domingo, 4 de novembro de 2018

Zé Pelintra - Parte 3

ZÉ PELINTRA E A ESQUERDA NA UMBANDA


Quem já foi em uma gira de Esquerda na Umbanda sabe que a forma de se apresentar no terreiro de um Exu é completamente diferente de um Caboclo ou um Preto Velho, não apenas na forma de trabalho em si (cada um com sua missão), mas no jeito que se comunica e que lida com a assistência. De repente nas seções mediúnicas se mostrou presenta uma tipo de entidade que, apesar de falar de Fé e Caridade na mesma intensidade de um Preto Velho e conhecia a manipulação das ervas tão bem quanto um Caboclo, o fazia com sorriso fácil e gargalhadas cada vez mais comum. Suas danças eram diferentes das que outras entidades faziam, pois era algo muito parecido com um samba de gafieira, denotando algo mais próximo da nossa realidade urbana e mundana do que as danças dos caboclos, por exemplo. Exatamente por esses motivos em seu início essas entidades eram entendidas como uma nova manifestação de Exu, uma nova falange da Esquerda.

Como essas entidades aprenderam na Espiritualidade com Zeu Zé Pelintra a manipular as forças da direita e da esquerda com a mesma intensidade e sabedoria, conseguiam desempenhar um belo papel nas giras de Esquerda. Foram desde o início grandes companheiros dos Exus e das Pombagiras, não havendo a necessidade de distinção entre as linhas. O que ocorria, no entanto, era que esses Guias acabavam se manifestando nas giras da Direita também, pela aproximação já dita com o Nordeste, eles vinham nos trabalhos dos Baianos, e poucas vezes conseguiram trabalhar, pelo fato dos dirigentes dos terreiros acharem que havia ali um "cruzamento" entre a Direita (Baiano) com a Esquerda (Exu), então eles podiam se manifestar mas ficavam tomando conta da Porteira ou apenas dando sustentação para os atendimentos. Isso fez com que a linha de Zé Pelintra em seu início ficasse manca, pendendo à Esquerda, quando na verdade poderiam e deveriam atuar em todos os trabalhos.


Com o passar dos anos, os dirigentes foram conversando mais com esses guias e eles passaram a trabalhar de forma igual nas giras de Direita, com os Baianos, e nas giras de Esquerda. Por ser uma linha com uma força tremenda e carisma sem igual, conseguiu a possibilidade de criar não apenas falanges próprias, mas uma linha com os novos trabalhadores, os Malandros. Com a chegada dos Malandros, que encarnavam a estirpe do malandro carioca, foi definido que a linha de Zé Pelintra vida do Catimbó atuaria nas giras específicas de sua Linha de trabalho, enquanto aos Malandros foi dada a incumbência de, apenas em casos pontuais de necessidade, trabalhar junto aos Exus e Pombagiras. Quando tem uma Gira de Zé Pelintra ou de Malandro, todos trabalham em conjunto.


Em estudos anteriores disse que não existe entidade mais evoluída que a outra, mas sim entidades com missões distintas entre si, e para cumprir essas missões a Espiritualidade oferece ferramentas de trabalho. Essas ferramentas via de regra são conhecimentos específicos sobre algo e, principalmente, autorizações pontuais. Entre as ferramentas de trabalho de Zé Pelintra e dos Malandros, está a autorização de entrar e sair de qualquer trabalho espiritual que estiver sendo realizado, seja no Plano Material, seja no Plano Astral. Isso quer dizer que se um determinado trabalho começa a ser feito por um Caboclo, ele pode ser concluído por Zé Pelintra; em uma gira de Preto Velho pode se manifestar um Malandro da mesma forma, sem qualquer constrangimento ou limitação de trabalho.


Zé Pelintra não é de Esquerda e nem de Direita. Zé Pelintra é trabalhador de Deus pela regência de Oxalá e Ogum. A ele tudo é permitido, desde que visando a Caridade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário