terça-feira, 25 de setembro de 2018

"Meu Exu Não é Famoso. E Agora?"

Há algum tempo um irmão umbandista veio conversar comigo sobre o Exu que trabalha com ele. Eu imaginei que pudesse vir alguma pergunta sobre os fundamentos daquela determinada linha de trabalho ou algo sobre a firmeza da entidade na tronqueira... enfim, dúvidas mais comuns. A dúvida, porém, era sobre o nome da entidade. O Exu que se apresentou para o médium tinha um nome pouco comum e eu mesmo particularmente não conhecia aquela linha.

Eu disse que não conhecia a linha, mas que poderíamos firmar para o Guia e porque não conversar com ele para saber o que precisa para realizar seu trabalho no terreiro. O médium, porém, disse que isso ele já tinha sido avisado e estava tudo certo. Eu perguntei então qual era dúvida. Fiquei surpreso em saber que o único grande problema (e na verdade sequer era uma dúvida) era o fato do Exu não ser conhecido, e o médium achar que poderia estar com animismo ou entendendo errado o nome do Guia.

Eu expliquei que é absolutamente normal algumas linhas (nomes dos Guias) deixarem de se manifestar e outras novas surgirem, e que isso é não apenas comum como necessário, visto que a Umbanda é uma religião ainda em anunciação. Eu resolvi, portanto, recorrer não apenas ao que eu sei por experiência própria, mas também a registros de décadas atrás (70 e 80 principalmente), onde os médiuns se preocupavam muito mais com o trabalho a ser realizado pelo guia do que com o nome daquela linhagem. Recorrendo a esses registros, achei interessante trazer aos amigos leitores o resultado da pesquisa:

Eu vou usar o exemplo dos Exus porque foi pontualmente o que pesquisei, mas certamente aconteceria algo semelhante pesquisando todas as outras linhas de trabalho (preto Velho, Caboclo, Baiano, etc). As linhas que são as mais conhecidas ainda hoje já se manifestavam décadas atrás. Tranca Ruas, Tata Caveira, Tiriri, Marabô, etc... todas essas linhas já trabalhavam, mas eram as únicas? Não. Vamos aos nomes que muito provavelmente o leitor sequer conhece, mas fazia um trabalho extraordinário nos terreiros.

Exu Campina
Exu Mangueira (um dos primeiros a se manifestar na Umbanda, aliás)
Exu do Carangola
Exu Corta-Corta
Exu Curadô
Exu Ganga
Exu Gargalhada
Exu Kaminaloá
Exu Lalu
Exu Marabá (não confundam com Marabô)
Exu das Matas
Exu Tempestade (o qual trabalha com esse médium aqui)
Exu Pedra Negra
Exu Pemba
Exu Poeira
Exu Quebra-Galho
Exu Quirimbô
Exu dos Rios
Exu Serapião
Exu Sete Cruzes
Exu Sete Montanhas
Exu Sete Portas
Exu Tira Teima
Exu Toco Preto
Exu Tranca Tudo
Exu dos Ventos
Exu do Cheiro
Exu Gira Negra

Esses são exemplos de linhas menos conhecidas, mas que atuam na Umbanda da mesma forma que Tranca Ruas, Capa Preta, Exu Caveira ou Tiriri. Vale sempre ressaltar que nós devemos nos preocupar em sermos melhores pessoas para que desta forma sejamos melhores médiuns e assim deixar que a Espiritualidade Amiga trabalhe conosco de uma forma plena e satisfatória. 

Focar em nome de entidade e não naquilo que ela pode fazer quando bem firmada, é se preocupar com o detalhe do detalhe. Algo tão pequeno não deve ter tamanha relevância. Será que um assistido prefere ser atendido por um "Tranca Ruas" com um médium que não conhece seus fundamentos, ou com o "Exu Gargalhada" bem firme e com um médium que se entrega de coração? A resposta é bastante óbvia.


Se o foco do médium for querer saber o nome do seu guia e buscar um "famoso" pra trabalhar, então o foco não está na Umbanda, mas em seu ego. Firme uma vela para Obaluaiê e entre em harmonia com a Evolução interna.

Axé.

Sergio

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