quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Zé Pelintra - Parte 1

Já terminamos nosso estudo sobre a Esquerda, e o resultado foi muito bacana. Não apenas aqui pelo blog, mas semanalmente na TUOBM (toda quarta) pudemos trocar um pouco de conhecimento sore nossos amados Guardiões. 

Eu decidi colocar estudo um pouco mais aprofundados sobre cada uma as linhas de trabalho da Umbanda, e sempre que inicio algum texto, remeto a duas linhas de trabalho: Preto Velho ou Zé Pelintra. Recentemente tenho pensado bastante em Seu Zé, e sua presença se faz cada vez mais nítida comigo. Sendo assim, resolvi seguir minha intuição e vou colocar o estudo que fiz sobre nosso amado Zé Pelintra. 

Quem foi? De onde veio? É de Esquerda ou da Direita? Ele é Baiano? Vou tentar responder a maior parte de questionamentos que surgir. 

Então, como sempre digo, "comecemos do começo".


INÍCIO - CATIMBÓ E A JUREMA SAGRADA



Em tupi, “fumaça de mato” e em guarani, "vapor de erva”, Catimbó é a palavra que faz referência a práticas milenares de pajés, os quais utilizavam a fumaça de ervas queimadas em seus cachimbos em rituais de cura, da mesma forma que enchiam com o que chamavam de “Espírito de Força” os guerreiros da tribo. Com o passar dos anos, esta prática indígena foi sendo disseminada e cada vez se aproximando mais de vertentes menos ortodoxas do Catolicismo.

Entre os séculos XVI e XVII aconteceram os primeiros trabalhos do que na época era denominado “Culto a Santidade”, que nada mais eram do que manifestações híbridas de práticas católicas e indígenas, com vertente espiritual. Os trabalhos trabalhos eram realizados com a liturgia já conhecida, com rezas apresentadas pelos católicos presentes e o ritual com o cachimbo, trazido pelos índios. Quando a espiritualidade começou a se apresentar naqueles rituais, alguns ensinamentos foram trazidos e, com o tempo, após um maior entendimento de que ali existia uma manifestação religiosa própria, por mais que fosse sincretizada, iniciou-se a religião Catimbó, tendo como base o culto a uma árvore que, segundo a Espiritualidade, e com o respaldo da vivência indígena, era sagrada e nela havia um dos vários instrumentos de Deus para a prática da Caridade: a Jurema passou a ser o símbolo maior do Catimbó desde então.

Parte do ritual do Catimbó traz a ingestão de uma bebida, denominada Vinho da Jurema, feita com a casca da jurema. Essa prática indígena e secular permite um estado de transe tão forte que faz com que as faculdades mediúnicas da pessoa fiquem mais evidentes e, desta forma, facilite a incorporação por entidades espirituais, e foi exatamente o que começou a acontecer, inicialmente com antigos espíritos de índios que tinham o conhecimento dos rituais com uso de ervas queimadas em seus cachimbos. Posteriormente outros espíritos, sem relação alguma direta com os índios, passaram a se manifestar para trazer seu conhecimento ao Catimbó. Existiam manifestações de espíritos de escravos que traziam a palavra de conforto junto a um forte conhecimento de manipulação da energia das ervas, espíritos de ciganos que em vida eram conhecedores das propriedades de cura das folhas. Todas essas entidades manifestadas haviam desencarnado há muito tempo, então a eles era dada a incumbência principal de manipular a energia contida no ritual da queima das ervas. 

A grande diferença existente no Catimbó em contraponto aos cultos xamânicos era justamente a divisão dos trabalhos entre esquerda e direita (o que atualmente é comum na Umbanda) , sendo que para trabalhar com guias da esquerda a pessoa precisaria conhecer as propriedades da semente preta da Jurema (a árvore sagrada possui duas qualidades de sementes) e na direita, precisaria conhecer a semente branca. Poucas pessoas conseguiam entender e trabalhar com as propriedades da esquerda no Catimbó, então quando isso acontecia, eram pessoas que notadamente possuíam grande capacidade e, por esta capacidade, eram consideradas mestres encarnados.

