orí, pelos Orikis com que são invocados. O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.

É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é Adoxu (Adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.

O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza.

O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos.

Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona-as aos seus filhos.

Nunca se esqueça: Orixá começa com Orí

Fonte: (https://ocandomble.com/2008/05/26/bori/)

MÃO DE VUMBE

“Mão de Vumbe” ou “Mão de Nvumbe” ou tirar mão de Vumbi, “Maku Nvumbi”, significa fazer a cerimónia para tirar a mão do falecido, e é realizada um ano após o Ntambi (a cerimónia fúnebre).

Esta cerimónia é necessária e apenas realizada nas pessoas que foram iniciadas pela pessoa que morreu, ou seja, na prática é tirar a mão do morto. É importante notar que não se aplica, portanto, a simples frequentadores, ou Abiãs da Casa.

Quando uma pessoa é iniciada por um pai ou mãe-de-santo, passa a ter um vínculo espiritual, a mão da pessoa em sua cabeça, a mão que transmitiu o axé.

Assim, quando o pai ou mãe-de-santo morre é necessário tirar a mão do morto. Essa cerimónia é feita por outro pai ou mãe-de-santo escolhido pela pessoa.

A realização desta cerimónia é importante, pois permite que o iniciado possa assumir em pleno e dar continuidade à sua evolução em outra Casa de Santo.

A palavra Vumbe é usada no Candomblé Bantu de nações Angola e Congo, o significado é o mesmo que tirar a mão do Egum usada no Candomblé Ketu.

(https://ocandomble.com/2012/05/10/mao-de-vumbe/)

Pautados erroneamente na tradição afro, muitos umbandistas passaram a usar seus preceitos, só pelo “ouvi falar”, os achismos. Com o passar dos anos, ouvimos muitas teorias quanto à importância da cabeça para o médium umbandista, Vamos as mais conhecidas:

O ATO DE COBRIR A CABEÇA

o Pai Quintino, em 1924, chefe de uma Macumba, na Rua Araújo Leitão, no Engenho Novo, Rio de Janeiro, usando o “gorro” característico da Cabula, chamado “Camolele” (do kimbundo “mulele”, pano, através da forma diminutiva; ka-mulele), de influência dos “Malês”, que eram muçulmano








o “gorro” islâmico, chamado de “taqiyah”. Usam-no somente por motivos consuetudinários (hábito, costume). Observem a semelhança com camolele cabulista e os usados hoje, por vários médiuns, em Terreiros de Umbanda. Também tem o “Filá”, que também é um Camolele, porém, bem mais baixo que este (cerca de um terço da altura deste).
Esse é um "kipá". O significado da palavra kipá é “arco”, que fica compreensível quando pensamos em seu formato. A kipá é um lembrete constante da presença de Deus. Relembra o homem de que existe alguém acima dele, de que há Alguém Maior que o está acompanhando em todos os lugares e está sempre o protegendo, como o arco, e o guiando. Onde quer que vá, o judeu estará sempre acompanhado de Deus. Nossos sábios afirmam que cobrir a cabeça também está associado à humildade, pois nos lembra que existe algo acima de nossa cabeça (nosso intelecto): Deus. A kipá deve estar sempre sobre a cabeça, lembrando que há alguém acima de nós observando todos nossos atos. Isso faz com que reflitamos mais sobre nosso comportamento e nossas ações. Simplesmente um objeto místico, simbólico, e nada mais
“Gele” ou “Gèlé” é uma palavra Yorùbá para um envoltório usado na cabeça das mulheres, ou seja, uma espécie de indumentária feminina.

As mulheres Yorùbá são conhecidas por usá-los incrivelmente bem encaixadas, fixadas em suas cabeças, e apesar de ser apenas um apetrecho, pode ser encontrado em quase todas as culturas Africanas.

No Candomblé, o Gele ou torço ganhou quase que um culto e até mesmo itan para justificá-los?

