AS FALANGES DA ESQUERDA
Exu e Pomba Gira atuam na Espiritualidade de forma muito
similar em sua organização que as demais linhas de trabalho, sendo divididos em
falanges, que nada mais são do que grupos de trabalhos divididos em uma
hierarquia determinada. Por inúmeras vezes tive a oportunidade de conversar com
alguns Guias que me explicaram que o nosso conceito de hierarquia é muito
limitado, e eles se dividem em grupos, sim, mas não da forma que imaginamos. Determinar
uma atuação hierárquica em forma de uma pirâmide de trabalho como conhecemos, é
levar para a Espiritualidade uma simplicidade intelectual muito acentuada.
Nós, porém, ainda somos muito limitados, então eu vou
recorrer ao modo comum de explicar como existem as “divisões” dentro de uma
falange de Exu ou Pomba Gira. Lembrando que a quantidade de novas falanges (ou “nomes”)
dentro das linhas de trabalho da Umbanda é muito grande, então certamente
faltarão algumas. Tentarei colocar pelo menos duas falanges por atuação de
Orixá ou ponto de força.
Já que falei de ponto de força, vou especificar os mais
conhecidos nas Linhas de Exu e Pomba Gira na Umbanda.
O ponto de força das Linhas de Esquerda (ou seja, de todos os
Exus e Pomba Gira) é a Encruzilhada. Se uma pessoa quer agradar uma entidade e
não sabe qual é seu ponto de força específico, então vá para a encruzilhada que
ali reside a força das Linhas de Esquerda. Alguns guias, no entanto, atuam em
outros pontos de força além da encruzilhada, conforme segue:
Encruzilhada: são
Guias que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os da estrada, mas
também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de da consulta e
também participam em obrigações, trabalhos e descarregos.
Encruzilhada
das Matas: são
guias que irradiam junto ao Orixá Oxóssi Diferente dos Guias das encruzilhadas
de terra (ou seja, a mais comum), são Guias mais brincalhões. Via de regra
atuam em conjunto com Guias do Cemitério.
Estrada: São os mais
“brincalhões”. Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas, porém é
bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito
deve ser mantido e sendo assim estas “brincadeiras” devem partir SEMPRE do guia
e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exu,
se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a
várias pessoas ao mesmo tempo.
Cemitério: são sérios,
reservados e discretos, podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza
(descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se apresentando somente
em obrigações, trabalhos e descarregos.
Esses 72 falangeiros foram os primeiros a se manifestarem na
Umbanda, sendo que alguns continuam atuando encarnados em médiuns, enquanto
outros realizam seus trabalhos ou em outras Linhas ou apenas no Plano
Espiritual. Inicialmente cada falangeiro tinha a incumbência de doutrinar
outros sete espíritos resgatados para trabalhar na Umbanda (inclusive incorporados),
e cada um desses sete espíritos teria a incumbência, conforme fossem evoluindo
seus trabalhos, também doutrinar outros 7 espíritos, que fariam a mesma coisa
sem uma quantidade específica (ao contrário do que alguns dizem que isso se
repetiria por até sete vezes).
Sobre essa repetição em uma hierarquia com sete degraus,
ocorre que a cada trabalho realizado esses Guias chegavam perto de sua missão
pessoal dentro da Umbanda, sendo que, conforme já vimos, era dada a
possibilidade deles continuarem seu trabalho na Linha dos Exus ou Pomba Gira,
porém desta vez sendo um falangeiro, portanto adotando um novo nome. Esse tempo
em que o Exu mais antigo da falange (abaixo do falangeiro) demora para “pagar”
seu carma e cumprir sua missão individual é de aproximadamente sete ciclos, por
isso criou-se esta ideia pré-estabelecida de, que nada mais é do que uma visão
distorcida do que realmente ocorre.
Hoje em dia, com a Umbanda mais enraizada na população e com
muitos outros falangeiros atuando, não existe um número específico de entidades
por falange para determinar os ciclos. A necessidade dos múltiplos de sete
ocorreu justamente no início da religião, quando a Espiritualidade necessitava criar
um volume interessante de guias atuando para a Umbanda.
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