Esses mestres quando desencarnavam poderiam voltar a trabalhar no Catimbó, porém desta vez através da incorporação junto aos praticantes da religião. Quando essas entidades voltavam a trabalhar, vinham com um conhecimento muito maior, o que dava sustentação aos trabalhos e era chamadas de Mestres Juremeiros. Algumas dessas pessoas, porém, mesmo quando encarnadas, traziam uma enorme capacidade na manipulação das energias e um conhecimento fora do normal. Essas pessoas eram verdadeiros mestres e atuavam alinhados aos Mestres Juremeiros. Mestre Preá, Mestre Pilão Deitado, Mestra Nani, Mestre Zé Pretinho são exemplo; entre esses mestres estava José dos Anjos. Por sua grande facilidade na manipulação das energias da esquerda, passou a ser conhecido como Mestre Zé Preto. 

Zé Preto dedicou boa parte de sua passagem no Catimbó ao atendimento aos pobres e maltrapilhos, o que lhe rendeu posteriormente a alcunha entre o povo, de Zé Preto dos pelintras (que é a palavra que define alguém pobre e que se veste mal), em contrapartida a uma de suas grandes características pessoais, que é a forma sempre elegante de se vestir. 

Desde seus primórdios no Catimbó, Zé Pelintra é um exímio trabalhador da Caridade, sendo o grande representante dos pobres e mais necessitados. Lá em Recife em meados do Século XIX iniciou sua jornada perante Deus e nunca a abandonou, pelo contrário, sendo o responsável pela renovação da fé de milhares e milhares de pessoas desde então. 


Se no Catimbó teve suas raízes fincadas, foi na Umbanda que se firmou, como veremos adiante

sábado, 27 de outubro de 2018

Estudo Sobre a Esquerda - Parte 7

Dando sequencia ao nosso estudo sobre os amados guardiões e guardiãs, falaremos agora um pouco sobre as ervas consagradas às linhas da Esquerda. 

Antes, é sempre bom lembrar que as ervas são consagradas de duas formas:

Erva dos Orixás: são ervas e frutos consagrados a um determinado Orixá, o qual pode ser utilizado como banho de energia, descarrego e oferenda. 

Erva das linhas: as linhas de trabalho (Preto Velho, Marinheiro, Boiadeiro, etc) possuem suas ervas consagradas que servem também para banhos de descarrego, de energização e, também, para oferenda.

Além disso, toda erva possui característica específica, sendo algumas são ervas de descarrego, outras de energização, algumas são ervas que acalmam e outras que excitam. Dito isso, vale lembrar que as ervas consagradas à Esquerda contemplas todas essas características, mas, além disso, sendo manipuladas de forma realmente firme ao propósito que lhe precede, possuem a propriedade da liberação de energias magísticas, as quais devem ser utilizadas com muita cautela e preferencialmente sendo manipuladas na presença de uma entidade.

Vamos aos exemplos mais utilizados:


Amendoeira: Seus galhos são usados em trabalhos de prosperidade, sendo que deve ser realizado nos locais em que a pessoa exerce suas atividades lucrativas. Comumente utilizado em defumação.









Amoreira: A principal característica da amoreira é armazenar fluidos negativos e depois os descarregar. A utilização desta erva é comum, porém deve ser feita de forma responsável, pois no final da tarde, seja aonde estiver, ela vai liberar parte da negatividade que armazenou.

É recomendado seu uso pela manhã para que seja descarregada na mesma tarde, ou após anoitecer, para que seja descarregada na tarde do dia seguinte. Lembrando que essa característica serve apenas em trabalhos onde a erva estará fisicamente presente, não macerada ou sem ser em banhos e defumações. Nesses casos específicos, pode ser utilizada normalmente como erva de descarrego.


Aroeira:  uma das ervas mais fortes pra descarrego. É bastante utilizada em rituais (banhos, defumação e entregas) em que envolvem a questão sexual (impotência, por exemplo), por isso é bastante utilizada pelas nossas amadas Pomba Giras.





Arrebenta Cavalo: é uma erva que tem a característica principal a retenção de energias. É bastante utilizada como complemento de algum ritual. Exemplo: é feito uma entrega para Exu relacionado a saúde. Tomando banho desta erva, aquela energia liberada no ato de arriar a entrega "fixa" melhor na pessoa.

Não deve ser ingerida sob hipótese alguma.


Arruda: sim, arruda também é erva de Exu. É uma erva com forte propriedade de descarrego, o que é fácil perceber, já que muitas vezes se estiver em um ambiente carregado, a arruda morre.Pode ser utilizado na lavagem de objetos consagrados para proteção (punhais ou tridentes dados pelas Entidades para que fiquem em posse do assistido, desde que a lavagem seja indicada pelo Guia).





