sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Estudo Sobre a Esquerda - Parte 5


AS FALANGES DA ESQUERDA

Exu e Pomba Gira atuam na Espiritualidade de forma muito similar em sua organização que as demais linhas de trabalho, sendo divididos em falanges, que nada mais são do que grupos de trabalhos divididos em uma hierarquia determinada. Por inúmeras vezes tive a oportunidade de conversar com alguns Guias que me explicaram que o nosso conceito de hierarquia é muito limitado, e eles se dividem em grupos, sim, mas não da forma que imaginamos. Determinar uma atuação hierárquica em forma de uma pirâmide de trabalho como conhecemos, é levar para a Espiritualidade uma simplicidade intelectual muito acentuada.

Nós, porém, ainda somos muito limitados, então eu vou recorrer ao modo comum de explicar como existem as “divisões” dentro de uma falange de Exu ou Pomba Gira. Lembrando que a quantidade de novas falanges (ou “nomes”) dentro das linhas de trabalho da Umbanda é muito grande, então certamente faltarão algumas. Tentarei colocar pelo menos duas falanges por atuação de Orixá ou ponto de força.
Já que falei de ponto de força, vou especificar os mais conhecidos nas Linhas de Exu e Pomba Gira na Umbanda.

O ponto de força das Linhas de Esquerda (ou seja, de todos os Exus e Pomba Gira) é a Encruzilhada. Se uma pessoa quer agradar uma entidade e não sabe qual é seu ponto de força específico, então vá para a encruzilhada que ali reside a força das Linhas de Esquerda. Alguns guias, no entanto, atuam em outros pontos de força além da encruzilhada, conforme segue:

Encruzilhada: são Guias que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os da estrada, mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de da consulta e também participam em obrigações, trabalhos e descarregos.

Encruzilhada das Matas: são guias que irradiam junto ao Orixá Oxóssi Diferente dos Guias das encruzilhadas de terra (ou seja, a mais comum), são Guias mais brincalhões. Via de regra atuam em conjunto com Guias do Cemitério.

Estrada: São os mais “brincalhões”. Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim estas “brincadeiras” devem partir SEMPRE do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo tempo.

Cemitério: são sérios, reservados e discretos, podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza (descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se apresentando somente em obrigações, trabalhos e descarregos.




Esses 72 falangeiros foram os primeiros a se manifestarem na Umbanda, sendo que alguns continuam atuando encarnados em médiuns, enquanto outros realizam seus trabalhos ou em outras Linhas ou apenas no Plano Espiritual. Inicialmente cada falangeiro tinha a incumbência de doutrinar outros sete espíritos resgatados para trabalhar na Umbanda (inclusive incorporados), e cada um desses sete espíritos teria a incumbência, conforme fossem evoluindo seus trabalhos, também doutrinar outros 7 espíritos, que fariam a mesma coisa sem uma quantidade específica (ao contrário do que alguns dizem que isso se repetiria por até sete vezes).

Sobre essa repetição em uma hierarquia com sete degraus, ocorre que a cada trabalho realizado esses Guias chegavam perto de sua missão pessoal dentro da Umbanda, sendo que, conforme já vimos, era dada a possibilidade deles continuarem seu trabalho na Linha dos Exus ou Pomba Gira, porém desta vez sendo um falangeiro, portanto adotando um novo nome. Esse tempo em que o Exu mais antigo da falange (abaixo do falangeiro) demora para “pagar” seu carma e cumprir sua missão individual é de aproximadamente sete ciclos, por isso criou-se esta ideia pré-estabelecida de, que nada mais é do que uma visão distorcida do que realmente ocorre.

Hoje em dia, com a Umbanda mais enraizada na população e com muitos outros falangeiros atuando, não existe um número específico de entidades por falange para determinar os ciclos. A necessidade dos múltiplos de sete ocorreu justamente no início da religião, quando a Espiritualidade necessitava criar um volume interessante de guias atuando para a Umbanda.

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