Gèlé é mais do que apenas uma cabeça coberta, é uma forma de arte. Um grande pano retangular amarrado na cabeça da mulher em uma variedade de modas, cores e estampas.

O material usado para fazer o Gèlé é geralmente duro, mas flexível, por exemplo, Aso-oke (o verdadeiro feito em tear e de seda), Brocado (algodão) e Damasco. Estes materiais vêm em uma ampla variedade de cores, padrões e texturas.

Quanto maior o pano (e maior a habilidade) mais elaborado aparenta e até confere certo status. É quando a mulher negra se torna a rainha em toda sua plenitude e beleza.


De todos os barretes, gorros, capelos, capuz, chapéus, turbantes, geles, torço, pano de cabeça, filás, etc., utilizados por religiosos, todos, sem exceção, são simplesmente simbólicos, representativos, meros costumes, enfeites. Alguns são simplesmente indumentária feminina, para beleza. 

Portanto, não há o porquê de se utilizar na Umbanda qualquer tipo de cobertura na cabeça por motivos místicos e/ou religiosos. Aliás, nem se pode falar que usa-se uma cobertura na cabeça por tradição, pois em Umbanda Original do Caboclo das Sete Encruzilhadas, não havia e não há esse tipo de procedimento simbólico.
Em “Escola Iniciática Umbanda Crística” aceitamos o uso de turbantes simples, de algodão, brancos, por todos os médiuns, somente nos rituais privativos onde tem a presença de Amaci, para segurar ervas no topo da cabeça dos médiuns; acabou o ritual, retira-se o turbante, higienize-o, e guarde para quando tiver outro ritual do Amaci. É somente esse o seu uso.

Por estarmos discorrendo sobre o uso de cobertura na cabeça por parte dos umbandistas, aproveitando o ensejo, queremos esclarecer aos leitores sobre a problemática de se usar qualquer peça de couro em vestuário, principalmente chapéus, em trabalhos espirituais, tanto por médiuns como por assistidos.

Prâna, do sânscrito; de “pra”, para fora, e de “na”, respirar; viver; textualmente quer dizer: “Sopro da Vida”. Em todas as manifestações de vida no Planeta, ali existe Prâna. Em todos os planos de existência, tanto material quanto espiritual, o Prâna é a vida manifestada. “Prâna”, cuja energia em potencial é responsável por todas as manifestações de vida na Terra. O prâna vem do Sol. Recebemos prâna vital nos momentos do passe, o prâna das ervas nas mãos dos guias eu em banhos ritualísticos, etc.

Uma propriedade intrigante e muito interessante do couro (de um animal morto) é que ele absorve o prâna vital e não o deixa passar para nada. Não importa quanto prâna descarregue; se passar por uma peça de couro comum não será capaz de transmitir esse prâna para uma pessoa, pois ficará no couro. O prâna vital tem como instinto criar vida; ao passar pelo couro, vai identificar que alí está um ser “doente” que necessita vida. Assim, vai ficar tentando fazer o couro voltar à vida, e não irá para onde desejaríamos. O prâna provém do Sol; se estivermos utilizando qualquer vestuário ou chapeu de couro, esse prâna ficará no couro e não será absorvido pelos chacras que estiverem cobertos por esse material.

Portanto, devemos evitar o uso de vestuários e chapeus de couro, bem como orientar aos que vão passar por uma consulta espiritual, e, consequentemente receberem um passe, que retirem qualquer peça de couro que possa cobrir os chacras.

As fibras sintéticas, como por exemplo o poliéster, o nylon, a borracha, bloqueiam o prâna, bem como podem fazer diminuir a quantidade do fluxo de prâna. Então, sugerimos que as pessoas usem o algodão, lã ou seda.

Também devemos tomar o devido cuidado para não trajarmos roupas com tecidos muito escuros, pois os mesmos, em seus tingimentos, estão carregados de metais pesados, e isso pode interferir nas emanações de prâna

Entenderam porque os Guias Espirituais sempre pediram para que, nos momentos de atendimentos, os assistidos retirassem as roupas de couro e tecidos sintéticos, bem como sempre os orientaram a não virem para os trabalhos espirituais, com roupas escuras, e nunca o preto.