Azevinho: é uma erva bastante utilizada tanto em Magia Negra quanto Magia Branca. Na Umbanda, é consagrada para realização de firmeza com entidade de Esquerda. Se um médium precisa ficar mais alinhado (ou "mais firme", como muitos dizem) com o guia que o acompanha, faz ritual de oferenda e até mesmo banho utilizando o azevinho.


Bardana: erva bastante forte em banhos de proteção. É bastante comum os sacerdotes de Umbanda tomarem banho de bardana quando sabem que estão sob intenso ataque espiritual. 






Beladona: erva com forte poder de atração, é bastante utilizada em trabalhos de prosperidade material e, em casos mais raros e sempre sob supervisão de uma Pomba Gira, também utilizado em rituais de adoçamento. É sempre utilizado em sacudimento.

Não deve ser ingerido, utilizado em banho ou defumação.



Beldroega: utilizada da mesma forma que a Figueira do Diabo. Suas folhas (amarelas e pequenas) são utilizadas para agilizar cicatrizações.






Brinco de Princesa: erva de proteção, porém utilizada apenas quando o médium está com "Exu de Frente" (explicarei o que é isso oportunamente) ou quando, passado pelo Candomblé, era filho do Orixá Exu.

Não deve ser ingerido.







Cabeça de Nego: seu bulbo é utilizado nos banhos de descarrego mais forte. É também utilizado em rituais de cura quando envolve questões ligadas ao sistema reprodutor feminino.








Cana de Açúcar: as folhas secas possuem forte energia de purificação. Sua defumação é utilizada em rituais de desobsessão, por causar forte incômodo junto aos eguns (é uma erva também consagrada a Iansã).




Cardo Santo: erva de purificação. É utilizada em rituais de sacudimento em locais com muitos animais (clínicas veterinárias ou chácaras, por exemplo). 







Catingueira: utilizada em banhos de descarrego. Seu sumo pode ser utilizado para limpeza das ferramentas de trabalho dos Exus e Pomba Gira. 






Cunanã: erva de descarrego e limpeza, é utilizada pelo médium que veio do Candomblé e para ele já havia sido feito algum tipo de sacrifício para firmeza do Orixá Exu.








Erva Preá:erva de descarrego e limpeza, pode ser usada em sacudimentos e banhos. também utilizada em rituais ligadas ao sexo.








Facheiro Preto: é uma erva exclusiva da Caatinga, portanto bastante rara de ser encontrada. É utilizada em banhos MUITO forte de limpeza e descarrego.






Fedegoso (ou Crista de Galo): erva de forte descarrego, é utilizada quando há enfermidades sendo agravadas pela presença de Eguns, tanto em banhos como defumação.

É bastante utilizado para a limpeza do chão após trabalho de Exu ou Pomba Gira com ponto riscado.

Suas sementes e folhas é feito um pó, o qual é jogado sob as pessoas trazendo proteção, sendo este pó conhecido como "pó de faz bem".


Figo: além de ser uma fruta muito saborosa, suas folhas são utilizadas em rituais de limpeza e descarrego em pessoas obsediadas, além de servir para limpeza das ferramentas de Exu e Pomba Gira.







Figueira do Diabo: é uma erva utilizada na purificação de otás em assentamentos de Exu e Pomba Gira. É utilizada socada em pilão. 








Folha da Fortuna: utilizada em banhos de limpeza e descarrego, além de ser utilizada em rituais para acelerar a cura de enfermidades.








Lanterna Chinesa: erva de descarrego, muito utilizada em pessoas atacadas por Kiumbas. Existem os "médiuns de descarrego", que são médiuns com a característica pontual de atrair para si energias de baixa vibração e até mesmo Eguns (para serem posteriormente tratados em um terreiro). É recomendado a esses médiuns banhos de lanterna chinesa pelo menos uma vez por mês.

Antigamente as tronqueiras de Exu eram enfeitadas com lanterna chinesa.


Mamão Bravo (ou Jaracatiá): a erva desta árvore frutífera é utilizada em banhos de limpeza. Quando utilizado em banho de defesa, para ser efetiva, tem que ser feito por 3 dias seguidos.






Mamona: suas folhas servem para limpeza de tronqueira e para arriar entregas para Exu. Suas sementes socadas são utilizadas para purificação de ferramentas e Otá de Exu.

Não deve ser utilizada em banho ou defumação, pois suas sementes são extremamente venenosas, podendo causar óbito.


Mangueira: das ervas mais fáceis de serem encontradas, a folha da mangueira é uma das que mais possui características de proteção. Também bastante utilizada para lavagem do chão antes de trabalho de Esquerda.







