OS NOMES DOS PRETO(A)S VELHO(A)S
Como é de conhecimento
comum, todas as linhas de trabalho na Umbanda adotam um nome que representa a
forma de atuação do falangeiro. Os nomes não necessariamente são iguais àqueles
que os Guias tinham quando encarnados, e isso é bastante comum em se tratando
de Caboclos e Exus, por exemplo (ninguém acredita que o índio chamava Cobra
Coral ou o Exu chamava Capa Preta quando encarnado). Com os Pretos Velhos, no
entanto, os nomes parecem bastante reais e possuem uma grande variedade
(diferente dos “Zés” que encontramos em várias outras linhas de trabalho. Benedito,
Jacó, Tomé, Cambinda, entre muitos outros, parecem nomes reais, mas nem todos
foram. Vejamos a estrutura de significado dos nomes dessas entidades.
Todo Preto Velho ou
Preta Velha começam com a denominação “Pai”, “Mãe”, “Vó” ou “Vô”. Quando o nome
do guia inicia com Pai ou Mãe (Pai Joaquim, por exemplo) quer dizer que aquele guia
tem como característica de sua missão o ensinamento às pessoas, e muitas vezes
contam suas histórias para ensinar algo prático. Quando o nome do guia inicia como
Vô ou Vó (Vó Benedita, por exemplo) quer dizer que aquele guia cumpre sua
missão de uma forma mais doce, conversando com os assistidos ou médiuns como se
fosse um avô ou avó mesmo, como todo carinho inerente.
É bastante comum encontrar
a palavra “Aruanda” no nome dos guias. Quando isso acontece (Pai Joaquim de
Aruanda, por exemplo) quer dizer que aquele guia atua sob a regência direta de
Oxalá, e como não poderia ser diferente, sua missão tem como base o equilíbrio
da pessoa na Fé.
Quando há, porém, o
nome de um país africano (Guiné, Angola, Congo, etc) indica qual o campo de
atuação daquele guia e, em alguns casos, o local de nascimento do falangeiro.
Vejamos o significado de cada uma:
- Angola: a linha da Angola é conhecida por ter alguns dos maiores feiticeiros na linha de Preto Velho trabalhando na Umbanda. São guias com conhecimento de práticas do Candomblé, portanto conseguem ajudar na manipulação de energia para quebra de feitiçaria negativa (como os guias do Candomblé), especialmente vindas de conhecimento iorubana.
- Guiné: como vimos anteriormente, Guiné é um dos países africanos com maior quantidade de mandingas. Desta forma, não diferente, é a atuação dos Guias que utilizam em seu nome o termo “Guiné”, pois possuem grande capacidade de manipulação de energia de cura e proteção.
- Congo: representam a força mais bruta, menos refinada. Via de regra trabalham com proteção contra kiumbas e desobsessão. Em alguns terreiros mais antigos, existe um toque feito exclusivamente para a “Linha do Congo” onde os médiuns dão passividade para espíritos que não se comunicam e dançam de forma única e muito “pesada” (passos fortes e constantes) como se fossem antigos africanos em seus rituais ancestrais. Os Guias que atuam nesta linha possuem a regência de Iansã.
- Costa: bastante parecido com os guias da linha da Guiné, porém trabalham mais no Plano Espiritual do que acompanhando médiuns. Sua presença é bastante rara hoje em dia.
- Mina: é uma linha relativamente comum de ser encontrada hoje, e representa uma mistura ente o povo da Guiné e da Angola. Muitos foram mandingas quando encarnados.
O primeiro nome do Guia
também pode ter relação direta com o significado comum daquele nome, e não
necessariamente indica como se chamava em vida o falangeiro. Exemplos:
Benedito (abençoado ou
bento), Joaquim (estabelecido por Deus ou enviado de Deus), Antônio ou Tonico
(aquele com valor inestimável, como a Fé), Jacob (aquele que sempre vence),
José (multiplicador de Deus), João (agraciado por Deus), Ana (cheia de graça),
Benedita (benta), Maria (pureza).
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