Porque nós, médiuns, então, insistimos em usar indumentárias coloridas em trabalhos espirituais???

Relembrando: Em “Escola Iniciática Umbanda Crística”, não se aceita roupagens coloridas, balandraus, rendas e lamês, ou qualquer tipo de adornos ou adereços regionais externos, tipo: cocares de penas, capacetes, chapéus, coroas, espadas, arcos, tacapes, fuzis, maquiagens, tridentes, capas, cartolas, ternos, smoking, bijuterias, etc. Esses tipos de coisas não pertencem a Umbanda. O vestuário utilizado, tanto para homens como para mulheres, é composto de tecido modesto e simples (algodão), somente brancos; Em Umbanda não existe roupas sacerdotais, mas, somente uniformes. Os calçados são de pano grosso (lona), com solado de corda (tipo Alpargata Rueda) ou descalço.

Capacetes, espadas, adornos, vestimentas de cores, rendas e lamês não são aceitos nos Templos que seguem a sua orientação (nota do autor: Caboclo das Sete Encruzilhadas). O uniforme é branco, de tecido simples” (Zélio de Moraes). “Aqui, em meu Terreiro, se usa roupa simples de algodão e sapato de corda ou descalço. Não tem seda e nem luxo” (Zélio de Moraes).


 Os excessos aparatosos nos vestuários e adereços regionais é tão somente da vontade do médium. Os únicos apetrechos que observamos serem utilizados pelos Espíritos em suas representações arquetípicas são, a modesta bengala utilizada por alguns Pretos-Velhos (não todos), e a saia branca simples, sem rendas, sem enfeites, utilizadas pelas Pretas-Velhas, por caracterizar a presença de anciãs recatadas. Hoje, pela praticidade, as saias das Pretas-Velhas estão sendo substituídas pelo uso de um pano branco longo por sobre as pernas do médium incorporado, ou por um avental branco longo, que o médium prende à cintura um pouco antes do processo de mediunização.

Agora, um Espírito que se intitula Guia Espiritual, somente deve ser aceito como tal, se pautar toda sua doutrina, orientações e vivências, calcados nos ensinamentos crísticos. Guia Espiritual não pauta suas orientações na materialidade ilusória; Guia Espiritual não tem vaidade; Guia Espiritual não tem vícios; Guia Espiritual liberta, ama, perdoa, orienta, evangeliza.

Espíritos da Luz não tem vaidade, não ingerem bebidas alcoólicas para se refestelarem, não fumam (não inalam a fumaça para os pulmões), não procedem a brincadeiras descabidas, não proferem palavras de baixo calão, não se portam de maneira inconveniente, não promovem e nem aceitam festas em suas homenagens, não são libertinos, não ficam sambando, etc.

A CABEÇA

A Cabeça é o símbolo de conhecimento, de comando, de aprendizado e elevação do pensamento, de aproximação com a Inteligência Suprema, em outras palavras, Deus.

Em nossa vida terrena, somos somente depositários de tudo o que temos, inclusive nosso corpo, nada sendo de nossa propriedade. Somos tão somente Espíritos passando por uma vivenciação humana; para uns aqui é um reformatório; para outros é uma escola. Somos a materialização, a cópia do nosso Perispírito. Nosso Espírito não é a nossa cabeça e muito menos o nosso cérebro. Nossa cabeça/cérebro é a materialização necessária para receber a nossa mente (Espírito), que não está na presa ao cérebro, mas, somente está em sintonia.

Dizem que pelo fato de em nossa “coroa”, existir o sétimo Chacra, o Coronário (Sahasrara), que segundo a tradição indiana é através dele que recebemos a iluminação divina, e que também é o responsável por regular toda a nossa energia.