Maria Mole: é uma erva daninha muito utilizada em banhos de limpeza e descarrego, podendo ser utilizada de forma tranquila em defumações e sacudimentos domiciliares.







Mata Cabras: sua defumação afugenta Eguns e destrói larvas astrais. 








Mussambê: é uma erva bastante interessante, pois não possui função de proteção, limpeza ou descarrego, mas é consagrada para acolhimento de Exu no terreiro. Até hoje em muitos terreiros o médium quando dá passividade pela primeira vez a Exu, toma esse banho como forma de agradecimento pela oportunidade.








Pau D'Alho: suas folhas são utilizadas em sacudimentos domiciliares. Existe um ritual de proteção, onde a pessoa toma banho de Pau D'Alho misturada com Aroeira e Pinhão Roxo em uma encruzilhada. Esse ritual é bastante poderoso, mas deve ser realizado acompanhado por médiuns bastante experientes.








Pimenta Vermelha: talvez a erva mais conhecida nos rituais de Exu, a pimenta em si é utilizada pelas entidades da Esquerda em duas situações:


  1. Quando utilizada para proteção, é consagrada a Ogum.
  2. Quando utilizada para ataque, é consagrada a Xangô.
Quase todo padê de Exu possui pimenta vermelha, por isso há ali a presença da energia de Ogum, Orixá que rege todas as falanges de Exu e Pomba Gira, como vimos em capítulos anteriores deste estudo sobre a Esquerda.

As folhas da pimenta vermelha servem para limpeza das tronqueiras.


Pinhão Branco: possui propriedade para quebra de demandas. Assim como a Cunanã, é utilizada pelo médium que veio do Candomblé e para ele já havia sido feito algum tipo de sacrifício para firmeza do Orixá Exu.







Pinhão Roxo: possui as mesmas propriedades do Pinhão Branco, e é mais comumente encontrado.







Quixabeira: utilizada para descarrego e limpeza, especialmente em pessoas obsediadas. Os antigos arriavam entregas para Exus das Matas aos pés desta árvore.








Tiririca: não se trata do deputado, mas de uma plantinha que cresce igual praga. Essas ervas são levadas ao forno e depois de reduzidas a pó, são utilizadas em rituais de mudança de local de moradia ou trabalho.o pó é espalhado no imóvel que se entra e no que se sai.






Urtiga Vermelha: é uma erva com grande poder de limpeza e descarrego. É bastante comum sua utilização na limpeza de tronqueiras e em firmeza de Exu para proteção dos filhos da casa.




Essas são algumas das ervas de Esquerda mais conhecidas. 














sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Os Mentores de Cura

Segue abaixo o texto extraído do Curso de Umbanda da Sociedade Espírita Mata Virgem (ao qual agradeço pelos ensinamentos):

OS MENTORES DE CURA 

QUEM SÃO

Os mentores de cura trabalham em diversas religiões, inclusive na Umbanda. São muito discretos em sua forma de se apresentar e trabalhar, e estas formas mudam de acordo com a religião ou local em que irão atuar. São espíritos de grande conhecimento, seriedade e elevação espiritual. Alguns deles não demonstram muito sentimento mas mesmo assim têm muita vontade de ajudar ao próximo, com o tempo tendem a evoluir também para um sentimento maior de amor ao próximo.

São extremamente práticos, não aceitando conversas banais ou ficar se estendendo a assuntos que vão além de sua competência ou nos quais não podem interferir, pois não são guias de consulta no sentido ao qual estamos habituados na Umbanda.

Para se ter uma ideia melhor, sua consulta seria o pólo oposto à consulta com um Preto Velho. Normalmente os pretos velhos dão consultas longas, cheias de ensinamentos de histórias, apelando bem para o lado emocional. Já os Mentores de Cura, se dirigem ao raciocínio, buscam fazer o encarnado compreender bem as causas de suas enfermidades e a necessidade de mudança nessas causas, bem como a necessidade de seguirem à risca os tratamentos indicados. Quando precisam passar algum ensinamento o fazem em frases curtas e cheias de significado, daquelas que dão margem à longas meditações.  

São espíritos que quando encarnados foram: Médicos, Enfermeiros, Boticários, Orientais (que exercem sua própria medicina desde bem antes das civilizações ocidentais), Religiosos (monges, freis, padres, freiras, etc.), ou exerceram qualquer outra atividade ligada a cura das enfermidades dos seres humanos, seja por métodos físicos, científicos ou espirituais.

MÉTODOS DE TRABALHO

Cada guia tem sua forma de restituir a saúde aos encarnados, normalmente se utilizam de meios dos quais já se utilizavam quando encarnados, mas de forma muito mais eficiente, pois após chegarem ao plano espiritual puderam aprimorar tais conhecimentos. Além disso esses espíritos aprenderam a desenvolver a visão espiritual, através da qual podem fazer uma melhor anamnese (diagnóstico) dos males do corpo e da alma. Aliados aos seus próprios métodos individuais eles se utilizam de tratamentos feitos pelas equipes espirituais ou ministrados pelos encarnados com auxílio do plano espiritual. Alguns deles são:   

Cirurgia Espiritual

É realizada pelo mentor de cura incorporado ao médium. E envolve a manipulação do corpo físico através das mãos do médium, podendo ou não haver a utilização de meios cirúrgicos elementares (cortes, punções, raspagens, etc...). O maior representante deste método de trabalho no Brasil é o espírito do Dr. Fritz, mas este método é utilizado em diversas culturas e religiões. 

A cirurgia espiritual realizada diretamente no perispírito do paciente, com ou sem a colaboração de um médium presente, costuma ser realizada por uma equipe espiritual designada especificamente para cada caso e ser feita em dia e horário pré determinados. 

Visita Espiritual

É realizada por uma equipe espiritual, que visita o paciente no local onde ele estiver repousando, também com um dia e hora predeterminados. Na visita, darão passes, farão orações, etc... 

Cromoterapia

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizado para males de origem emocional. 

Fluidoterapia

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no perispírito.

Reiki

É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiuns que conheçam o método de aplicação. Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizada para males de origem emocional ou psíquica e para realinhamento de chacras.

Homeopatia

Indicada e receitada pelos mentores espirituais. As fórmulas são feitas normalmente por laboratório de manipulação homeopáticos. E devem ser tomados de acordo com o determinado.

Outros

Fora estes tratamentos, também podem ser utilizados, florais de Bach, cristaloterapia, chás, aromaterapia, acupuntura, do-in, etc... Em alguns casos os guias também indicam dietas, alimentos a serem evitados ou ingeridos para melhoria da saúde geral.  

OBS: Para o momento da visita espiritual e cirurgia espiritual: O paciente deverá vestir-se e deitar-se com roupas claras (de preferência branca); ficar num ambiente calmo, com pouca luz e colocar ao lado um copo d’água para ser bebida após o tratamento. Após a visita e a cirurgia, o paciente deverá manter-se em abstenção por mais 6 horas, para que a energia doada seja melhor absorvida. 

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Caridade e Religião


A CARIDADE PRECISA DE RELIGIÃO?

Por mais óbvio que a resposta desta pergunta possa parecer, alguns religiosos acreditam que não apenas sua religião é a única que “salva” a pessoa (esta salvação espiritual é questão para outro capítulo), mas a Caridade só tem valia se estiver vinculada a algum cunho religioso. Diego Nascimento, estudioso das religiões cristãs e praticante do protestantismo, acredita que a caridade verdadeira deve ser feita apenas em nome de Jesus. Baseado neste posicionamento, analisaremos 3 casos pontuais:

Imaginemos um cristão que, de forma árdua, trabalhando muito todos os dias, se torna ao longo dos anos bilionário. Este cristão decide fazer uma doação, em vida, de algo em torno de U$40 Bilhões para a caridade e com isso mudar a vida de centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo. Quando este cristão bilionário morrer, já deixou em testamento que 90% de sua fortuna será também doada para a caridade.

Outro exemplo é de um médico cristão que decidiu estudar oncologia, prática a qual lhe rendeu muito dinheiro. Com o tempo, passou a ser renomado por suas práticas e lançou vários livros que também lhe renderam bastante recurso financeiro. Esse médico cristão iniciou, então, uma jornada de trabalho voluntário junto aos detentos do maior presídio de sua cidade, atuando de forma a conscientizar sobre o uso de drogas e doenças venéreas, além de tratar os detentos de forma gratuita.

Os exemplos acima mostram de forma clara como um cristão pratica a caridade, mesmo sendo portador de grande capacidade financeira. Ou seja, ao bom cristão não existe necessariamente a soberba por estar em determinada posição social. Nos exemplos dados, frisei bastante a palavra “cristão” justamente para dar ênfase à característica religiosa das pessoas, mas vamos fazer um exercício e reler as frases, substituindo a palavra “cristão” pela palavra “ateu”.