Quando a existência da emanação do Chacra Coronário, fisicamente, aproximadamente localizado no alto da cabeça, entre os lobos parietais, é de fato verdadeiro. Agora, devemos atentar que os Chacras estão localizados no Perispírito, irradiando-se para o Duplo-Etérico, que emana para o Corpo Físico. Os Chacras não estão no Corpo Físico. O que regula ou desregula os Chacras são a nossa moral (A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus), o conjunto das nossas virtudes. 

Podemos auxiliar um nosso irmão, atuando na irradiação dos Chacras no Corpo Físico, de forma positiva através de passes, ervas, pedras, etc., mas, com certeza, não será impondo suas mãos ou mesmo atuando negativamente ou positivamente no Chacra Coronário (ou qualquer outro) que este irá se desregular ou se regular. Isso nunca. A negatividade em todos os sentidos somente nos achega através da nossa inobservância das virtudes, das orientações crísticas, e nunca por simples capricho de alguém que quer nos prejudicar, ou mesmo de alguém que está negativado em sua vida. 

As manipulações efetuadas num passe, num Amaci com ervas, numa benção de um Guia Espiritual, na “coroa” de alguém, simplesmente são transferidos os magnetismos e o prâna disso tudo para o Campo de Repercussão Mental, e não para o Chacra Coronário e nem para o cérebro físico. 

Muitos pensam que num desenvolvimento, um Guia Espiritual quando coloca a mão na cabeça de um médium é para “puxar”, ou “fazer uma puxada”, de um Espírito, fazendo o médium entrar em transe. Não é isso que acontece. Simplesmente, o Guia Espiritual sabedor das dificuldades de um médium, ao colocar a mão sobre a coroa do mesmo para facilitar uma manifestação mediúnica, nada mais está fazendo que, nesse exato momento, emitir energias vivificadoras para o Campo de Repercussão Mental, inundando-o de magnetismos positivos, retirando toda “sujeira” agregada nesse campo, que atrapalha a sintonização médium/entidade.

O mesmo acontece com algum assistido/médium quando vai se consultar, e, o Guia Espiritual ao se achegar ou mesmo colocar sua mão sobre a “coroa” do assistido, este entra em atividade mediúnica. 

Não é cobrindo a cabeça com um simples pano, de qualquer cor, que irá “proteger” o seu “Ori”, o seu Chacra Coronário de energias negativas; crer nisso seria insensato.  

TOCAR NA CABEÇA COM AS MÃOS

Dizem que: Por representar o ponto de contato entre a nós e o astral, o “Ori” (maneira pela qual os seguidores dos cultos-afros nominam a “coroa” na cabeça) deve ser preservado, evitando-se que quaisquer pessoas não autorizadas o toquem, independentemente de sua religião ou intenção.

Discordamos totalmente de tal dissertativa.

Primeiramente, a sede da vida e do poder mental de uma pessoa, reside no seu Espírito imortal, e não na cabeça física da atual encarnação. Cabeça não é “morada” de Orixá. A morada do princípio Divino, os Poderes Reinantes Orixás do Divino Criador é em nosso Espírito somente.

O ponto de contato entre médiuns e o plano astral superior é a moral, a santidade das intenções e a mente ilibada. Jamais esse ponto de contato é o cérebro/cabeça físicos.

Já explicamos acima o conceito de Ori (que é um dogma para os seguidores dos cultos afros), crido por eles, que nada tem há ver com a doutrina de Umbanda. Pode até ser aceita pelos Terreiros umbandistas que pautam sua doutrina pelos cultos afros, mas, jamais pela doutrina umbandista preconizada pelo seu anunciador, o Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Muitos se pautam pelo fato de recebermos energias pela “coroa”, e que se alguém tocá-la pode ser infestada por energias negativas. Em primeiro lugar, se formos infestados por energias negativas, isso quer dizer que estamos totalmente desequilibrados em nossa mente e em nossos corações. Se somos presas fáceis de energias negativas e de Espíritos perturbadores, com certezas estamos entrando em contato com tudo isso, por simbiose, por afinidades. Portanto, estamos mais impuros que as energias impuras, pois se as atraímos por afinidades, é por estarmos pior que elas.