Sim, os dois exemplos são de ateus bastante conhecidos. Um deles é Bill Gates, fundador e presidente da Microsoft, e o outro é o médico brasileiro Dráuzio Varella. Ambos declaradamente ateus, mas portadores de grande generosidade. Esses casos pontuais mostram de forma bastante clara que a Religião é, sim, algo importante na vida das pessoas, porém a ausência de religião não denota algum tipo de maldade. Uma pessoa pode ser boa ou má independente se crê ou não em um Deus. Aliás, é de conhecimento notório muitos religiosos famosos que utilizam do conhecimento da fé para fazer justamente o contrário do que a Caridade prega.

O Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, é o pastor brasileiro mais rico, com fortuna pessoal estimada em R$2 Bilhões. As campanhas para doações dos fiéis são conhecidas nacionalmente, porém não existe uma contrapartida caridosa, ou seja, nada é voltado para a sociedade de forma efetivamente gratuita e sem esperar qualquer retorno posterior. A IURD possui atualmente cerca de 7 milhões de fiéis assíduos.
Na pergunta 886 de O livro dos Espíritos, Kardec diz que “O verdadeiro sentido da palavra Caridade, como a entende Jesus, é benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”. Para os Espíritos Superiores que Kardec conversou, não há referência alguma a qualquer prática religiosa para se praticar a Caridade.

A Igreja católica, porém, pensa de forma diferente, sendo que a Caridade faz parte das “Virtudes Teologais”, que nada mais são do que virtudes que todo cristão deve ter para entrar em comunhão com Deus. Há, sim, clara referência religiosa ao formalizar um ato dentro do Compêndio de Catecismo de uma Igreja, porém trata-se de um posicionamento milenar da Igreja Católica, então na prática já passou por revisão da sociedade, faltando apenas ser alterado na formalidade católica, o que demora séculos.
O Budismo entende a Caridade como algo próximo da Generosidade, sendo o principal “paramita” que são formas de evolução, através de generosidade material (ajudar com aquilo que a pessoa tem aos que pouco tem), generosidade de conhecimento (propagar aquilo que se conhece com todos) e a generosidade de “tirar os seres de um estado de medo” (que nada mais é do que consolar ao próximo). Novamente não encontramos qualquer referência religiosa.

O próprio significado semântico da palavra Caridade nos revela que é “um sentimento ou ação altruísta de ajuda a alguém sem buscar qualquer recompensa”. Para a Umbanda, Caridade é uma notável indicação de elevação moral, além de ser o principal alicerce da religião. O Caboclo das Sete Encruzilhadas não anunciou a Umbanda como sendo “Manifestação do Espírito para converter as pessoas a serem umbandistas e com isso praticarem a Caridade”, portanto praticar a caridade é, TAMBÉM, obrigação do Umbandista, mas pode e deve ser praticada por todos, sendo religiosos fervorosos, ou apenas médicos e empresários ateus e virtuosos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Mediunidade é Exclusivo dos Espíritas e Umbandistas?


MEDIUNIDADE NÃO É EXCLUSIVO DOS ESPÍRITAS E UMBANDISTAS

Nós já vimos que mediunidade não se trata de um dom exclusivo aos espíritas ou umbandistas. Mediunidade é uma faculdade inerente ao ser humano tanto quanto a fala, o tato, o olfato, etc. Acontece que como a maioria das pessoas pouco utilizam, então acaba atrofiando ou até mesmo estacionando em algum patamar (alguém que tem intuição deixa de ser um médium de incorporação por exemplo).

A forma de mediunidade mais comum é justamente a intuição. Por ser um sentido bastante subjetivo, o indivíduo acaba muitas vezes sequer sabendo que aquilo é parte de sua mediunidade. Quando uma pessoa tem a consciência sobre o que é mediunidade e, principalmente, quando acredita que este sentido exista, na grande maioria das vezes se trata de pessoas espiritualistas (kardecistas, umbandistas, candomblecistas, etc). A pessoa procura um local onde possa prender a desenvolver esta faculdade e, sendo de seu interesse, trabalhar para a Espiritualidade Divina.

Existem alguns casos de pessoas que, não seguindo qualquer doutrina espiritualista, conseguem não apenas desenvolver suas faculdades mediúnicas, mas aprimorá-las e utilizá-las para o bem do próximo. Um dos casos mais emblemáticos, e que mostra categoricamente que a mediunidade, e o seu EFETIVO USO, não tem distinção, é o do padre brasileiro Miguel Fernandes.

Em 1989 um padre no Distrito Federal, que estava à frente de duas paróquias (Santa Filomena e Santa Edwirges), acordou assustado ao escutar uma voz que não conhecia. Ao procurar a pessoa, percebeu que não havia ninguém. Com o tempo, entendeu que ele estava conversando com um espírito desencarnado. Espírito, este, que se apresentou como sendo Frei Fabiano de Cristo (desencarnado em 1747, no Rio de Janeiro). Fabiano de Cristo (como era popularmente conhecido) era de uma ordem de freis dedicada à prática da Caridade.

A partir daquele instante, Padre Miguel Fernandes iniciou um trabalho filantrópico enorme em todo Distrito Federal e algumas cidades do Agreste. Esse trabalho tinha como grande orientador o Frei Fabiano de Cristo, e as ações eram voltadas especialmente ás crianças, mas um dos pontos que diferenciava essas ações das demais que existiam, era que alguns dos dogmas mais antigos da Igreja Católica eram expostos e criticados de forma aberta pelo Padre em comunhão com Frei Fabiano.

Em determinado momento da vida, o Padre Miguel começou a atender incorporado em sua Igreja com o espírito do Frei Fabiano de Cristo, aplicando passes (que chamavam de bênçãos). Essa experiência fez com que o padre Miguel fosse um dos primeiros párocos a assumir que existem, sim, fortes indícios da reencarnação, o que ainda é considerado algo impensado na alta cúpula da Igreja Católica.

No meio evangélico, tudo que não pode ser explicada ou atribuída a Deus e Jesus, é demonizado. Se não está na Bíblia, então será atribuído a Satanás. Fato é que muitos evangélicos conseguem desenvolver alguma faculdade mediúnica, mas tem pouca compreensão sobre o que está acontecendo, então aquela manifestação de sua mediunidade acaba sendo ou escondida, ou mistificada através do que eles chamam de “falar na língua dos anjos”.

Rodrigo PNT é presbítero evangélico e, compreendendo que existe um canal mediúnico com o Plano Espiritual, resolveu estudar mais as manifestações de espíritos no meio evangélico. Quanto mais estudava, passou a desenvolver sua mediunidade ao ponto de conseguir ter a clarividência (visão) de espíritos, e garante que os trabalhos de retiros espirituais que os evangélicos realizam, na maioria das veze existe um suporte do Plano Espiritual, feito por seres que se apresentam com a roupa fluídica de índios. Vejamos um trecho de um artigo de Rodrigo: “Há alguns anos estive em um monte próximo da minha cidade junto com alguns irmãos no intuito de orar, nós havíamos nos perdido do grupo e perambulávamos só iluminados pela lanterna que trazíamos. De repente o céu ficou claro como noite de lua cheia, o que iluminou totalmente o carreiro onde andávamos e assim pudemos encontrar o grupo que estava a alguns passos de nós, já nervosos pela nossa demora. Outra feita, quando orávamos, vi chegarem alguns indivíduos no local onde estávamos, mais ou menos em número de vinte, e se puseram também a orar. Eles eram muito altos e pareciam que eram liderados por um mais alto que eles, o qual se pôs bem à minha frente e ficou me olhando por alguns momentos. Não tive medo dele.

Após a oração descemos o monte e eu perguntei para o pastor que tinha organizado a reunião no monte por que aqueles irmãos haviam se atrasado e ele respondeu que não havia mais ninguém lá, só nós, que éramos oito. Os outros irmãos também não tinham visto nada, aí eu deduzi que eram espíritos que ali vieram confraternizar conosco”.

Mesmo entre os espiritualistas existe uma grande diferença na manifestação mediúnica. Um médium umbandista cede seu corpo de forma passiva (por isso o termo “dar passividade”) de forma comum e recorrente nas giras, enquanto ao médium espírita (kardecista) a manifestação ocorre mais através de mensagens intuitivas e até mesmo escrita (vejamos o médium Divaldo Franco, por exemplo, com mais de 250 livros publicados com tiragem de aproximadamente 8 milhões de unidades), algo que não é comum entre os umbandistas.

Temos que ter a certeza que sob hipótese alguma a Espiritualidade Divina escolheria a dedo quais pessoas podem ou não utilizar determinada faculdade. O que diferencia é o conhecimento que a pessoa terá sobre aquilo e como resolverá fazer seu desenvolvimento mediúnico.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Estudo Sobre a Esquerda - Parte 6


SIGNIFICADO DOS PONTOS RISCADOS

Os pontos riscados nada mais são do que assinaturas que todos os guias possuem perante o Plano Astral. Quando um Guia, seja de qual linha for, risca seu ponto, ele o faz para anunciar sua presença e explicar naquele desenho quem é e para quem trabalha. Além disso, quando o ponto é riscado, existe um ponto de conexão entre o chão do Terreiro e o Plano Astral.