Afinal, não precisa colocar a mão na cabeça para “pegar” nada. Basta à aproximação de alguém com más intenções que, se você estiver impuro, captará facilmente as energias enfermiças. Isso é fato. É da lei. Os afins se atraem.

Observemos que a mediunidade, que é um atributo biológico, acontece pelo funcionamento da Glândula Pineal, que capta o Campo Eletromagnético, através do qual a espiritualidade interfere, e não é manipulada pelo simples toque da mão de um encarnado.

Se crermos que energias negativas emanadas de criaturas humanas irão nos prejudicar pelo simples toque em nossas cabeças, desestabilizando nosso emocional, espiritual e físico, fatalmente iremos nos transformar em psicóticos, com auto-obsessão, fanatizados por falsas crenças, muitas advindas de primarismo religioso com dogmas, mas sem explicações calcadas na razão e no bom senso.

Ficou essa falsa crença tão arraigada entre umbandistas, que alguns chegam ao cúmulo de não permitirem um cabelereiro, o marido, a mulher, os pais, tias, filhos, encostarem a mãos em suas “coroas”, a não ser o dirigente do seu Terreiro. 

Somente orientamos aos médiuns que não coloquem a mão na cabeça de ninguém, pelo fato de existirem pessoas que se incomodam com isso. Aliás, orientamos que não se coloque as mãos em absolutamente nenhuma parte do corpo de um assistido, em atendimentos fraternos

O ritual principal da Umbanda quando existe uma manipulação nos centros neurorreceptivos da cabeça, atuando incisivamente no Campo de Repercussão Mental, é o Amaci, onde existe a transferência do prâna vital de ervas específicas, para esses locais. O Amaci é aplicado pelo dirigente do Terreiro, obviamente com as mãos. Mas, esse ato, nada tem a ver com transferência de energia do dirigente para o médium, como creem os seguidores dos cultos afros. Não temos rituais de consagração de médiuns a Orixás. Trabalhamos por afinidades fluídicas com as Corporações Orixás, mas não somos “filhos” de Orixás. Somos filhos de Deus.

O ato de “colocar a mão na cabeça”, na Umbanda, não configura que o médium tenha um compromisso espiritual com o dirigente. O compromisso será sempre com o plano espiritual superior. O que terá de ter com o dirigente é tão somente o respeito, o comprometimento e a gratidão, e vice-versa.

Se um médium umbandista sair de um Terreiro para ir trabalhar em outro, vai ter que seguir os ditames do novo Terreiro, inclusive com as aplicações dos Amacis que deverão ser efetuados na cabeça. Não tem nada há ver com o que você já fez. Se positivo, só vem complementar.

Em Umbanda, não existe ter que tirar a mão do outro dirigente da sua cabeça (nem na morte deste). Não existe mão de ninguém, e nem energia de ninguém plantada em nossa cabeça a não ser a ”mão de Deus”.

Em Umbanda não existe “plantar” Orixá na cabeça de ninguém. Isso é coisa de cultos afros. Respeitamos, mas, não é doutrina umbandista. Cada coisa em seu lugar. Cada religião com a sua doutrina.

Muitos umbandistas se apropriam de rituais/doutrina/liturgias dos cultos-afros, ressignificam e maquiam tudo, para posteriormente colocarem como fundamento da Umbanda. Tristes frutos irão colher. Cada coisa no seu lugar. Cada doutrina/ritual/liturgia na sua religião. Misturar é não fazer nada direito, e, pior ainda, inverter a polaridade da coisa, prejudicando alguém.


E aí pessoal, concordam com o texto? São pontos de vista bastante diferentes e interessantes. Confesso que concordo em partes.

Dicas para o próximo texto? Comentem aqui.



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