Um Guia Espiritual quando aceita a missão de trabalhar na Umbanda, aprende o que deve fazer e como deve fazer, parecido com uma escola. Eles aprendem a manipular energias de determinada maneira; aprendem a plasmar objetos de trabalho; aprendem a como realizar seu trabalho da melhor forma possível, e entre esse aprendizado, também conseguem entender como manipular as energias através de símbolos consagrados. Esses símbolos estão consagrados junto à Espiritualidade e cada um deles tem um significado específico e, em conjunto com outros símbolos, podem ter funções distintas. Cada um desses símbolos está presente no ponto riscado da entidade, e quando feitos de uma forma realmente firme (por isso dizemos “firmar seu ponto”), é aberto um portal mágico com os poderes de cada um daqueles símbolos consagrados.

Oportunamente falaremos do significado de todos os símbolos existentes nos pontos riscados de cada Linha de Trabalho, mas agora focaremos especificamente nos símbolos existentes nos pontos riscados de Exu e Pomba Gira:
  • Sol ou qualquer coisa que represente a Luz indica a força de Oxalá;
  • Espada ou lança indica a força de Ogum;
  • O machado indica a força de Xangô;
  • A taça e o raio indicam a força de Iansã;
  • As ondas indicam a força de Iemanjá;
  • A flecha e o arco indicam a força de Oxóssi;
  • Uma chave índia a força de Nanã;
  •  A cruz indica a força de Obaluaiê ou Omulú.


Os elementos acima indicam a irradiação do Orixá da Linha de Trabalho. Exceção feita à espada de Ogum e ao Cruzeiro de Obaluaiê, referências aos outros Orixás são bastante raras, mas se existirem são as indicadas acima. Vejamos agora os símbolos mais comuns:

  • Linha Reta significa o Plano Material (utilizado para reforçar a presença da regência de Ogum ou da proximidade do Guia com o Plano Material);
  • Duas Linhas Retas significam o princípio de tudo ou o Masculino e o Feminino (utilizado em pontos riscado de algum tipo de trabalho específico, envolvendo Exu e Pomba Gira);
  • Estrela de Seis Pontas (dois triângulos) representam todas as forças do espaço;
  • Espiral para Fora indica o chamamento de força;
  • Espiral para Dentro indica o descarrego de forças;
  • Tridente Reto indica presença de Exu;
  • Tridente Curvo indica presença de Pomba Gira (algumas linhas de Exu utilizam o símbolo do tridente curvo para indicar atuação em situações passadas);
  • Cruz Grega indica a presença de Obaluaiê ou Omulú;
  • Um Oito Deitado é o símbolo do Infinito e indica que aquela linha em específico é nova, mas já preparada para atuação na Umbanda;
  • Traço com Três Semi-Círculos na Ponta é um símbolo de descarrego;


Algumas falanges possuem, além dos símbolos consagrados, alguns símbolos específicos de sua atuação. Esses símbolos são pontuais para cada linha e determinam que ali realmente está um Exu ou uma Pomba Gira que atua na linha do Cemitério, por exemplo. Por respeito aos Guias não vou especificar quais são, mas fiquem atentos aos pontos riscados dos Guias Espirituais, e vocês entenderão.

Vamos analisar um ponto para destrinchar seu significado:



O círculo em torno do ponto é padrão, e indica que naquele espaço físico está localizado o portal que conecta o Plano Material com o Plano Astral.

Os tridentes (a sua quantidade determina a evolução do Exu e via de regra ou é único ou são múltiplos de 3 ou sete tridentes) são retos, então é uma linha de Exu (não de Pomba Gira).

As cruzes indicam que é uma linha irradiada por Obaluaiê, portanto é uma Linha do Cemitério.

A quantidade das cruzes também indica a evolução do Guia, tanto quanto a quantidade de tridentes.


Além do Ponto Riscado do Guia em si e sua falange, é bastante comum os Exus e Pomba Gira riscarem pontos completamente diferente para trabalhos específicos. Quando isso acontece, não é que o Guia mudou seu ponto riscado, mas sim que ele está fazendo um trabalho muito específico e aquele “novo” ponto possuirá símbolos consagrados para atuar dentro daquela necessidade específica.